O docente tentava apartar briga ocorrida no Ernesto Monte; dois alunos ficaram feridos, sendo que um teve fratura no nariz
Um professor foi agredido por um pai de aluno ao tentar apartar uma briga generalizada que ocorreu na escola estadual Ernesto Monte, em Bauru-SP. A vítima, o docente substituto Matheus Leodoro Versati, 28 anos, que ministra a disciplina de história na unidade, sofreu cortes na sobrancelha e pálpebra inferior direitas, que precisaram ser suturadas. Ao todo, foram 11 pontos.
Com a participação de alunos, Apeoesp realizou protesto em frente à escola, nesta segunda-feira (6) | Foto: Reprodução |
A ocorrência foi registrada na última sexta-feira (3/3), quando alunos, que estavam em horário de aula, jogavam futebol dentro da escola. Por motivos a serem esclarecidos, houve uma desavença entre dois deles, um do primeiro e outro do terceiro ano do Ensino Médio.
Segundo Versati, o estudante mais velho teria acertado um soco no rosto do mais novo e, em seguida, pediu para que seus irmãos e amigos fossem até a unidade. "Quando este aluno do primeiro ano foi sair, estas pessoas o cercaram e quebraram o nariz dele. Foi quando eu segurei e tirei o estudante do terceiro de cima dele. Neste momento, o pai deste aluno mais velho, que também estava lá, me deu um soco no olho", descreve.
Ainda de acordo com o professor, no meio da confusão, um policial militar, acionado até o local, teria sido derrubado. Um outro aluno do Ensino Médio também se feriu, mas com menor gravidade.
A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) informou que um boletim de ocorrência foi registrado e que um dos alunos e o professor foram atendidos em uma unidade hospitalar e liberados. Já o outro aluno permanece sob cuidados médicos. Versati, que está há um ano dando aulas no Ernesto Monte, deverá retornar às atividades ainda nesta semana já que, afastado, ficaria sem remuneração.
Segundo caso
Em nota, a Apeoesp afirmou que este é o segundo caso de agressão ocorrido contra professores nesta última semana, em Bauru, o que demonstra "a situação de total descaso em que estão nossas escolas". Em protesto realizado nesta segunda-feira em frente ao Ernesto Monte, e que teve a participação de alunos, a entidade reivindicou a realização de concurso público para erradicar a falta de professores e funcionários nas escolas estaduais e o fim das transferências compulsórias de estudantes por conta da implementação de escolas de período integral, entre outras pautas.
Conforme docentes já relataram anteriormente ao JC, os conflitos no Ernesto Monte se agravaram após a mudança, para a unidade, de alunos oriundos da escola Professor Christino Cabral, por não terem condições de permanecer nela quando, em 2018, passou a funcionar em período integral. Para piorar, além de o Ernesto ter diversos professores substitutos, que ainda não possuem relação íntima com a comunidade escolar, a unidade também conta com apenas um agente de organização escolar (AOE), sendo que, por conta de seu tamanho, deveria ter oito. "Tudo isso dificulta o controle dos alunos dentro de sala de aula. A escola vira um depósito de estudantes", afirma um docente.
Segundo a Seduc-SP, os pais dos alunos e a Ronda Escolar foram acionados e o caso será encaminhado ao Ministério Público (leia mais acima). A pasta sustenta, ainda, que não há falta de professores no Ernesto Monte. Acrescentou, também, que o Conviva apoiará as ações junto à comunidade escolar. "Na última semana, um novo AOE assumiu a função na escola e outros serão contratados, conforme a necessidade. No Estado, estão sendo contratados mais de 7 mil AOEs", completa.
Ministério Público vai investigar
Nesta segunda-feira (6/3), a advogada Iasmim Aguiar Rodrigues protocolou representação junto ao Ministério Público com solicitação ao promotor da Infância e Juventude de Bauru, Lucas Pimentel de Oliveira, para que apure a real situação da escola estadual Ernesto Monte, especialmente em relação à falta de professores, à morosidade para atribuição de aulas e à frequência com que alunos têm ficado com aulas vagas devido à ausência destes profissionais.
O promotor informou que já instaurou procedimento preliminar, onde requisitará que a unidade preste os devidos esclarecimentos.