Cultura -

A arte tem esse poder de despertar pessoas, diz Leca Araujo

29 de Julho de 2022

Quem é Leca Araujo? A artista que vem sendo disputada internacionalmente por galerias é paulista, criada no Rio de Janeiro e radicada em Genebra.

Foto: Giselle Münger

Nascida de uma família de arquitetos e designers, produziu suas primeiras obras com tinta à óleo aos 10 anos de idade num atelier de uma pequena cidade do interior de São Paulo. Participou de bienais em Florença (IT) e Lyon (FR), da mostra Personal Structures (no contexto da Bienal de Veneza) junto a artistas como Yoko Ono, Jeff Koons e Carole Feuerman, e está expondo pela segunda vez no Palácio das Nações Unidas em Genebra. 

Leca tem formação em tecnologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, mas tem paixão pelo comportamento humano, e é nas artes que ela explora esse assunto.

Em 2018, suas peças da série As Marias ganharam notoriedade ao abordar sustentabilidade, igualdade de gênero e inclusão social.

Este ano a artista traz peças da série CHOIX (“escolhas” em português) que também abordam de forma sutil a sustentabilidade, mas com uma atenção especial à saúde mental, através de bordados de tintas e tecidos em portas, janelas e gavetas descartadas.

Leca, que já participou de vários projetos sociais desde a sua juventude nas periferias do Rio de Janeiro, diz que despertar pessoas para o poder que elas têm de criar a sua própria realidade através da mente, vale mais que mil projetos sociais.

Em 2018 ela levou para as Nações Unidas uma vídeo-instalação do projeto Aquarelle Durable que ela desenvolveu junto à escola Djalma Maranhão na comunidade do Vidigal, no Rio de Janeiro. O projeto, que tem como objetivo disseminar a ideia de um mundo equilibrado entre as crianças através da arte, contou com workshops sobre a arte e cultura, e oficinas de pintura e criatividade.

Dentro desta parceria, Leca lançou uma campanha para angariar fundos para a criação de um laboratório de informática na escola, através da venda do seu livro de colorir e reciclar “As Marias”, lançado em 2017 no salão do livro de Genebra.

Esse ano Leca quer levar para os workshops e oficinas essa reflexão sobre escolhas e o poder de bordar uma nova realidade.

Jung dizia que todo ser vivente tem a capacidade de se auto curar. E esse processo se dá voltando-se para dentro”, diz a artista. “A arte tem esse poder, de nos fazer olhar para dentro, de curar, de despertar”, completa.

A artista plástica Leca Araujo | Foto: Giselle Münger

A artista, cujo trabalho já foi muitas vezes comparado ao da renomada Beatriz Milhazes, acredita que a similaridade está no colorido oriundo da brasilidade que ambas carregam. “Admiro muito o trabalho da Beatriz, como de tantos outros fascinantes artistas brasileiros. Mas a base do meu trabalho é totalmente diferente. Cada obra minha tem muita pesquisa envolvida sobre algum tema ou comportamento social. Além disso, tenho fascínio pela inclusão de materiais reciclados e pela composição de círculos e relevos, o que para mim representa movimento, energia, vida… No entanto, ainda assim, a comparação com Beatriz é uma honra pra mim”, explica Leca Araujo.  

A exposição “Between Mind and Matter” (Entre a Mente e a matéria) vai até 31/08 no Palácio das Nações Unidas em Genebra.

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