Um vídeo sutilmente diferente, mas que, sem dúvidas, engana os mais desatentos ou, até mesmo, ainda que em menor proporção, os mais detalhistas. Assim começa a história de uma das telenovelas brasileiras no ar neste momento: uma mulher perseguida injustamente depois de ter seu rosto estampado em uma Deepfake, um vídeo manipulado que deu a ela, de repente, status de criminosa. Assim, a ficção dá espaço para a discussão de um dos problemas mais impactantes e atuais (porém, não recentes) quando falamos em comunicação: as Fake News, que agora vêm ganhando componentes tecnológicos extremamente potentes, para saírem dos textos e chegarem aos vídeos.
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Com a Web cada dia mais inserida no dia a dia, o consumo de conteúdo, seja verdadeiro ou não, também cresce exponencialmente. Segundo a jornalista Elaine Datti de Moraes, com experiência de mais de 23 anos na área, “é urgente a demanda por apuração, em larga escala, da veracidade de vídeos lançados na web. Esse é um desafio que coloca em evidência a importância das agências de checagem, mas que, ao mesmo tempo, demonstra a necessidade de unir a capacidade humana à inteligência artificial, de modo a acelerar este processo.”
Esta percepção traz à tona a importância de desenvolver ferramentas capazes de solucionar este problema. Jornalismo e tecnologia da informação podem, juntos, por exemplo, desenvolver estratégias capazes de assimilar, categorizar e gerar estatísticas acerca dos conteúdos, estabelecendo e determinando as diferenças mais importantes entre os vídeos fakes e reais, criando uma forte base de dados capaz de dar um norte quanto à apuração, “filtrando” as notícias.
“Existe uma população carente de informação sobre como diferenciar o que é real do que não é. E nem sempre as pessoas têm um jornalista à disposição para perguntar sobre isso ou que mostre minimamente os caminhos para averiguar a verdade. Por isso, existe um nicho aberto com enorme potencial para pensarmos em uma forma de unirmos as ciências humanas e tecnológicas e assim atingirmos mais diretamente uma grande camada da sociedade. Grandes empresas de comunicação seriam amplamente beneficiadas com o maior dinamismo na checagem de notícias, além de outras empresas, já que a comunicação interna nas companhias também pode esbarrar na tentativa constante de dissimulação dos fatos”, avalia Elaine.
Como as fake News representam um problema mundial e, aparentemente, incontrolável, a tendência é que estes tipos de vídeos fake sejam mais frequentes e cada vez mais aperfeiçoados quanto à qualidade e que a demanda por checagem só cresça. Por isso, distinguir a linguagem verbal, os elementos de edição, o envolvimento contextual pode ser facilitado com a ajuda da tecnologia e de uma ampla base de dados comparativos. “A operação conjunta de jornalistas e profissionais de tecnologia da informação pode ser a receita para a harmonia e assertividade nas checagens e apurações e este será o grande desafio da comunicação e da tecnologia nos próximos anos. É uma nova “virada” do jornalismo em que, além da capacidade humana de apuração, precisaremos da engrenagem tecnológica para caminhar a passos tão largos quanto os das Fake News”.
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Sobre Elaine Datti de Moraes:
Elaine Datti de Moraes é jornalista há 23 anos e possui pós-graduações em jornalismo digital (MBA) e em Marketing Estratégico Digital (MBA), além de ter realizado curso sobre Fake News promovido pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Democracia Digital.
Iniciou a vida profissional aos 19 anos, selecionada entre 1000 candidatos para ser trainee na maior emissora de televisão do País: a Rede Globo, em São Paulo/SP.
Trabalhou como âncora em afiliadas da TV Globo e do SBT, além de assessorias de imprensa e jornais impressos, e agora se dedica a estudar o fenômeno das Fake News e as Deepfakes.