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| Dra. Gabriela Luxo | Foto: Rodrigo Bacellar / Divulgação |
A sigla TDAH é muito conhecida pela população. O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade é considerado um transtorno do neurodesenvolvimento com bases biológicas evidentes e forte relação genética. Os sinais podem surgir, principalmente, durante a infância, mas isso não deixa os adultos imunes aos seus sintomas e desenvolvimento.
Em adultos, na maioria das vezes, os sintomas incluem dificuldade de concentração, dificuldade de concluir tarefas, oscilações de humor, impaciência, dificuldade de manter relacionamentos, entre outros. A hiperatividade em adultos geralmente se manifesta como agitação e inquietação, no lugar da clara hiperatividade motora que ocorre em crianças pequenas. Esses efeitos podem acabar prejudicando os estudos e o trabalho, além das relações pessoais, com diversos desentendimentos.
Circulam em redes sociais relatos de pessoas que se autodiagnosticam com o TDAH. Além de um equívoco, a prática é perigosa, alerta a especialista Gabriela Luxo.
“Recentemente, uma pessoa me procurou dizendo que precisava de ajuda com o seu diagnóstico de TDAH. Imediatamente eu perguntei sobre o processo de avaliação e ela respondeu que havia checado na internet. Posteriormente, emendou com a informação de que comentou com os amigos e ambos concordaram com o perfil traçado. Essa queixa é muito atual, mas precisamos ter em mente a importância de um diagnóstico realizado por profissionais competentes. Atualmente, com a vida acelerada, as pessoas buscam respostas rápidas para tudo, além de desejarem atingir um padrão imposto, muitas vezes, pelas redes sociais. Sem perceber, ela está imersa nessa armadilha e se frustra quando nota um desempenho diferenciado dos demais, assim sendo, começa a buscar justificativas para essa suposta limitação. Nessa busca acaba achando, por exemplo, o TDAH”. Ressalta Gabriela Luxo que é psicóloga e psicopedagoga, pós-graduada em terapia cognitivo-comportamental e em psicologia positiva. A profissional também possui mestrado e doutorado em Distúrbios do Desenvolvimento, além de 15 anos em experiência clínica.
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| Dra. Gabriela Luxo | Foto: Rodrigo Bacellar / Divulgação |
É preciso tomar cuidado com o autodiagnóstico de TDAH em adultos ou ainda com o diagnóstico que os pais fazem dos próprios filhos, que acabam classificando qualquer dificuldade de atenção ou agitação infantil como sendo o transtorno. “Precisamos ter muito cuidado com isso, oriento uma avaliação médica, pode ser com o médico psiquiatra, mas também recomendo uma avaliação neuropsicológica, ou seja, há necessidade de uma equipe multidisciplinar. Nessa avaliação são aplicados testes apropriados para tal finalidade com o objetivo de verificar os níveis de atenção e das demais habilidades cognitivas envolvidas”, explica.
A psicóloga Gabriela Luxo reforça o cuidado com o autodiagnóstico, uma vez que o termo TDAH se tornou popular, ainda que a conscientização seja necessária. A psicóloga diz que, ao notar os primeiros sintomas, um indivíduo não pode se rotular e dizer sofrer do transtorno, mas, sim, buscar a ajuda adequada para que seja feito o diagnóstico e, então, a intervenção correta. Em muitos casos, outros quadros psiquiátricos podem estar associados, assim sendo, não é um diagnóstico fácil e rápido como os divulgados nas redes sociais.
A terapia cognitivo-comportamental é a mais indicada para o acompanhamento do TDAH, mas em alguns casos também há necessidade de medicação e intervenções no âmbito familiar e escolar (para crianças). Ter uma boa rotina de sono, praticar exercícios físicos e ter uma boa estrutura de organização é fundamental. “Muitas pessoas ficam presas aos termos: atenção e hiperatividade, mas o transtorno afeta múltiplas funções neurológicas como, por exemplo, as funções executivas que englobam: controle inibitório, flexibilidade cognitiva, memória operacional, tomada de decisões, planejamento e estabelecimento de metas”, finaliza.
