Após 16 anos no bairro da Vila Olímpia, o Casinha Mineira, idealizado pela chef Maria Inês, se prepara para reabrir em um dos bairros mais tradicionais de São Paulo: Bela Vista. Mantendo no cardápio os pratos clássicos, ingredientes e segredos da culinária mineira, mas com algumas novidades da cozinha moderna, o Casinha Mineira renasce sob o comando de Maria Inês, ao lado dos sócios Pablo Horta, Fernando Cachaldora e Tatiane Fornicola.
Nascida na cidade de Passos, Minas Gerais, a chef Maria Inês criou o Casinha Mineira de forma despretensiosa. Apegada ao prazer de cozinhar desde a infância, Maria Inês vislumbrou a oportunidade de unir esse hobby com o trabalho ao encontrar um imóvel para alugar próximo à sua casa, na Vila Olímpia. Assim, surgiu o Casinha Mineira, com o cardápio e pratos pensados e preparados por ela, oferecendo saborosas refeições da cozinha mineira de segunda à sábado, apenas no horário do almoço.
Agora, em nova fase, ela segue à frente da cozinha dividindo espaço com seu filho, o também chef Pablo Horta. Formado em gastronomia e marketing pela Universidade Anhembi Morumbi, Pablo cresceu acompanhando os passos e dedicação de sua mãe, desde o tempero até o método de cocção. O restaurante segue à risca os princípios de aproveitar ao máximo o sabor dos alimentos sem fazer uso excessivo de temperos, tendo como base para os pratos ingredientes, como alho, cebola e pimenta. “O segredo do nosso restaurante é preparar grande parte dos alimentos de forma artesanal. Na vaca atolada, por exemplo, que é um prato típico da comida mineira, nós fazemos questão de retirar toda a gordura e cozinhar a mandioca com o caldo que sobrou. É mais demorado, requer tempo e paciência, mas é uma forma de valorizar o autêntico sabor da comida”, revela Maria Inês.
O cardápio
Dentre as opções de petiscos, há pasteis de carne seca e carne moída (com oito unidades cada), além da novidade, que é o pastel de angu com queijo (seis unidades). Torresmo, linguiça acebolada, mandioca frita e batata frita também fazem parte do cardápio. O tradicional pão de queijo também não fica de fora, mas é servido somente aos sábados. Tem a porção simples, com nove unidades, por R$ 12,00, ou a porção servida com pernil e manteiga temperada, por R$ 27,00 (também com nove unidades).
Uma das novidades no cardápio é a inclusão de saladas, prato atípico no antigo Casinha Mineira. Com cinco opções que variam de R$ 13,00 a R$ 22,00, ganham destaque a Salada do Imigrante, inspirada na típica salada italiana (composta por folhas verdes secas, erva doce, palmito e tomate caqui, temperada com molho de azeite, alho, mostarda e orégano) e a irreverenteSeu Cesar, que faz referência à tradicional Ceasar (alface americana, crouton rústico, preparado no alho e na manteiga, tiras de filé de frango, queijo parmesão com molho de azeite, limão, mostarda e lascas de parmesão).
De forma descontraída, os pratos principais ganham nomes, como Mexe-Mexe Mineiro, Trem Bão, Mineiro Metido a Besta, Boi Ralado e Picadão. O Bife da Nhá - homenagem a uma tia da família Horta, que fazia um bife delicioso - é representado pelo filé-mignon acebolado, acompanhado por arroz, feijão, farofa e banana à milanesa (R$ 32,80). Entre os destaques do cardápio estão os clássicos Pernil Tropeiro (pernil assado na panela, arroz, feijão-tropeiro e couve – R$ 30,00), Costelinha Mineira(costelinha de porco assada na panela, arroz, tutu, linguiça e couve – R$ 28,00) e a Vaca Atolada (costela de boi assada na panela, mandioca cozida, arroz, tutu e couve – R$ 28,00), além das quatro variações do Esquadrão da Obra. A base do prato é o bife, que pod e ser filé mignon ou frango, com arroz e feijão. Os acompanhamentos variam entre ovo frito, salada, batata frita e banana à milanesa.
Às quartas-feiras e sábados, o dia é de feijoada. Preparada com as carnes mais nobres e com pouca gordura, a feijoada é um dos pratos que o chefe Pablo Horta mais gosta de preparar. “É trabalhoso e demorado, mas adoro participar ativamente da compra dos ingredientes, observar a quantidade de gordura de cada carne, acompanhar cada fase até a finalização, que dá um resultado extremamente saboroso”, afirma.
As sobremesas mantêm as tradições da culinária mineira, a maioria de preparo caseiro, como o pudim de leite, em que a chef Maria Inês prepara uma espécie de doce de leite um dia antes de ser servido. Arroz-doce, abóbora com coco, creme de papaia ou manga com licor de jabuticaba também fazem parte do cardápio. As sobremesas variam de R$ 4,20 a R$ 8,50.
Molhos de pimenta
Para aqueles que não dispensam uma pimenta nas refeições, o Casinha Mineira traz cinco variações de pimentas exclusivas, algumas delas em conserva e todas elaboradas pelo chef Pablo Horta. A pimenta é um dos ingredientes indispensáveis na culinária mineira e essas variações foram desenvolvidas especialmente para o novo cardápio do restaurante a partir de cinco tipos de pimenta: cumari, bode, dedo de moça, malagueta e biquinho feitas em conserva de alambique trazidas diretamente da cidade de Passos, Minas Gerais. São misturadas com azeite extra virgem e algumas condimentadas com alho.
O que realmente dá o gosto e o sabor é o tempo de preparo que, após a mistura dos ingredientes, é importante atingir uma semana na conserva. O único preparo específico é para o molho de pimenta, que leva tomate, cebola e vinagre de vinho. “Tem gente que não come pimenta por achar que todas são fortes e ardidas, por isso desenvolvemos essas conservas para que as pessoas possam quebrar o medo e entender que algumas podem ser extremamente saborosas, sem ser excessivamente picantes”, detalha o chef Pablo Horta.
Carta de bebidas
Destilados, caipirinhas, caipiroskas e sete rótulos de cerveja (Brahma, Original, Serramalte, Skol, Heineken, Stella Artois e Budweiser) compõem a carta de bebidas do Casinha Mineira, mas a grande sensação é a carta de cachaças. O restaurante possui cerca de 100 rótulos, entre eles, entre eles, Anísio Santiago (que possui aroma marcante e sabor inconfundível), Havana (que voltou a ser comercializada com esse nome desde 2011, sendo considerada uma das melhores cachaças do mundo) e Canarinha (produzida há mais de 20 anos, tem aroma forte e apimentado).
Mesmo com a grande variedade de cachaças, a maioria já conhecida dos apreciadores da bebida, o diferencial do Casinha Mineira fica por conta da Encantos da Marquesa, produzida artesanalmente, com adubação orgânica e que leva o selo CertifiMinas para produtos sem agrotóxicos. Para a produção dessa cachaça, o corte da cana é manual e o transporte é feito em carros de boi para evitar a emissão de poluentes derivados da queima do óleo diesel de tratores, e galões destiladores de cobre. Além disso, a Encantos da Marquesa prima pela cachaça branca de alta qualidade, que tem como características o sabor e aroma rústicos, secos e ardentes.
Em meio a tantas especificidades da cozinha mineira, o restaurante também apresenta uma extensa carta de vinhos com mais de 30 rótulos, entre brancos, tintos, roses, espumantes, além de vinho de sobremesa vendido em taça. Entre as opções, destaque para o vinho americano Backhouse Pinot Noir com sabores de cereja maduros e bagas, e o espanhol Mil Campos, vinho tinto de uvas tempranillo.
Decoração
A decoração do Casinha Mineira chama atenção pelo aspecto rústico com predominância de madeira de peroba rosa de demolição nos móveis e também no piso, que foi preservado da antiga estrutura. Mesas e cadeiras entram em sintonia com as paredes claras e tijolo aparente que dão ainda mais charme ao espaço, remetendo a uma tradicional casa do interior.
O restaurante ganha um ar atual com as luminárias do designer Bruno Freire, aka Oficina Polvo (www.oficinapolvo.com), marca que atua na criação de peças de design e mobiliário, utilizando madeira e metal. Para o Casinha Mineira, Bruno Freire criou seis tipos de luminárias exclusivas, totalizando 21 peças, entre lustres e arandelas, produzidas com elementos simples de materiais de construção: tubulação de cobre e conexões de latão. Para finalizar, lâmpadas de bulbo opalina. “Para desenvolver uma peça é preciso levar em consideração o material, a proporção e o acabamento, sendo esse último o responsável por toda amarração da peça, desde a estética até a funcionalidade perfeita e duradoura do produto final. Para as luminárias do Casinha Mineira, optei por utilizar um material que faz referência ao rústico dos tachos de cobre utilizados pela culinária mineira”, conta o designer Bruno Freire.
O restaurante Casinha Mineira é dividido em dois espaços: o primeiro, tem capacidade para 40 pessoas; já no segundo, acomoda até 84 pessoas.