Saibam mais com as dicas da cardiologista pediátrica Renata Mattos:
Toda síndrome tem um conjunto de malformações típicas que a caracterizam. No caso da Síndrome de Down, além das características externas (face, cabelos, etc.), são muito comuns alterações esqueléticas, endócrinas, imunológicas, gastrointestinais e cardíacas.
A frequência de cardiopatias congênitas é de cerca de 40% em crianças com Síndrome de Down. Em crianças que não têm a síndrome, é de apenas 1%. Além disso, as cardiopatias constituem a principal causa de cirurgia nessas crianças.
Por isso a importância do diagnóstico precoce. Ainda no pré-natal é possível saber se a criança tem a síndrome. É então indicado o ecocardiograma fetal, que vai mostrar todo o coraçãozinho do feto e já direcionar para uma possível necessidade de tratamento.
Para entendermos melhor as cardiopatias que acometem esses bebês, é importante termos em mente, de forma bem simplificada, como é o coração normal: temos dois átrios e dois ventrículos; estas quatro cavidades devem estar separadas entre si. Qualquer defeito nessas separações, que deixe aberta uma comunicação que não deveria existir, causa problemas para o funcionamento perfeito do coração.
No caso da síndrome de Down, a cardiopatia mais comum é chamada Defeito do Septo Atrioventricular (DSAV). O que ocorre é que todas as quatro cavidades se comunicam, por um “buraco” bem no meio do coração. Esta malformação precisa ser corrigida por cirurgia, de preferência até o 6º mês de vida.
Outras cardiopatias frequentes são a Comunicação Interatrial (CIA) e a Persistência do Canal Arterial (PCA), que podem ser corrigidos por cateterismo.
Seja qual for a cardiopatia, é importante que o cardiopediatra acompanhe a criança periodicamente, para decidir o melhor momento para a cirurgia ou o cateterismo. Se necessário, ele também vai administrar medicamentos para ajudar o bebê a chegar bem à cirurgia.