Texto: André Garcia // Fotos: Gustavo Epifânio |
Xeque-mate na concorrência?
Começo o texto dando uma satisfação para o ou a amigo(a) leitor(a): não se trata de primeiras impressões, mas avaliação mesmo, já que de forma inteligente a Triumph montou um roteiro, onde os jornalistas puderam pilotar o novo produto no trânsito intenso, rodovia com retas, curvas de baixa, média e alta velocidade, trechos de serras em subidas e descidas, com asfalto excelente e ruim.
Talvez, se a Triumph liberar, uma avaliação em pista para track day, todavia, sinceramente, seria mais para meu divertimento do que para acrescentar algo a mais do que vou descrever e opinar.
A Triumph apresentou nos dias 12 e 13 de setembro para a imprensa especializada a nova Street Triple 765 nas versões RS (topo de linha) e S (básica ou de entrada). A versão R por enquanto não vem, dado a complexidade de operação no Brasil.
Foi disponibilizado para teste drive só o modelo RS e a S, sim, vamos aguardar a disponibilidade para futura avaliação.
Pilotando
Antes de montar aprecie a moto e note o cuidado com acabamento, o cinza fosco é, simplesmente, linda e só tinha uma unidade na preta brilhante.
Ao montar, para quem tem 1,65 de altura, como este que vos escreve, a moto te veste como uma pijama, o banco a 825mm não é empecilho para colocar parcialmente os dois pés no chão ou depois o pé esquerdo totalmente no chão, os braços ficam relaxados, as pernas encaixadas no tanque, pés recuados como em uma esportiva, punhos de excelente acabamento e que proporciona uma pilotagem intuitiva, com exceção ao botão de pisca alerta que fica no punho direito, mas o essencial está nos devidos lugares e mexer na configuração pelo botão que faz a vez de um mini-joystick no punho esquerdo é fácil para alterar a configuração de pilotagem ou desenho do painel. Nota: adorei os retrovisores nas pontas do guidão.
Coloquei no modo ROAD e saímos (grupo de jornalistas) da sede da Triumph acompanhados pela equipe do TRX (click para conhecer) e rumamos para Guararema para almoço e troca de motos.
Polivalente, habitat em rodovia, trecho urbano ou em pista. Na mão do piloto em retas ou curvas |
Nesse primeiro trecho com exatos 103 km, segundo minha “Linha do Tempo” do Google Maps, já pude notar as qualidades superlativas da Street Triple RS, mesmo porque primeiro tivemos que passar pelo purgatório Marginal Tietê, cuja imbecilidade da administração pública proíbe moto de trafegar na via expressa, sendo necessário utilizar pista central e local, exatamente onde fica todo congestionamento com enormes caminhões e ônibus querendo sair da via. Coisa de gênio!!! Mas, valeu para notar que o piloto da Street Triple não sofre com o calor do motor no trânsito, passa fácil nos corredores, oferece excelente manobrabilidade dado seu baixo peso (o menor da categoria) e bom esterçamento do guidão propiciando zigzaguear entres os veículos, tocada fácil devido ao acelerador “ride by wire” e embreagem macia e leve com câmbio preciso que ainda conta com “quickshifter” só para subir marchas, motor muito linear, abundância de torque desde os 1500 RPM, lembrando que o pico de 7,85 Kgfm ocorre a 10.800 RPM e potência de 123 cv a 11.700 RPM. Nota: o motor é tão linear que é possível trafegar a 30/35 km/h em 5ª marcha, sem que a Street Triple reclame por aceleração ou redução de marcha. Se tiver sem pressa, basta girar o acelerador e sair rápido, se estiver com pressa, reduza para 3ª ou 2ª marcha e suma feito um tiro. Detalhe: falar em vibração é heresia.
Quando finalmente iniciou a Ayrton Senna, aceleração e subida de marcha sem embreagem que mais parece um videogame, simplesmente sensacional.
Não dá para afirmar que o banco é confortável, óbvio, é esportivo, mas não senti incomodo algum, na minha opinião tem boa densidade de espuma e ao menos minha poupança não ficou quadrada...ahhhh!!! mais foram só 103 km, sim mas em exatos 1:32 horas, devido ao caótico trânsito do purgatório.
Na rodovia, pude perceber a saúde do tricilíndrico de 765 cc e digno de nota: o quanto a Street Triple RS é estável, mesmo rápido, não será necessário, por exemplo, amortecedor de direção e aí, você nota o belo trabalho de engenharia dos ingleses, já que o entreeixos da criança é de 1,41 metros, mas fica colada no chão, devido a balança traseira ser longa, mesmo em frenagens bruscas.
Cada saída de pedágio é...não tem adjetivo!
Em algum momento mudei o mapa para “SPORT” ahhhhh!!! meu amigo o que estava fantástico, ficou sobrenatural, não existe delay no acelerador, fica instantâneo.
Conjunto esbanja confiança pela neutralidade, onde o piloto aponta, ela obedece como em trilhos |
Dos cinco modos de pilotagem, utilizei três: ROAD, SPORT e RAIN. Não utilizei PISTA e DESLIGADA. PISTA porque demandaria estar no habitat determinado, e DESLIGADO porque não senti necessidade, já que todo o sistema é perfeito na intrusividade. Óbvio que no modo RAIN o delay no acelerador e sensivelmente maior do que no ROAD, que por sua vez, é um piscar de olhos em relação ao SPORT.
O som enfurecido a partir dos 6000 RPM é pura sinfonia e instiga, especialmente, quando você nota no belo painel TFT a informação das rotações ficando em laranja e depois em vermelho.
Como disse, em Guararema houve troca de motos e peguei a Street Scrambler, rodando exatos 69,3 km até nova parada para abastecimento e que falo em matéria só dela.
Em Monteiro Lobato, assumo o guidão, novamente, da estrela do evento e veio o melhor trajeto do dia: 46 km de curvas, muitas curvas até Campos do Jordão.
A moto ser estável em retas é obrigação de qualquer engenharia, mas em curvas de baixa, média e alta velocidade, mudança rápida de direção, como em trilhos, sem a necessidade de qualquer esforço físico, sem a necessidade de pendular!!! Ahhh!!!! parceiro (a) esses ingleses não estão tomando chá!!!! Sabe aquele lance de olhar e a moto vai...é isso! Grudada no chão o tempo todo. Isso se deve a um conjunto de fatores: além do que já disse(braço traseiro longo),, rake de 23,8º, trail de 99,9mm, suspensão dianteira invertida Showa de 41 mm e curso de 115 mm com ajuste de pré-carga, retorno e compressão, na traseira, amortecedor monochoque com reservatório expansor STX40 Öhlins com curso de 131 mm com ajuste de compressão e retorno, mais um chassi dianteiro em viga dupla de alumínio e traseiro em duas peças fundidas, rodas de de 17 polegadas na medidas 120/70 na dianteira e 180/55 na traseira, calçando Pirelli Diablo Supercorsa SP.
Piloto veste a moto e a moto veste o piloto. Se completam em uma única peça |
E para frear, a Street Triple RS vem de série com pinças radiais monobloco Brembo M50 de quatro pistões na dianteira, ajustável. Explico: se você achar que falta pegada ou a pegada está muito bruta, basta regular no manete, além da regulagem comum para alcance dos dedos. Na traseira: uma pinça deslizante de pistão individual também da Brembo.
No trecho de serra, você dá importância aos freios, a ciclística e aos pneus: freios perfeitos na modularidade e potência, ciclística perfeita - chassi e suspensões trabalhando como um relógio suíço, pneus quem já usou sabe o quanto é notável o Supercorsa que casou perfeitamente com a Street Triple RS.
Note o DRL. Maior visibilidade, aumenta segurança |
Tanque de combustível comporta 17,4 litros, não fiz média de consumo e confesso que pilotar a Street Triple RS se torna irrelevante, basta olhar no painel e verificar que há combustível para não sofrer pane seca, mas, mesmo em uma tocada nervosa, passa fácil dos 230 km de autonomia.
Ágil, potente, educada ou ignorante de acordo com a necessidade do piloto, linear, sem buracos em qualquer regime de rotação e marcha engatada, sem vibração incomoda, sinfonia do motor de série, suspensão com ajuste de fábrica perfeito para o uso urbano e em rodovia, eletrônica embarcada como controle de tração modular e mutável, sistema ABS modular e mutável, farol DRL, quickshifter, painel em TFT de 5 polegadas com 14 tipos (veja fotos no link abaixo) diferentes de configurações oferecendo excelente leitura de todas as informações de forma intuitiva e precisa de noite ou de dia mesmo que com o sol a pico por R$ 48.990,00, muito próximo dos 12.500 Euros praticado na Europa.
Chegando em Campos do Jordão ao anoitecer, faróis oferecem excelente iluminação |
Caro?? Com tudo que a Street Triple RS oferece em termos de performance, suspensão e freios da melhor grife, motor que vai equipar a Moto2 do Motogp… se eu procurasse uma naked com pegada esportiva, sem sombra de dúvida ia nela. Respondendo as perguntas se é melhor que uma 1000cc: a questão não é se é ou não melhor. A questão é: que moto oferece tudo isso, nesse preço? Quanto você consegue extrair de uma 1000cc??? A 1000cc vem com todo esse conjunto (painel TFT, freios Brembo, suspensão Showa e Öhilins, chassi de alumínio)? Cabe a você avaliar. Essa moto é daquelas motos que você pode utilizar no dia a dia, viajar sozinho ou acompanhado (se a namorada ou namorado lhe amar muito) e com certeza se divertir em track day´s, sem a necessidade de qualquer modificação, só ajustar suspensão.
É assim que ficamos quando pilotamos uma moto que dá prazer |
Por fim, justificando o título “Puro Êxtase”: sentimento intenso de alegria e prazer. Sinceramente, foi exatamente assim que me senti quando cheguei no hotel em Campos do Jordão e imediatamente pedi para bater uma foto do meu estresse do dia, publicado no Instagram e Facebook.
A concorrência que se mexa, porque na minha modesta opinião a Triumph Street Triple RS veio para ser líder de mercado.
Fotos do evento, da pilotagem do painel: click aqui.
Mais informações sobre o modelo S e RS leia o press release com o vídeo do Pablo Berardi - instrutor chefe da TRX, clicando aqui.
Ficha tecnica: click aqui