“Nasceu!” Se o assunto é a chegada de um bebê, está aí uma das palavras mais esperadas por todos nós. É ou não é?
Pois bem: se logo após o parto, a mãe apresentar algum tipo de alteração comportamental, precisamos ficar atentos. E se o fato persistir, a ajuda de um profissional se torna imprescindível.
Mas, quando buscar a orientação médica?
A gravidez é um momento de grandes transformações na vida da mulher. Muitas das futuras mamães ficam insatisfeitas com as transfoções que ocorrem decorrentes da gestação, como, por exemplo, o surgimento de estrias, ganho de peso excessivo, melasma (manchas escuras na pele, mais comum na face), entre outros. Há também mudanças no aspecto psíquico e hormonal.
O que acontece, então? As mamães se sentem constrangidas em expor seus sentimentos e frustrações, ainda mais em mundo onde todos postam vidas perfeitas. Pois bem: essas mulheres acham que são as únicas que “não dão conta do serviço”, afastando desta forma a busca por ajuda de um especialista.
Vale lembrar que o quadro pode piorar caso haja problemas durante o parto ou caso o bebê necessite de cuidados na UTI neonatal.
Baby blues versus Depressão Pós-parto: entenda a diferença
O conhecido ‘baby blues” é um quadro autolimitado em que a mulher fica irritada, chora demais, tem labilidade de humor e seu comportamento torna-se hostil, podendo persistir por até duas semanas.
Já na depressão pós-parto os sintomas são mais intensos e ultrapassam os quinze dias após o nascimento do bebê. Tais sinais podem, inclusive, fazer com que a mãe não consiga realizar nem as suas atividades diárias, além de apresentar insônia e falta de apetite.
Há casos raros em que ocorre ainda a psicose puerperal, geralmente de forma abrupta, sendo mais frequente nas duas primeiras semanas após o nascimento da criança. Os sintomas são: alucinações, estado de confusão mental, depressão e sintomas maníacos.
O ‘baby blues” acomete entre 50 a 85% das mulheres. Na depressão o número é menor: 13% durante a gestação. Contudo, este número aumenta consideravelmente após o parto. Portanto, é preciso atenção aos sintomas mesmo antes do bebê nascer, pois os indícios depressivos muitas vezes passam despercebidos. E caso haja algum sinal dos sintomas citados, busque imediatamente a orientação médica. Não perca tempo!
Quem está mais suscetível a esse tipo de depressão?
Qualquer mulher pode desenvolver a depressão pós-parto, mas ela é mais prevalente em pessoas com histórico de depressão prévio, gravidez indesejada, ou traumas de violências.
O bebê também sofre
Já há estudos que mostram o impacto que a depressão causa ao bebê ainda dentro da barriga da mãe, como a restrição de crescimento, o baixo peso ao nascimento ou até mesmo um trabalho de parto prematuro.
Tais impactos podem persistir, levando a criança a ter problemas comportamentais. Ela fica, inclusive, propensa a desenvolver transtornos psicológicos na adolescência.
Prevenção e tratamento
Infelizmente ainda não há uma forma de se prevenir a depressão pós-parto, porém, devemos ficar atentos a mudanças de comportamento, principalmente naquelas com histórico depressivo prévio.
Apenas 18% das gestantes e puérperas procuram tratamento e isso pode impactar para sempre em suas vidas. Oferecer apoio e orientar a mulher a procurar ajuda de um profissional é o primeiro passo a ser dado. Se há histórico depressivo prévio à gestação, uma nova orientação médica deve ser buscada imediatamente após o diagnóstico da gravidez.
Vale ressaltar que, além das medicações disponíveis no mercado e a realização de terapia, a ajuda de familiares e amigos é fundamental para que as mulheres consigam passar por esse momento tão especial na vida, que é a gravidez e o pós-parto, de uma forma prazerosa.
Colaboração:
Dra. Anne Caroline Andrade – Ginecologista e Obstetra
E-mail: anne_csa@yahoo.com.br