Business - Agronegócio

O “plantio” de energia solar em São Paulo paga mais que culturas tradicionais

21 de Novembro de 2022

Apolo Renováveis quer identificar, nos próximos 60 dias, terrenos entre 10 e 20 hectares no estado para arrendá-los; o valor dos contratos podem variar entre R$ 5 mil a R$ 22 mil mensais; proprietário não arca com qualquer investimento envolvido no projeto

O agricultor de São Paulo tem, agora, mais uma atividade “agropecuária” que não está sujeita aos riscos das lavouras tradicionais ou da pecuária: o “plantio” de energia solar. A nova modalidade de exploração da terra remunera muito melhor do que culturas tradicionais. Melhor ainda: não exige qualquer trabalho do proprietário na terra ou investimento no projeto.

A título de comparação, segundo dados da produção agrícola do IBGE de 2021, no ano passado dez hectares de cana em São Paulo, em média, renderam o equivalente a pouco mais de R$ 6 mensais; da mesma forma, a soja, R$ 7 mil mensais; o milho, pouco menos de R$ 4 mil mensais. Entre as culturas de maior retorno, estiveram o amendoim (perto de R$ 11 mil mensais) e o feijão (R$ 10 mil mensais). Em todos esses casos é importante notar que esses são os valores brutos, sem a subtração do investimento em sementes, insumos, irrigação, mão de obra e afins. Já, terrenos arrendados para usinas solares fotovoltaicas de geração distribuída a partir de dez hectares de extensão podem resultar em valores entre R$ 5 mil e R$ 22 mil mensais, a depender da sua localização, características e dimensões. E com a vantagem de que o proprietário não se dedica mais ao cultivo da terra e deixa de estar exposto aos riscos comuns da lavoura ou da pecuária, como secas, pragas, incêndios, enchentes, epidemia nos rebanhos e similares. É um dinheiro na conta, todos os meses, sem qualquer trabalho, faça chuva ou sol, por 25 anos, prorrogáveis em caso de interesse das partes.

Em busca de áreas agrícolas

Quem está atrás de centenas de bons terrenos para a implantação de usinas de energia solar de geração distribuída é Apolo Renováveis, empresa do Grupo Apolo, que quer, nos próximos 60 dias, arrendar centenas de terrenos, entre 10 e 20 hectares, no estado de São Paulo (nas áreas da CPFL Paulista e CPFL Piratininga). “Nosso objetivo é construir nos próximos dois anos, no mínimo, 80 usinas em 4 estados do Brasil que totalizarão 350 MWp”, diz Felipe Falcão, responsável pela área de Desenvolvimento de Geração Distribuída da Apolo Renováveis.

Estamos falando de um projeto em que o proprietário não arca com qualquer investimento inicial e, ainda assim, recebe uma renda mensal fixa de longo prazo garantida por 25 anos, prorrogáveis”, detalha Falcão. Os valores são reajustados anualmente de acordo com a inflação, pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Entre as vantagens do “plantio” de energia solar, o executivo ressalta que o arrendamento do terreno valoriza a propriedade entre 10% e 30%, conforme a região, e a atividade é de baixo impacto ao solo, não resultando na sua degradação ao longo do tempo.

Terrenos planos, livre de disputas e ensolarados

O executivo explica que os terrenos a serem arrendados pela Apolo Renováveis devem ser planos e estarem, preferencialmente, a 5 quilômetros de uma subestação de energia, para viabilizar o escoamento da energia produzida e disporem de estradas rurais para facilitar o seu acesso. Não podem ser cortados por riachos, lagos, brejos ou nascentes. Tampouco podem estar em áreas de preservação ambiental, ou que sejam alvo de disputas na Justiça. “Em resumo, buscamos terras que, preferencialmente, já tenham sido cultivadas ou tenham sido utilizadas para pastos”, conta. A boa notícia é que, por serem destinadas à geração de energia fotovoltaica, podem ser terras que não são atraentes para a atividade agrícola, a exemplo das que sofreram queimadas.

Cálculo da remuneração

Falcão explica que o valor a ser pago pelo uso dos terrenos é calculado, além das variáveis já citadas, também em função do índice de irradiação solar na região entre outros fatores. “Os interessados devem encaminhar suas propostas até o final de dezembro pelo site da empresa, onde há orientações detalhadas. A partir do envio da documentação básica será realizada uma primeira avaliação da área. Nessa etapa, retornamos aos proprietários em 72 horas e informamos se temos ou não interesse na locação da área oferecida”, afirma.

Há outras etapas previstas antes que o contrato entre as partes possa ser fechado. Elas abrangem desde estudos de viabilidade do projeto, consultas à distribuidora local, pareceres técnicos, à emissão de licenças ambientais, municipais e estaduais. Durante o período inicial de estudos, o proprietário pode manter o uso da terra para suas culturas tradicionais. Ou seja, pode manter a terra produzindo normalmente. E, se finalmente, a empresa avaliar que o terreno é apto à construção da usina, obra que pode durar até um ano, o arrendamento é acordado. Ao término da obra, o valor do contrato passa a ser pago integralmente. “Todo esse processo pode levar até 22 meses”, calcula ele.

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