SYM HD300 se mostra um excelente produto para mobilidade urbana |
Foto: Alides Rasabone Garcia |
Em março de 2021 fiz uma série de avaliações (links ao final do texto) de scooter´s na faixa de 250 a 300 cilindradas, concorrentes entre si no disputado segmento, inclusive com a opinião de usuários, com o objetivo único de nortear com mais segurança a escolha do amigo (a) leitor(a) e confesso que minha esposa e eu precisávamos da experiência para comprarmos aquilo que melhor nos atendesse.
Necessário avisar que este texto é minha opinião, embasada por alguns anos como jornalista especializado, não vou puxar sardinha e o objetivo não é, quem é pior ou melhor, mesmo porque depende muito da utilização que se dará ao produto. O que pode ser bom para mim, pode ser ruim para você e vice-versa.
Confesso que tentei focar a compra muito mais na razão do que na emoção e espero aqui conseguir passar essa trilha para outros consumidores.
Há mais de uma década avaliando motocicletas, você se torna extremamente exigente e rigoroso na avaliação, especialmente quando o amor da sua vida fará uso desse produto, além, claro, eu mesmo.
Levei em consideração design e qualidade de construção, segurança (iluminação, freios, suspensão), performance do motor e pós-vendas.
Design e qualidade de construção
Design bonito, na foto jaquetas e luvas ficaram sob o banco e capacetes amarrados, desse jeito só em estacionamento, na rua jamais |
Foto: André Garcia |
Quando fiz a avaliação em 2021, foram essas duas características que me chamou bastante atenção.
O design é italiano e lembra bastante a Piaggio Beverly 300, mas com uma qualidade construtiva e de montagem que não deve nada para a fabricante pioneira em motonetas e as japonesas, passados um ano rodados mais de 12 mil km, o que estou afirmando é fato: não existe um único barulho de carenagem ou de painel. Vale lembrar que a cidade de São Paula está com um piso terrivelmente ruim, período cheio de obras, mas que manteve o piso asfáltico no nível de qualidade lunar.
Não só a silhueta da H300 chama atenção com seu estilo retrô, mas o acabamento é caprichado e gosto de indicar o detalhe das pedaleiras traseiras quando recuados.
Segurança
Quando começamos a pensar na compra de um scooter nessa faixa de cilindrada, é sine quo non o freio com sistema ABS (anti block system), mas necessário frisar que o poder de frenagem da HD300 superou minhas expectativas dado a mordida e progressividade para um produto nesta categoria. Afirmo isso me lembrando de freios como o Brembo que equipa Ducati e Triumph ou freios de BMW, que beiram a perfeição.
As pastilhas de freio dianteira foram trocadas na revisão de 6 mil km e do traseiro aos 9 mil km. O dianteiro foi substituído, novamente, na troca de óleo aos 13.700km por já se encontrar perto do limite indicado para substituição. Pude perceber que a marca paralela oferecida na concessionária tem maior durabilidade que a original, mas mantendo a mesma eficiência de frenagem.
O chato é o barulho na frenagem até as pastilhas desgastarem um pouco. Barulho de frenagem de ônibus. Na minha opinião, após trocar ideia com mecânicos é o desenho do disco que causa esse ruído.
Em relação a suspensão, na época da avaliação eu achei melhor que as concorrentes, inclusive em relação a sua irmã Cruisym 300, que acabei não publicando a avaliação quando a Dafra me emprestou em 2023 para decidir entre os dois produtos da casa.
Explico: Apesar do curto curso de suspensão da HD300 similar às concorrentes, é muito raro sentir o fim de curso com aquela batida seca, o que pesa a seu favor é o conjunto com rodas de 16 polegadas na dianteira e traseira, calçadas com pneus Metzeler Feelfree e principalmente pelo fato de ser a mais leve da categoria. Em relação a Citycom são quase 13 kg de diferença, Cruysim 300 quase 10 kg, a Yamaha XMax e Kymco Dontown quase 9 kg, considerado o peso em ordem de marcha de cada uma, no peso a seco são mais de 10 kg de diferença quando comparado com todas as concorrentes.
Mas, tenho notado o fim da vida dos amortecedores traseiro, que já foram ajustados para mais duro (um acima do default de fábrica) e já estão necessitando de novo ajuste. Lembrando que 90% do tempo andamos com garupa (com no máximo 65kg) e, realmente, as ruas de São Paulo tem castigado o paulistano. Em breve devo trocar o conjunto de amortecedores por COFAP, caso o ajuste mais duro se mostre, pouco eficiente. (O ajuste para mais duro no último click foi feito em 08/05)
Iluminação toda em LED. Ver e ser visto é essencial no trânsito |
Foto: André Garcia |
A iluminação toda em LED pesou bastante na decisão, vez que, além de chamar muito atenção durante o dia, à noite proporciona uma excelente visão urbana ou na rodovia. No trecho urbano, durante à noite, lampejar o farol alto é como Moisés abrindo o mar, o que se traduz em maior segurança viária.
Sua ciclística aliado ao motor proporciona muita agilidade no trânsito pesado e na rodovia é uma delícia, mantendo fácil os 120 km/h a quase 6.000 RPM, tendo aquele pelo a mais para ultrapassar se for o caso.
OBS: Os pneus devem rodar mais uns 10 mil km. Atualmente o hodômetro marca 13.800km.
Performance do motor
Se em relação à suspensão o peso é sentido, quando vamos para a questão de acelerar, dá um banho em todas sem exceção, em semáforos, à título de exemplo, se a Yamaha XMax 250 estiver original, fica longe no retrovisor. Usei a Xmax 250 como exemplo por dois motivos: primeiro que se a compra tivesse sido norteada pela emoção, minha esposa teria a escolhida ou a Cruisym300, segundo que vários amigos tem e ficam perplexos com a diferença de performance com ou sem garupa, infelizmente a XMax além de mais pesada tem menos torque e qualquer décimo de diferença nessa categoria, por mais que pareça pouco, na realidade é muito. Como disse na avaliação da XMax: se a NMax 160 é ágil e a considero a melhor da categoria, na XMax falta muita pimenta, ficou capenga, apesar da beleza e do espaço.
Uma questão que chamou muita atenção foi a substituição de combustível. Até os 10 mil km rodei sempre com gasolina comum ou aditivada que proporciona uma média sempre em torno de 28,5 km/l, nunca menos que 28 km/l e nunca mais de 29 km/l, salvo raríssimas exceções para mais. A partir dos 10 mil km passei a utilizar a gasolina de alta octanagem, especialmente, a Shell V-Power Racing e a média subiu para 32,5 km/l. Na rodovia a média ficava em 25 km/l (comum ou aditivada), hoje fica em 29 km/l. É muita coisa e acho que vale a pena o gasto (entenda investimento) a mais, não por aumento de performance (potência/torque) mas por manter o sistema mais limpo e aumento da economia. Vale repetir, gasolina de alta octanagem em motor de baixa cilindrada não altera nada como em automóveis de alto desempenho.
Digno de nota é a vibração. Depois dos 2000 RPM fica liso e mesmo em alta velocidade aos 120 km/h a quase 6000 RPM ou até aos 140 km/h a 8000 RPM (já na faixa vermelha) a vibração não existe.Outra sensação é que quanto mais roda, mas macia e solta fica.
Outra nota: nas saídas de semáforo: com ⅓ do acelerador aberto, rapidamente você alcança 60 km/h.
Pós-Vendas
Tudo que disse na introdução da avaliação da HD300 em 2021, reitero hoje: a rede de concessionária DAFRA deveria mudar para SYM, inclusive adotando as cores e o nome da Citycom HD300 no Brasil se tornar apenas HD300 como no resto do mundo, especialmente na Itália onde faz sucesso, porque tem muito pouco da Citycom. Infelizmente a DAFRA ainda carrega a sombra do passado quando trouxe péssimos produtos de origem chinesa. A minha sugestão é que a DAFRA faça o mesmo que a J.Toledo que representa a Suzuki.
Verdade seja dita, o que mais pesou contra a decisão de comprar uma Sym HD300 foi a rede oferecida pela DAFRA, especialmente quando a vida toda você só ficou com Honda e Yamaha na garagem, que verdade também seja dita, não tem um pós-vendas digno de nota máxima, mas tem muitos bons profissionais, gente séria e honesta, em concessionária e basta achar. Lembro do Tyson na Feltrin que era o único que mexia na minha FZ6 sob supervisão do Macabeu e depois do próprio Santo, ou da Lead da minha esposa que era muito bem cuidada na Remaza Ibirapuera. Ao contrário do automóvel que tenho meu mecânico de confiança, com motocicleta eu gosto de fazer tudo em concessionária.
Marcos na entrega pós revisão. Mecânico é igual médico, só na confiança |
Foto: André Garcia |
Eis que na concessionária da Lapa, me parece que de propriedade da própria montadora DAFRA, foi onde realizei todas as manutenções determinadas no manual e no único problema sério que tive, que foi quebra do cabo de partida do motor, fui, excepcionalmente, bem atendido pelo Marcos, mecânico que fez todas as revisões no scooter, com exceção da de 9000 km (estava de férias). O cara manja muito do produto, é visível a assimilação do treinamento. Ouso fazer tal afirmação, porque, como todo mundo sabe, muitas vezes em concessionária não temos mecânico, mas mero trocador de peças. Mecânico é o cara que raciocina, que conhece o produto e resolve o problema. E quando quebrou o mencionado cabo, eu não podia ficar sem o scooter, o que me causaria um problema enorme e fui prontamente atendido, consertou até que a peça chegasse e eu não ficasse na mão.
Muitos reclamam do preço das revisões e tal reclamação independe da marca, mas a verdade é que manter um profissional qualificado, treinado pelo fabricante não é barato e não precisamos mencionar o custo Brasil, já que se a produção de motocicleta tem isenções em Manaus, suas peças de reposição não gozam dos mesmos benefícios.
Os preços praticados para manutenção da Sym HD300 são similares ou até um pouco mais baratos aos da concorrência pelo que tenho investigado.
Por fim, se você roda maior parte do tempo em ambiente urbano, tem preguiça de andar de moto no colapsado trânsito de São Paulo, além da dor no coração em desgastar embreagem da moto, quer agilidade, despreza parabrisa (minha esposa e eu não vemos utilidade para o uso urbano), quando viaja utiliza moto de alta cilindrada, a SYM HD 300 vai lhe atender com sobras.
Só uma observação temporal: quando comecei escrever este texto, ela estava prestes a completar 12.000 km e realizar a revisão. Hoje está com exatos 13.800 km.
OBS temporal: 0 km em 15/03/2023, revisão 1000 km em 24/03/2023, revisão 3000 km em 15/05/2023, revisão 6000 KM em 25/07/2023, revisão 9000 km em 20/10/2023 e revisão 12000 km em 15/03/2024. Troca de óleo e pastilhas dianteiras aos 13700 km em 08/05/2023.
Minha esposa e eu indicamos esse produto que não deve em nada para as japonesas.
Para ler as avaliações de cada produto click no nome:
SYM HD 300
Yamaha XMAx 250
Kymco Downtown
Todas as fotos, especialmente das revisões: https://photos.app.goo.gl/3HbLLhuypDcWP7Px6