Viver - Saúde

O tabagismo tem relação com aproximadamente 50 enfermidades

29 de Agosto de 2021

Anualmente, o tabagismo é responsável direto por mais 7 milhões de mortes no mundo. Os dados apresentados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) reforçam a necessidade da conscientização para os malefícios do uso do tabaco, lembrado neste dia 29 de agosto como o Dia Nacional do Combate ao Fumo.

A doença tabagismo apresenta índice de 63% de óbitos relacionadas a doenças crônicas não transmissíveis, sendo apontada pela OMS como o principal causador de morte evitável no mundo. Ainda que as estatísticas apontem uma diminuição de tabagistas no Brasil, dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) reforçam que 200 mil mortes por ano são causadas pelo fumo.

Na pandemia que evidenciou o sistema respiratório como uma das regiões mais afetadas pelo vírus – causando agravamento nos sintomas da Covid-19 – preocupando tabagistas, o uso do tabaco expõe uma relação com aproximadamente 50 outras enfermidades. De acordo com o INCA, isso se justifica diante do processo causado no sistema humano, em que os fumantes adoecem com uma frequência duas vezes maior do que aqueles que não fumam.

Esse cenário é avaliado por diversos especialistas do setor de saúde como preocupante. A forma como as pessoas podem ser impactadas em sua saúde pelo tabagismo se apresenta como múltipla, necessitada de avaliações e atendimentos específicos diante de cada caso.

O peso do tabagismo no diagnóstico do câncer

A maior das causas de morte evitável no mundo, o tabagismo é responsável de forma direta pelo o desenvolvimento de vários tipos de câncer. A leucemia, o câncer de bexiga, pâncreas, fígado, laringe e pulmão são alguns dos exemplos mais comuns.

De acordo com o que afirma a OMS, cerca de 80% dos mais de um bilhão de fumantes do mundo ficam destinados aos países de baixa e média renda, onde na maioria das vezes as mortes e doenças são mais presentes. O médico oncologista, Rafael de Cicco, ressalta os fatores de riscos relacionadas ao tabagismo no aparecimento de câncer.

“O câncer de garganta, o câncer de boca e o de laringe, por exemplo, são tumores altamente ligados ao tabaco, ele é responsável direto pelo aumento dos riscos de se desenvolver algum tipo de câncer, que pode chegar a ser vinte vezes mais propício comparado a uma pessoa não fumante”, explicou o médico.

Por que é tão importante parar de fumar?

Apesar da comunicação atualmente dispor de informações de fácil acesso à população e, ainda que, as orientações sobre os malefícios que o fumo traz para a saúde sejam alertadas cotidianamente, fumar ainda se apresenta como uma preocupação pouco sensível por parte da população.

De acordo com o médico pneumologista, João Carlos de Jesus, a facilidade do consumo que o cigarro oferece não pode ser confundida com os problemas causados, já que os casos não apresentam sinais em seus estágios iniciais na maioria das vezes.

“Essa doença, habitualmente, não dá sintomas nas fases iniciais e, quando apresenta sintomas como dor, tosse e tosse com sangue, emagrecimento, já são sinais que a doença está avançada e com chance de cura bastante reduzida”, explicou.

A forma crescente de novos métodos variados no hábito de fumar reforçam o alerta para a dependência química. O médico especialista no sistema respiratório ainda reforça que “há um apelo para novos dispositivos, como narguilé e cigarros eletrônicos, que trazem um aumento de nicotina e evidenciam a dependência química já existente”.

Doenças causadas pelo tabagismo ao Aparelho Digestivo

Ao inalar a fumaça gerada pelo cigarro, o fumante – seja o consumidor do produto ou o fumante passivo (pessoa não fumante, mas exposta as consequências do cigarro), traz para dentro de seu organismo substâncias tóxicas, a exemplo da nicotina (responsável por causar a dependência).

Especialista no Aparelho Digestivo, o médico Fernando Furlan explica que “um dos problemas que o tabagismo pode proporcionar são a doença do refluxo, azia, além da gastrite e úlcera, onde algumas dessas substâncias agridem a mucosa do estômago.

De acordo com Fernando Furlan, além de estar propício ao desenvolvimento de câncer em todo o aparelho digestivo, as doenças do fígado, doenças do pâncreas e as doenças inflamatórias intestinais também podem ser proporcionadas pelo tabagismo.

Um fator de risco para os olhos

Ainda que os problemas causados pelo tabagismo estejam relacionados em sua maioria aos casos respiratórios, esse fator também contribui para o desenvolvimento de outras enfermidades. O médico oftalmologista, Daniel Kamlot, faz um alerta sobre a utilização do tabaco em relação a saúde dos olhos.

“O tabagismo pode causar irritação, alergia ou ressecamento ocular devido a fumaça, além de causar a degeneração macular relacionada à idade (DMRI), que acomete a retina, região posterior dos olhos [...] A DMRI pode levar a cegueira e requer tratamento e acompanhamento médico por toda a vida”, explicou.

Fumar pode acelerar o envelhecimento precoce

Uma das teorias do envelhecimento, a oxidação está interligada com a produção de radicais livres, fator que tem aumento significante em pessoas que fumam. Nesse processo o fumante é conduzido ao envelhecimento precoce com a diminuição da produção de colágeno, como explica Natália Penteado, Biomédica Esteta.

“O tabagismo é um grande responsável pelo envelhecimento cutâneo e o envelhecimento geral no nosso organismo, principalmente por haver um aumento dos radicais livre [...] causando flacidez, diminuição da hidratação natural da pele, aumento os riscos de haver câncer de pele”, orientou.

Um inimigo para o coração

Embora que parte da população vincule as principais causas do tabagismo aos problemas respiratórios, a doença está relacionada a outros órgãos, apresentando grandes sequelas. Relacionando a doença com os problemas cardiológicos, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) aponta que fumantes têm de duas a três vezes mais risco de sofrer AVC, doença isquêmica do coração, doença vascular periférica e de 12 a 13 vezes mais risco de ter doença pulmonar obstrutiva crônica.

A médica cardiologista, Alessandra Gazola, esclarece que as relações de agravamento não estão voltadas para o tempo, mas para a quantidade de tabaco absorvido pelo organismo associado ao padrão genético de cada indivíduo.

“Um cigarro é suficiente para que o nosso coração trabalhe de forma mais sobrecarregada, isso estimula o acúmulo de gordura nas paredes das artérias, onde a ocorrência de infartos é facilitada”, afirmou.

Interferência do tabagismo na saúde bucal

A forma como o tabagismo pode interferir na saúde humana se destaca por estar presente em múltiplas maneiras. Dentro da área odontológica, além de propor riscos mais graves ao câncer bucal e a doença periodontal, fumar pode levar a perca gradativa dos sentidos do paladar e do olfato. Além disso, traz a presença de manchas nos dentes e mau hálito.

São esses os fatores reforçados por Sylvio Simioni, cirurgião-dentista, que reforça a importância do cuidado com as substâncias que podem levar ao câncer. “São muitos prejuízos trazidos pelo tabaco, se tratando da saúde bucal o principal deles é o câncer, além dos problemas periodontais, que são as inflamações, infecções e a destruição das estruturas ao redor dos dentes, como a estrutura óssea”, revelou.

Ainda sobre os malefícios trazidos pelo hábito de fumar, o médico recomenda que o melhor meio para que o paciente obtenha êxito no tratamento “está na pausa definitiva do ato de fumar, passando a fazer acompanhamentos regulares, a fim de evitar novas complicações”.

Gravidez de risco é evidenciada pelo uso do cigarro

O período gestacional presume que cuidados com a saúde (da mulher e do feto) sejam mais intensificados. Fumar durante a gravidez, ou manter esse hábito durante os meses de gestação podem colocar em risco a saúde da gestante, bem como trazer prejuízos ao bebê.

De acordo com o INCA, a mulher grávida que fuma aumenta o risco da chance de o bebê nascer com baixo peso, 70% de chance de aborto espontâneo, 40% de chance de ter parto prematuro e 30% de chance de o bebê apresentar morte perinatal. A ginecologista Anne Caroline alerta para o crescimento desses dados.

“O mais indicado é que durante a gravidez esse hábito seja extinto, já que filhos de fumantes adoecem duas vezes mais do que filhos de não fumantes que, além de contribuir para a síndrome da morte súbita do bebê, podem levar a uma capacidade reduzida de sua atividade pulmonar”, orientou a ginecologista.

Ao evidenciar sua preocupação com os problemas causados pelo fumo, Anne Caroline ainda reforçou que o tabagismo pode levar a um risco maior de abortamento.

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