Um dos pilares da Medicina do estilo de vida/integrativa que considero muito importante ao realizar a anamnese do paciente é o sono. Claro, que a avaliação que faço me permite avaliar todos eles: nutrição, exercício, controle e gerenciamento de estresse, sono, e relações saudáveis.
Eles conversam entre si e são variáveis importantes no processo de emagrecimento, isto quer dizer que o segredo de um emagrecimento saudável passa por uma mudança de estilo de vida, deixando de lado a ideia que a genética é fator determinante. Ela pode levar a predisposição, porém, o estilo de vida é quem vai ditar o processo saúde ou doença, confirmando que saúde e nutrição vão além de uma contagem de calorias e/ou a prática de atividades física isolada.
Hoje está bem fundamentada a importância de cada pilar, que emagrecer é um processo sistêmico, e este nutre através do processo de absorção. Não mais aquela máxima que diz: és o que come, e sim és o que de fato absorve. Seja através do intestino, dos pensamentos, dos sentimentos, da relação da pessoa com ela mesma e com os outros.
Tudo que permitimos entrar em nosso corpo tem uma relação direta com a nossa saúde, seja a música que ouvimos, contribuindo para um estado de bem-estar ou agitação, o que assistimos em programas de tv, o que ouvimos, e pasmem, com quem nos relacionamos. Isso mesmo, relações tóxicas aumentando marcadores inflamatórios como IL6 e Tnf Alfa. A ciência da felicidade defende que ser feliz é uma habilidade, e precisamos desenvolvê-la através de práticas diárias, o tipo de relações que temos, a capacidade de reavaliar as emoções, o gerenciamento do stress, e até mesmo a forma como olhamos para o mundo de forma otimista tem potenciais anti-inflamatórios e reduzem riscos de doenças cardiovasculares.
Então a pergunta é: como você está nutrindo seu corpo? O que está absorvendo? O que tem permitido entrar em sua vida?
Essas perguntas são importantes para identificar quais pilares estão precisando de cuidados, pois quando bem ajustados são grandes aliados para a saúde, e no processo de emagrecimento.
Um exemplo disso é a importância de sono de qualidade, já temos literatura suficiente falando da relação de privação de 4h de sono por semana com a obesidade, com envelhecimento precoce, com alterações significativas no cortisol (relacionado ao estresse), ainda sendo este relacionado ao processo inflamatório e o câncer, além dela ter uma excelente ação ansiolítica, e de longevidade.
Isso acontece porque durante o sono produzimos alguns hormônios importantes para saúde, para o combate ao envelhecimento, além da produção da leptina, relacionada a saciedade. Isso explica o porque algumas pessoas que tem privação de sono, tendem a buscar carboidratos refinados, e uma tendência a maior apetite no dia seguinte. Realmente como falavam nossos avós: o sono alimenta!
Mas como funciona esse mecanismo? Na verdade, em nosso organismo existe uma glândula do tamanho de uma ervilha, chamada Glândula Pineal, ela é o centro de controle do nosso relógio biológico, e por isso controla a nossa velocidade de envelhecimento. Isso mesmo, um anti aging, se assim podemos chamar.
A glândula pineal sintetiza e, ao mesmo tempo, utiliza a melatonina para manter o equilíbrio do corpo, manter nosso ciclo circadiano, o que depende de uma boa noite de sono. A ativação da melatonina acontece no ciclo escuro, onde há ausência de qualquer estímulo, até mesmo aquelas luzes azuis que encontramos em ar condicionado, tvs, e equipamentos eletrônicos.
Porém, hoje em dia somos super estimulados por computadores, celulares, leituras justamente na hora do nosso sono, e isso acaba por inativar a melatonina, e interromper todos os benefícios que estão associados a ela.
Além da privação do sono, a dieta também pode interferir, alias a dieta nesse caso é de fundamental importância, primeiro porque em nosso trato gastro intestinal também há produção de melatonina, o que só fortalece que o intestino é mesmo o nosso segundo cérebro, há que já relate como sendo o primeiro. Um intestino íntegro é importante para a manutenção da melatonina, nesse caso o uso de probióticos, o gerenciamento do estresse, o uso de alimentos ricos em glutamina (em alguns casos) vem beneficiar, e regular essa produção. Claro, que estamos falando de uma forma generalista, o ideal é analisar a individualidade bioquímica, pois cada organismo é único, e reage de uma maneira diferente.
Intestino reparado, o passo seguinte é excluir alimentos ricos em carboidratos refinados, o glúten (para algumas pessoas), alimentos com ação excitatória, principalmente aqueles excitatórios cerebrais que chamamos de glutamatérgicos. Sabe um bem conhecido? O famoso molhinho que é usado no sushi, rico em glutamato monossódico. Vários alimentos que contém glutamato monossódico, que potencializa a ação excitatória. Outros alimentos que podem prejudicar o sono são os ricos em “antes”, não os antioxidantes, e sim os ricos em acidulantes, corantes, conservantes, tudo que você consiga identificar no rótulo que não tenha nome de comida, fique de olho, pois quanto maior o prazo de validade do alimento, menor será o seu de vida.
Além de excluir, temos a dieta como aliada ao incluirmos alimentos ricos em triptofano e vitamina B6, zinco, importantes na produção da serotonina como Banana, oleaginosos e etc. Os alimentos com ação relaxante, outros que auxiliam na produção da melatonina ricos em ácido fólico encontrado nos vegetais folhosos verde escuro e na gema de ovo, e ainda alguns chás como camomila, capim santo, Mulungu, lavanda que ajudam na qualidade do sono.
A conclusão que chegamos é que apenas “repor” a melatonina não é suficiente, na verdade é importante pra poupar a glândula, pois a melatonina quando utilizada a noite mimetiza o pico fisiológico, e protege realmente a glândula pineal do envelhecimento precoce. Porém é importante destacar que de nada adianta fazer uso de melatonina, se a dieta não estiver ajustada.
Ficou claro porque preciso tanto do sono?
Em resumo o sono, através do estímulo de alimentos e práticas que ajudam na produção de melatonina, e uma dieta equilibrada pode prolongar sua vida, mas para isso procure um profissional para ajudar você a equilibrar seu organismo, e tenha boas noites de sono.
Dra. Melina Almeida
Nutricionista Clínica
Nutrição Ortomolecular e Nutrigenômica – Fapes SP
Fellowship in Anti Aging Functional Medicine – A4M ( em curso)
Especialista em Medicina/Saude Integrativa – Einsten
CRN6- 16312
Clínica Pátio Dom Luiz 9.8203-4545 – 3121.7151
Instagram @melinaalmeidanutri
Crédito das Fotos: Acervo Pessoal / Tiago Ghidotti - Divulgação