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Concentração de espermatozoides no sêmen tem queda de 50%

5 de Dezembro de 2022

Médico urologista alerta para a questão da infertilidade masculina

Um estudo realizado em Oxford, na Inglaterra, revelou que nos últimos 50 anos a concentração de espermatozoides no sêmen humano caiu, em média, 50% em todo o mundo. Tal notícia gerou um debate entre médicos e especialistas em fertilidade humana, revelando algumas teorias para esse resultado. Muitos pesquisadores atribuem esse declínio à exposição a determinados elementos químicos existentes nos produtos industrializados.

"Neste período houve uma crescente urbanização da população e surgimento de novos produtos artificiais que não faziam parte do rol de produtos consumidos no passado, que tendiam a ser mais “naturais”. Neste mesmo processo, o aumento da obesidade e do sedentarismo podem ter influenciado negativamente", explica o médico urologista Heleno Diegues Paes.

Por outro lado, há também uma crítica a este estudo devido às mudanças na metodologia da contagem dos espermatozoides ao longo do tempo, que pode, de alguma forma, ter interferido no resultado. "Mas são os dados que dispomos, não há como interpretar de outra forma", analisa o urologista.

As causas masculinas mais comuns da infertilidade entre os homens estão relacionadas à produção inadequada de gametas, que pode ser originada de alterações inerentes a doenças nos testículos, problemas genéticos ou hormonais. Mas existem outras situações que podem levar à infertilidade, como problemas na anatomia do pênis e da uretra, agenesia de alguma estrutura do aparelho reprodutor, a ejaculação retrógrada que ocorre no tratamento da hiperplasia prostática e uso de alguns medicamentos que interferem na espermatogênese.

“Um ponto que gostaria de ressaltar é que um espermograma alterado não é determinante de infertilidade. A infertilidade é algo multifatorial e que compromete o casal. Existem muitos fatores envolvidos na infertilidade e creditar a culpa somente em uma contagem de espermatozoides limítrofe é um erro”, enfatiza Dr. Heleno.

Até porque, a qualidade dos gametas vai se deteriorando com o envelhecimento natural do homem, assim como o funcionamento das estruturas do aparelho reprodutor. A espermatogênese sofre alterações cumulativas com a exposição a poluentes, tabaco, estresse oxidativo, doenças crônicas, mudanças hormonais. Mas, diferente da mulher, que tem um dia para se tornar infértil, conhecido como menopausa, o homem pode manter sua capacidade reprodutiva ao longo de toda a vida.

Porém, na infertilidade adquirida, ou seja, naqueles homens que já tiveram filhos, e que têm seu aparelho reprodutor íntegro, ela pode estar relacionada a doenças crônicas como diabetes, insuficiência renal e problemas cardíacos. “Também pode estar relacionado à exposição crônica à poluição, tabaco e cannabis. A lógica é que estas situações levam a um maior estresse oxidativo celular e a espermatogênese é muito sensível a esta situação. Nesse sentido, uma alimentação saudável, rica em vitaminas, tem um efeito benéfico em relação à fertilidade”, explica o doutor.

O urologista alerta ainda para diversos medicamentos que podem levar a uma diminuição do número ou mesmo a ausência de espermatozoides no esperma. Os principais são os medicamentos à base de testosterona, que inibem a liberação do Hormônio Folículo Estimulante (FSH) na hipófise, que é o principal estímulo à espermatogênese. Dessa forma, esses homens ficam azoospérmicos, ou seja, sem espermatozoides no seu sêmen.

E como melhorar a fertilidade masculina? O Dr. Heleno é bem claro: “Ter hábitos de vida saudáveis, praticar atividade física regularmente, manter o peso ideal, alimentação rica em vitaminas e substâncias antioxidantes, tratar adequadamente doenças crônicas, evitar exposição a poluição, tabaco e cannabis, evitar deixar os testículos muito tempo comprimidos com roupas ou acessórios apertados de forma crônica, evitar postergar muito a paternidade, reproduzir de preferência antes dos 30 anos, não usar anabolizantes ou medicamentos derivados da testosterona”.

Sobre Heleno Paes

Santista de nascimento e criação, começou a se interessar pela medicina no final do ensino médio, quando precisou socorrer um amigo com cólica renal. Posteriormente esteve em uma excursão promovida pela escola para ajudar os estudantes a escolher a profissão, e conheceu a faculdade de medicina da USP. Ficou maravilhado com o estudo do corpo humano, com as peças do laboratório de patologia, e decidiu que era isso que queria fazer. Assim, ingressou na Faculdade de Medicina do Centro Universitário Lusíada, em Santos, em 1997.

Após seis anos, concluiu a graduação e se alistou no Exército. Foi para a Amazônia à serviço do Exército e realizou diversos trabalhos junto à população carente local. Após um ano, regressou e foi morar em São Paulo, onde se especializou em cirurgia geral no Hospital Municipal do Tatuapé, depois em Urologia no Hospital Santa Marcelina e, por fim, em Transplante Renal na mesma instituição.

Nesse período, fez cursos em microcirurgia, videolaparoscopia e outros relevantes para sua formação. Atualmente, atua como médico assistente das subespecialidades Uro-oncologia e Transplante Renal do Hospital Santa Marcelina, o maior hospital da Zona Leste de São Paulo. É também preceptor do internato médico e da residência médica e dá aulas na Faculdade de Medicina Santa Marcelina. Em Santos, pratica a medicina em seu consultório, onde dedica todos os esforços e conhecimento para cuidar de seus pacientes.

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