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De falhas em bancos a marca-passos: conheça o hacker do bem de Ribeirão Preto que protege sua vida

9 de Dezembro de 2025
Raul Pazemécxas de Andrade
Foto: Divulgação

Quando ouvimos a palavra "hacker", a imagem que vem à cabeça quase sempre é a de um criminoso encapuzado em um quarto escuro, digitando códigos para roubar senhas ou desviar dinheiro. Mas, para o analista em segurança da informação Raul Pazemécxas de Andrade, de 25 anos, a realidade é oposta. Ele faz parte de um grupo essencial no mundo digital moderno: os Hackers Éticos. Imagine um chaveiro contratado pelo dono da casa para tentar arrombar a própria porta; o objetivo não é roubar, mas sim descobrir se a fechadura é fraca e trocá-la antes que um ladrão verdadeiro apareça. É exatamente isso que Raul faz, mas no ambiente digital de grandes empresas.

Natural de Ribeirão Preto e atuando como Analista de Segurança Sênior e membro de "Red Team" (uma equipe que simula ataques reais), Raul acumula uma experiência vasta que vai muito além do escritório. Em sua trajetória, ele já atuou protegendo infraestruturas críticas, como usinas sucroalcooleiras, empresas de telecomunicações e grandes instituições financeiras, como o Banco Votorantim. A ironia da profissão, segundo ele, é que suas pesquisas já encontraram portas abertas até mesmo em empresas que vendem segurança, além de clubes de futebol e indústrias.

Um dos grandes diferenciais do trabalho de Raul é a caça a vulnerabilidades em softwares livres — programas cujo código é aberto para o público. Nesse cenário, ele atua como um "auditor global". Quando Raul encontra uma falha grave que ninguém viu, ele recebe o crédito através de uma CVE (Common Vulnerabilities and Exposures). Para explicar de forma simples, uma CVE é como se fosse um "recall" de um carro. Quando uma montadora descobre um defeito no freio, ela emite um aviso oficial com um código para que todas as oficinas do mundo saibam consertar aquele modelo. Raul já possui diversas dessas "certidões de descobrimento" registradas em seu nome, provando que ele identificou brechas que poderiam ser usadas por criminosos antes que o pior acontecesse.

No entanto, a ambição do especialista vai além de proteger contas bancárias ou servidores de computador. Atualmente, Raul está cursando Sistemas Biomédicos na FATEC de Ribeirão Preto, uma faculdade pública de tecnologia. O objetivo dessa união inusitada entre medicina e hacking é audaciosa: ele pretende ser um dos pioneiros no Brasil em testes de invasão em dispositivos médicos e de suporte à vida.

A preocupação é legítima. À medida que a medicina avança, mais equipamentos — como marca-passos, bombas de insulina e monitores hospitalares — são conectados à internet ou redes sem fio. Se um computador pode ser invadido, um dispositivo médico também pode. Raul quer aplicar seu conhecimento em segurança ofensiva para garantir que esses aparelhos sejam blindados contra ataques. Em suas próprias palavras, a missão deixa de ser apenas sobre proteger dados e passa a ser sobre "salvar vidas de forma literal", impedindo que cibercriminosos possam, no futuro, comprometer a saúde física de um paciente através da tecnologia.

Com uma carreira que mistura a curiosidade técnica de quem desmonta coisas para ver como funcionam e a responsabilidade de quem as conserta, Raul Pazemécxas representa a nova face da segurança digital: profissionais altamente capacitados que usam as ferramentas de ataque para construir uma defesa impenetrável, seja no saldo da sua conta ou na batida do seu coração.

Saiba mais sobre o "Hacker do Bem": Raul Pazemécxas de Andrade no link: https://www.linkedin.com/in/raul-pazem%C3%A9cxas-04882b21a/

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