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Advogada Marília Meorim |
Créditos: Renato Lopes |
O 1º de Maio não é só feriado — é uma data marcada pela memória das lutas históricas dos trabalhadores por melhores condições de vida e de trabalho. A origem remonta a 1886, em Chicago, nos Estados Unidos, quando milhares de operários entraram em greve reivindicando a redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias. A repressão violenta aos protestos resultou em mortes e prisões, mas plantou a semente de um movimento global por direitos trabalhistas. Em homenagem a esses mártires, a data foi adotada por vários países, inclusive no Brasil, onde o dia foi decretado como feriado nacional desde 1925.
Ao longo do tempo, os trabalhadores conquistaram avanços significativos: jornada regulamentada, descanso semanal remunerado, férias, décimo terceiro salário, licença maternidade, direitos previdenciários, entre outros. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), criada em 1943, foi um marco fundamental na proteção da classe trabalhadora brasileira. Por sua vez, a Constituição Federal de 1988 ampliou direitos e garantias trabalhistas, reforçando o valor social do trabalho.
Mas, ao lado das conquistas, persistem desigualdades que não podem ser ignoradas. Milhões de trabalhadores ainda enfrentam informalidade, baixos salários, jornadas exaustivas e ambientes inseguros. O adoecimento mental por condições precárias de trabalho tem crescido em ritmo alarmante. Mulheres, pessoas negras, LGBTQIA+ e trabalhadores com deficiência ainda enfrentam barreiras estruturais no acesso e permanência digna no mercado de trabalho. Avançar significa também enfrentar essas desigualdades com políticas públicas eficazes, práticas empresariais responsáveis e legislações que acompanhem a realidade do século XXI.
O mundo do trabalho mudou — apesar dos avanços, os desafios permanecem. Automação, inteligência artificial, home office. Tudo isso traz novas possibilidades, mas também novos riscos. O desafio agora é garantir que a modernização venha com proteção social, saúde mental, inclusão e respeito. Não se pode aceitar que flexibilização signifique precarização. O futuro precisa ser construído com diálogo, responsabilidade e valorização das pessoas.
Nesse cenário, é essencial manter vivo o espírito de mobilização que originou o 1º de maio. Por isso, o Dia do Trabalho é mais atual do que nunca.
É hora de olhar para trás com orgulho, e para a frente com coragem. Celebrar conquistas, sim — mas sem esquecer das batalhas que ainda precisam ser travadas, porque trabalhar com dignidade não é privilégio. É direito. E direito devemos defender. Sempre.