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Com “falhas” na voz e dificuldade para deglutir após ter tido covid? Fonoaudióloga orienta

17 de Maio de 2021

Coordenadora da pós-graduação em fonoaudiologia hospitalar da Faculdade IDE, Jamile Vasconcelos, explica sobre problemas vocais em pessoas que foram infectadas pelo coronavírus

Apesar de já termos vacinas, o coronavírus ainda é uma incógnita até para a comunidade científica, que vem descobrindo novas mutações do vírus, sintomas e sequelas deixadas por quem teve a covid-19. Porém, já se sabe que não há bem uma regra, pois pessoas reagem ao coronavírus de formas diferentes. Algumas, apresentam problemas na voz mesmo semanas após terem tido a doença. Quem precisou ser intubado, dificuldades para deglutir são comuns. E mesmo quem não foi infectado, acabou tendo sua voz afetada nesta pandemia.

Foto: Pixabay

“Em relação à voz, observa-se um esforço para falar maior que o habitual com o uso de máscaras. Apesar de ser fundamental para conter a disseminação do vírus ocasiona uma voz mais abafada e uma articulação (dicção) que não pode ser vista, dificultando a leitura labial, que é uma parte importante da comunicação não verbal”, observa a coordenadora e professora da pós-graduação em fonoaudiologia hospitalar da Faculdade IDE, Jamile Vasconcelos. Além disso, segundo a fonoaudióloga, o ambiente online exigiu de todos vários ajustes, não só de aprendizagem de novos conceitos, mas também de fala e corpo.

“Postura mais sentada ao falar, enquadramento do rosto, eliminando o restante da expressividade corporal nas telas, e um tempo de fala mais prolongado e sem interrupções, como no caso das aulas remotas. Tudo isso pode contribuir para o surgimento de uma alteração vocal”. Problemas vocais e de deglutição também podem ser decorrentes de uma intubação prolongada, que pode provocar lesão das pregas vocais (cordas vocais) e/ou incoordenação respiratória com a voz, a fala e a deglutição.

De acordo com a Dra. Lívia Lima, fonoaudióloga e coordenadora do Departamento de Voz da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, há um estudo de Brodsky MB, Levy MJ, Jedlanek E, et al. (2017), que apresenta a prevalência e a gravidade da lesão laríngea proporcional ao tempo que o paciente precisou ficar intubado, resultando em risco de alteração vocal de (76%) e de alteração da deglutição de (49%) após a extubação.

Para o paciente que teve covid-19, é importante observar se vão persistir os seguintes sintomas: alteração do padrão respiratório, disfunções sensoriais, distúrbio do sono, pigarros, rouquidão ou dificuldade de retorno ao seu padrão vocal habitual por mais de 12 semanas. “Significa que ele pode está na fase crônica da covid, também chamado de LONG-COVID (LIGA DA VOZ, 2021), sendo, portanto, importante atentar-se a persistência de tais sintomas”, orienta a coordenadora da pós-graduação em fonoaudiologia hospitalar da Faculdade IDE, Jamile Vasconcelos.  

Sobre o problema com a deglutição, a fonoaudióloga conta que pode acontecer, principalmente, após a extubação de pacientes, ou seja, após a retirada do tubo de intubação necessário para dar um suporte respiratório em casos de indivíduos com covid-19. “Os idosos estão mais suscetíveis do que os indivíduos jovens, uma vez que as estruturas envolvidas no mecanismo da deglutição já apresentarem um desgaste natural decorrente da idade”, explica Jamile Vasconcelos.

Quando o paciente deve procurar orientação de um fonoaudiólogo?

O paciente que foi infectado pelo coronavírus e sentir algum desconforto na voz/fala e/ou deglutição deve procurar ser avaliado por um fonoaudiólogo para que seja realizada uma orientação personalizada para cada caso e os seus devidos encaminhamentos, segundo a coordenadora da pós-graduação em fonoaudiologia hospitalar da Faculdade IDE, Jamile Vasconcelos. “A fonoaudiologia tem contribuído bastante, principalmente em casos graves de pessoas que foram intubadas e ou evoluíram com sequelas neurológicas”.

Mas, caso ele não procure ou demore procurar orientação de um especialista, os sintomas podem ser permanentes ou mais difíceis de tratar depois? Para Jamile, a avaliação por um fonoaudiólogo é sempre fundamental, “mesmo após o retorno da respiração não artificial, pois alguns sinais identificados numa avaliação podem indicar que a deglutição não está normal, oferecendo risco grave à saúde do paciente. Se identificados, podem ser trabalhados já durante a internação hospitalar, reduzindo inclusive o tempo de internamento”.

A fonoaudióloga lembra ainda que pacientes infectados pelo coronavírus e que evoluíram com problemas de voz ou deglutição podem apresentar quadros temporários de dois ou três dias, como apresentar um quadro mais permanente, a exemplo dos casos de paralisia de pregas vocais (cordas vocais), decorrentes da intubação orotraqueal. Além de procurar orientação de um fonoaudiólogo, a professora de pós-graduação em fonoaudiologia hospitalar dá algumas dicas para minimizar os sintomas vocais trazido pela covid-19:

Faça respirações mais curtas e mais frequentes;

Mantenha uma boa higiene vocal com uma hidratação eficiente;

Faça repouso vocal sempre que necessário;

Para outras orientações e exercícios, o fonoaudiólogo deverá montar o planejamento terapêutico e acompanhar caso a caso.

FACULDADE IDE – A Faculdade IDE, mantida pelo Instituto de Desenvolvimento Educacional, desde 2006, promove pós-graduações na área de saúde, contando com mais de 120 cursos nas áreas de medicina, enfermagem, farmácia, fisioterapia, nutrição, educação física, psicologia e fonoaudiologia. Autorizada pelo MEC, na portaria nº 852, de 30/12/18, passou a oferecer também graduações, como de Estética e Recursos Humanos. Com matriz no Recife e atuação no interior de Pernambuco, como Caruaru, Garanhuns e Petrolina, tem unidades também espalhadas por vários estados do Norte e Nordeste, como Ceará, Bahia, Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte e Belém.

Mais informações (81) 3465.0002, 0800 081 3256 e www.faculdadeide.edu.br.

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