Harley-Davidson Fat Boy é considerada um ícone |
foto: André Garcia |
A Harley-Davidson Fat Boy nasceu em 1990 (quando chegou às concessionárias) para ser um ícone. Desenhada por, ninguém menos, que o próprio Willie G. Davidson, que pilotou o protótipo em 1988 e 1989 em direção a Daytona Bike Week, considerado o maior encontro de motos do mundo.
Vale lembrar que o marketing foi muito feliz em sua divulgação e ao aparecer no filme “Exterminador do Futuro 2”, pilotada por Arnold Schwarzenegger virou febre não só nos EUA mas no mundo.
É bem verdade que o modelo atual evoluiu muito em relação ao primeiro modelo.
É verdade também que este que vos escreve não gosta muito do estilo custom, mas, se fosse para ter uma e fazer parte, digamos, deste estilo de vida, sem sombras de dúvidas a escolhida seria uma Fat Boy.
Antes de montar, fiquei um tempo apreciando seu design, seus contornos avantajados e abundantes, a moto é bonita, tem excelente acabamento e está no merecido patamar de produto premium.
Ao montar, você se sente bem vestido, banco largo (675 mm de altura) com boa densidade de espuma que oferece bom conforto, braços abertos no largo guidão, pernas posicionadas à frente nas pedaleiras estilo plataforma. A garupa vai bem e foi elogiada pela esposa, mas o que ajudou bastante foi o sissy bar, acessório que está instalado e que não vem de fábrica, mas é essencial.
Apesar do seu peso de 317 kg em ordem de marcha, algo que, primeiro, chamou atenção logo ao ligar o motor, foi o baixo ruído mecânico do motor e aquela vibração seca substituída por um pulsar do enorme motor Milwaukee-Eight 114 de 1868 centímetros cúbicos, para tristeza dos saudosistas e dos odontologistas especialistas em obturação, sim a gorda (peço licença para tratar a moto no feminino) evoluiu muito em relação ao modelo de 1990 e não treme mais como no passado.
Seja qual fo o ângulo, ela chama atenção |
Foto: André Garcia |
Ao sair da imobilidade, você sente o peso da embreagem e um câmbio muito espaçado entre as marchas e o ruído seco do engate da 1ª marcha. Enfrentando a Marginal Pinheiros, você roda utilizando a 2ª e 3ª marchas, apesar da via urbana, em tese, não ser o habitat da Fat Boy, fiquei surpreso com a ciclística (distância entre-eixos de 1.665mm), já que em movimento ela não parece ter o peso da ficha técnica, outro ponto positivo foi enfrentar os esburacados, ondulados e vergonhosos pavimentos da via pública paulistano, vez que a suspensão, também evoluiu bastante, na dianteira telescópico com válvula de flexão dupla, 49mm, com braçadeiras triplas de alumínio, mola de taxa dupla sem possibilidade de ajuste e na traseira mono amortecedor “coil-over” oculto com pistão livre, curso de 43 mm, ajuste de pré-carga hidráulico sem ferramenta, aqui o ajuste vai de 1 a 5, sendo 1 mais macio e 5 mais duro. O ajuste default de fábrica vem no 2 e assim ficou, mesmo andando com minha esposa na garupa. Não senti necessidade de endurecer a suspensão traseira. Talvez em viagem e pegando uma serra, eu faria alteração, mas notei que no 2 com e sem garupa o conjunto chassi, suspensão, rodas (alumínio fundido Lakester usinado) e pneus (Michelin Scorcher 11 polegadas, dianteiro 160/60R18,70V,BW e traseiro 240/40R18,79V,BW) filtram muito bem o nosso péssimo pavimento, nada de batida seca que castiga a coluna, muito pelo contrário, mesmo pilotando por horas não me senti incomodado.
Como disse o habitat dessa gordinha não é o ambiente urbano, todavia, outro detalhe que me chamou atenção foi o calor emanado do motor que se antes beirava o insuportável,no anda e pára ou em baixa velocidade, passou para suportável. o problema é achar o neutro nas parada em semáforo, especialmente quando o motor está quente. Mas com um pouco de habilidade e paciência o piloto anda bem pelos estreitos corredores do trânsito paulistano aterrorizando os cachorros loucos com seus incríveis 16,11 Kgfm (158 Nm) a 3000 RPM ou por vezes parado feito uma rolha (como eles nos xingam).
Saída do semáforo não tem para ninguém, ela arranca feito um foguete esbanjando saúde do motor. O som emanado do escapamento 2 em 2 escalonado é furioso. Dois itens, na minha humilde opinião, trariam mais segurança para uma moto com tanto torque a míseros 3000 RPM: controle de tração e embreagem assistida.
Mas é na estrada seu habitat e é lá que com o motor de 94 cv de potência a 5020 RPM respirando mostra toda sua desenvoltura para rodar por horas e horas sem cansaço e sem necessidade de cambiar, especialmente quando você já tiver utilizado a 6ª marcha é bem verdade que por vezes você pode estar rodando em 4ª ou 5ª marchas devido a elasticidade que o motor oferece, mas no painel que fica no tanque, o útil marcador te lembra e assim você altera a marcha e economiza combustível que não medi por acreditar que essa não é a preocupação de quem compra uma moto dessa categoria, mas que vai rodar com margem de segurança cerca de 300 a 350 km dado o tanque de 18,9 litros.
Falando no painel, o imenso velocímetro no tanque abriga um pequeno display com várias opções de informação, incluindo rotação do motor, autonomia, hodômetros parcial, e total, hora, sendo possível você verificar, por exemplo, que a 120 km/h a rotação do motor está a míseros 2700 RPM. Em ultrapassagens, basta acelerar.
Levando a gorda para rodovia, fiz um passeio pela estrada dos Romeiros e foi proposital para sentir mais a máquina, sempre na mão, e constatar que a engenharia da Harley-Davidson trabalhou duro para oferecer uma ciclística neutra, é bem verdade que em curva é necessário fazer um esforço de alavanca que é facilitado pelo largo guidão, isso se deve a exagerada largura do pneu traseiro que é muito mais moda do que exigência técnica. Mas ela vai bem em curvas sinuosas e seu limite são as pedaleiras, que tive o cuidado de não lixar no asfalto.
Não é moto para ultrapassar os 120 km/h, portanto até essa velocidade o vento no peito não incomoda e basta um bom capacete e bons equipamentos como jaqueta, luvas, botas e calça.
Ao pilotar à noite, é grata surpresa o farol, todo em LED, que, além de muito bonito e manter o estilo clássico, representa um notável ganho no poder de iluminação em vias mal iluminadas e mesmo durante o dia é notável o quanto chama atenção dos motoristas presos em seus veículos com película escura.
Quem anda de Harley-Davidson não volta para casa sem novos amigos e sem novas histórias |
Foto: André Garcia |
Para parar, os freios, com ABS, tem boa modulação.Forcei algumas frenagens para sentir a potência e dosagem nas duas rodas, em diferentes velocidades, inclinação em curvas e o sistema está bem calibrado para garantir a segurança em qualquer situação.
Muitos me perguntaram sobre manobrar uma máquina com esse peso e respondo: tudo é uma questão de técnica, ou seja, é muito mais habilidade do que força.
A gordinha ganhou meu coração e eu não só recomendo a compra, como teria uma, especialmente em um momento chato na nossa sociedade, em que está impossível andar em paz de big trail.
Não poderia deixar de sugerir a Harley-Davidson pensar um pouco mais na ergonomia dos punhos, creio que já passou da hora em adotar o modelo tradicional, abandonar um botão de seta para cada lado e a buzina estar em botão único alocada na posição tradicional de qualquer motocicleta.
Você em uma Harley-Davidson dificilmente voltará para casa sem um novo amigo, porque ela cativa as pessoas, mesmo aquelas que não apreciam moto, vão puxar papo, querer saber algo sobre o modelo, sonhar, pedir para fotografar, foi assim meus dias com a Fat Boy andando na cidade ou na rodovia quando parei em uma frutaria.
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