Com obras de Tarsila, Portinari, Volpi e Anita Malfatti, exposição gratuita prova como setor privado pode democratizar acesso à arte
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Não é em São Paulo nem no Rio de Janeiro. Até dezembro, quem quiser ver de perto obras de grandes nomes da arte brasileira pode ir ao centro de Florianópolis, e sem pagar ingresso. A exposição Visões do Brasil, com curadoria de Max Perlingeiro, da Pinakotheke Cultural, galeria fundada no Rio de Janeiro na década de 1970 e referência nacional na preservação da arte brasileira, ocupa a Casa Hurbana Bocaiúva, espaço cultural mantido por uma construtora e incorporadora catarinense que coloca a capital no circuito das grandes mostras nacionais.
O recorte reúne trabalhos que atravessam séculos da produção artística brasileira, do século XIX à contemporaneidade. A diversidade de nomes busca retratar diferentes visões do país, do academicismo ao modernismo, passando por produções populares, indígenas e contemporâneas. Além de contemplar, o público também pode adquirir algumas das obras expostas - uma oportunidade rara, já que parte do acervo pertence a coleções privadas e dificilmente chega ao mercado.
Entre os artistas presentes estão Alberto da Veiga Guignard, Alfredo Volpi, Amadeo Luciano Lorenzato, Anita Malfatti, Antonio Bandeira, Antônio Parreiras, Bruno Giorgi, Candido Portinari, Cícero Dias, Djanira da Motta e Silva, Emiliano Di Cavalcanti, Fernando Lindote, Chico da Silva, Frans Krajcberg, Franz Weissmann, Georgina de Albuquerque, Gilvan Samico, Heitor dos Prazeres, Ione Saldanha, Ivens Machado, Jaider Esbell, José Pancetti, Lasar Segall, Mestre Didi, Tarsila do Amaral, Victor Meirelles e Vik Muniz.
“As obras não foram escolhidas de forma aleatória, todas têm um contexto histórico”, afirma Perlingeiro. Para o curador, a força da mostra está nas conexões inusitadas: vacas pintadas por Tarsila dialogam com o gado de Segall, que o artista via como símbolo de solidariedade. Já Portinari aparece em uma fase expressionista menos conhecida do grande público. “Essas conexões talvez sejam o grande mérito dessa exposição”, resume.
O acesso gratuito amplia o alcance da iniciativa. Em um país onde grandes mostras costumam se concentrar em museus de São Paulo e Rio de Janeiro, muitas vezes com ingressos caros, levar esse acervo ao centro de Florianópolis representa uma oportunidade inédita para moradores, estudantes e visitantes. A expectativa é que escolas e universidades integrem a visita à programação pedagógica, aproximando novos públicos de obras pouco vistas fora do eixo Rio - São Paulo.
Por trás da realização está a Hurbana, incorporadora e construtora que criou a Casa Hurbana Bocaiúva como espaço permanente de cultura, gastronomia e convivência. Reconhecida por empreendimentos de grande porte e pelo conceito de “Cidade Para Pessoas”, a empresa aposta em iniciativas que aproximam seus projetos da vida urbana criativa. Ao abrir gratuitamente uma exposição desse porte, promove um movimento raro no setor: usar a construção civil também como plataforma de experiências coletivas.
Para a empresa, as cidades se tornam vivas quando favorecem encontros. O conceito que orienta seus projetos imobiliários parte da ideia de que espaços privados podem - e devem - gerar vida pública, seja por meio de praças abertas, gastronomia ou, como agora, por meio da arte. Ao transformar um ambiente comercial em espaço cultural e disponibilizá-lo gratuitamente à população, a empresa materializa a visão de que construir também é levar vida para a cidade.
A mostra é realizada em parceria da Casa Hurbana Bocaiúva com a Pinakotheke Cultural e a A.Galeria. Inaugurada em março deste ano, a A.Galeria é um espaço da Hurbana dedicado exclusivamente às artes visuais e integra a realização da exposição ao lado da Pinakotheke. A direção artística é de Marc Pottier, com coordenação de Sandra Makowiecky. Visões do Brasil segue aberta ao público até 7 de dezembro, com entrada gratuita.
Serviço
O que: Exposição "Visões do Brasil"
Quando: Até 07 de dezembro - terça a sábado, das 13h às 19h
Onde: Mezanino da Casa Hurbana Bocaiúva - Florianópolis (Rua Bocaiuva, 2013)
Quanto: Gratuito, com obras disponíveis para venda
