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Camila Segalotti analisa as implicações dos casamentos de conveniência para imigração nos EUA

24 de Outubro de 2024
Foto: Divulgação

A temática dos casamentos de conveniência é frequentemente explorada em filmes, apresentando histórias em que personagens forjam relacionamentos para obter benefícios imigratórios. Em "A Proposta" (2009), a editora de livros Margaret (Sandra Bullock) e seu assistente Andrew (Ryan Reynolds) fingem ser um casal para evitar a deportação, levando a uma série de situações engraçadas, mas que revelam o vazio por trás de um casamento construído sob falsas pretensões. Embora a narrativa cinematográfica termine com a construção de um romance genuíno, a realidade para muitos casais que entram em relações semelhantes é bem diferente, marcada por um processo imigratório rigoroso e repleto de exigências.
 
No contexto do Green Card convencional, que permite a residência permanente nos Estados Unidos, é fundamental que os casais demonstrem a autenticidade de sua união. O Serviço de Cidadania e Imigração dos EUA (USCIS) impõe requisitos rigorosos, exigindo que os solicitantes apresentem evidências concretas de que estão em um relacionamento verdadeiro. Isso pode incluir fotos juntos, contas bancárias compartilhadas, declarações de impostos e depoimentos de amigos e familiares que possam confirmar a genuinidade da relação. A suspeita de que o casamento foi apenas um artifício para contornar as leis de imigração pode resultar em consequências severas, incluindo a negação do pedido e até mesmo a deportação de um ou ambos os parceiros.
 
Segundo Camila Segalotti, consultora de imigração registrada nos EUA, as implicações dos casamentos de conveniência vão além das questões legais. Casais que tentam obter um Green Card sem a devida autenticidade enfrentam não apenas a possibilidade de ver seu visto negado, mas também o estigma social que acompanha esse tipo de união. Relações baseadas na desonestidade frequentemente geram tensões e ressentimentos, prejudicando tanto a vida emocional quanto o futuro profissional dos envolvidos. O processo de verificação pode ser intenso e desgastante, com entrevistas rigorosas e investigações minuciosas, criando uma pressão significativa sobre os casais para que provem a veracidade de seu relacionamento.
 
Para aqueles que consideram o casamento como um meio de imigração, é crucial estar ciente das exigências legais e das realidades emocionais que isso pode acarretar. De acordo com a sócia do escritório de consultoria Castelli & Segalotti Immigration Corp, o Green Card convencional, especialmente quando obtido por meio do casamento, exige sinceridade e comprometimento. 
 
Enquanto o cinema pode romantizar a ideia de casamentos de conveniência, a realidade é que a autenticidade é essencial para a legalidade do processo e para a construção de um futuro compartilhado. Casais que desejam unir-se com esse objetivo devem abordar essa decisão com a intenção verdadeira de construir um relacionamento duradouro, respeitando as leis e a ética do sistema imigratório. Assim, amor genuíno e honestidade se tornam as bases fundamentais para um casamento bem-sucedido e um processo de imigração tranquilo.

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Documentação 
 
Para solicitar o Green Card através de um casamento, Camila explica que é essencial apresentar uma série de documentos que comprovem a autenticidade do relacionamento e atendam aos requisitos do Serviço de Cidadania e Imigração dos EUA (USCIS). Aqui estão os principais documentos necessários:
 
1. Formulário I-130 (Petição para Parente Estrangeiro): Preenchido pelo cidadão ou residente permanente dos EUA, solicitando o Green Card para o cônjuge estrangeiro.
 
2. Formulário I-485 (Pedido de Registro de Residência Permanente ou Ajuste de Status): Preenchido pelo cônjuge estrangeiro, caso ele esteja nos EUA e deseja ajustar seu status para residente permanente.
 
3. Certidão de Casamento: Cópia oficial da certidão de casamento, devidamente registrada e reconhecida.
 
4. Documentos de Identidade: Cópias de documentos de identidade válidos, como passaporte e carteira de motorista, de ambos os cônjuges.
 
5. Evidências de Relacionamento Genuíno: Fotos do casal juntos em várias situações (férias, eventos familiares, etc.). Registros de comunicação, como mensagens, e-mails e chamadas telefônicas. Provas de coabitação, como contratos de locação ou hipoteca em nome de ambos. Contas bancárias conjuntas, declarações de impostos conjuntas e outros documentos financeiros compartilhados.
 
6. Declarações de Testemunhas: Cartas de amigos e familiares que possam atestar a autenticidade do relacionamento e a história do casal.
 
7. Formulário I-864 (Declaração de Patrocínio Financeiro): Preenchido pelo cônjuge cidadão ou residente permanente para demonstrar que possui renda suficiente para apoiar o cônjuge estrangeiro e evitar que ele se torne um ônus público.
 
8. Formulário I-693 (Exame Médico): Este formulário deve ser preenchido por um médico autorizado e incluir resultados de exames médicos, incluindo testes para doenças transmissíveis.
 
9. Comprovantes de Cidadania ou Residência Permanente: Cópias de documentos que comprovem a cidadania ou status de residente permanente do cônjuge que está patrocinando.
 
10. Pagamentos de Taxas: Comprovantes de pagamento das taxas necessárias para a apresentação dos formulários.
 
É importante lembrar que o USCIS pode solicitar documentos adicionais ou provas, dependendo do caso específico. Portanto, é essencial organizar todos os documentos cuidadosamente e garantir que estejam completos e atualizados antes da apresentação do pedido. Além disso, contar com um serviço profissional especializado em imigração pode ser vantajoso para evitar erros, minimizar atrasos e assegurar que toda a documentação seja enviada corretamente.
 
Ressaltamos que as informações fornecidas não constituem e não têm a intenção de constituir aconselhamento jurídico; elas são destinadas exclusivamente a fins informativos gerais.

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