Entrevista exclusiva! Parceiro de Radamés Gnattali, Elizeth Cardoso, Clara Nunes, Beth Carvalho e outros importantes nomes, Vespar ficou recluso por anos e agora é homenageado em concertos e novo álbum de Paulo Martelli, um dos maiores violonistas do mundo. Vale frisar que Vespar está vivo e com 82 anos de idade.
Recluso há anos e sem deixar de compor, mas foi ficando esquecido. Inúmeros estudos para violão, uma infinidade de notas que resgatam a mais bela época da música popular brasileira. Há quem pense que um artista desaparece quando para de trabalhar. Não é o caso, Geraldo Vespar continua escrevendo sua própria história com um violão a tiracolo. O imenso zelo pelas partituras fez com que este compositor de 81 anos jamais as liberassem para gravação. Um encontro com o violonista Paulo Martelli, nos Estados Unidos, fez com que isso fosse repensado e agora o mestre será homenageado em disco e concertos em São Paulo, Rio de Janeiro, Ribeirão Preto e Araraquara.
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Paulo Martelli fazia seu mestrado na Juilliard School of Music quando conheceu Geraldo Vespar, quando realizava sua doutorada na Manhattan School of Music nos anos 90. Martelli convenceu Vespar a permitir a gravação de seus Estudos Populares Brasileiros e já no ano de 2000, em um CD intitulado Roots, dois, destes estudos, foram lançados. O CD Roots, lançado por um selo americano, recebeu duas edições no exterior, mas nunca foi lançado no Brasil. Vinte anos depois o reencontro resultou em um trabalho fundamental para a música no mundo, o CD 20 Estudos Populares Brasileiros para Violão, de Geraldo Vespar. O lançamento será feito com três concertos em São Paulo, Araraquara e Ribeirão Preto, realizados via ProAC. E um no Rio de Janeiro.
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Com o selo GuitarCoop, o álbum traz um conjunto de obras nacionalistas, e partituras inéditas, explorando ritmos, melodias e harmonias da MPB e da Bossa Nova. “A perda de um dos maiores representantes da Bossa Nova ainda é muito recente e trazer um trabalho com esse cunho, da música que referenda o Brasil para o mundo, é mais importante do que nunca”, conta Martelli, lembrando o falecimento de João Gilberto. “A obra do Vespar são poemas e fotografias de uma das melhores e mais intensas épocas da música brasileira”, completa.
Aqui mais detalhes sobre vida e carreira de Paulo Martelli:
CV - A vocação pelos instrumentos musicais de corda se revelou em que idade, Cite um fato interessante quando criança.
"Iniciei meus estudos musicais muito cedo com piano, que é também um instrumento de cordas, porém percorridas. O violão, que se enquadra em instrumentos de cordas dedilhadas, aconteceu depois aos 10-12 anos de idade. Eu era apaixonado por piano, sou até hoje, mas as dificuldades financeiras para adquirir um instrumento e o fato da minha professora de piano se mudar de Campinas quando eu tinha 9-10 anos de idade me levaram estudar o violão, instrumento que meu irmão Pedro Martelli já tocava extremamente bem naqueles tempos. Sou canhoto e durante meses meu irmão estudava e trocava as cordas para eu praticar, depois voltava as cordas ao normal para ele estudar, uma vez que tínhamos só um instrumento. Depois de algumas semanas fazendo isso eu tive de desistir de tocar violão ao contrário, com as cordas invertidas como os canhoneiros fazem. Passei então a estudar da forma usual e numa mais mudei".
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CV - Como você vê a música clássica no Brasil e nos dias atuais?
"Há vários projetos entidades interessantes mantendo o ensino e a tradição da música erudita no Brasil. Podemos destacar entre eles: a Associação Sociedade de Cultura Artística, a Fundação Magda Tagliaferro, o Movimento Violão, a GuitarCoop e a Cia Minaz. Embora nosso país enfrente um dos piores momentos históricos na educação e na cultura, estas entidades se mantém firmes na proposta e tradição de trabalhar pela música erudita no Brasil. "
CV - Como é ser considerado um dos melhores violonistas da sua geração?
"É algo que envolve uma grande responsabilidade, exigindo muito estudo para manutenção e desenvolvimento constante, a fim de manter um alto nível em todos os trabalhos que me proponho a desenvolver. "
CV - O que representa o projeto “20 Estudos Populares Brasileiros para Violão, de Geraldo Vespar” na sua vida.
"Representa a chance de apresentar algo inédito que acredito ser uma grande contribuição no repertório do violão. Ao mesmo tempo, fazer jus a um dos nossos grandes compositores."
CV- Qual um dos seus melhores momentos na Música durante a carreira?
"Creio que o melhor momento sempre é aquele que estamos vivendo hoje. Eu realmente acredito neste projeto e na importância que é trazer este repertório à tona. São peças escritas até a 30 anos atrás e refletem um momento muito especial na nisso música: a Bossa Nova. O lançamento do CD e do álbum de partituras contento os 20 Estudos Populares Brasileiros disponibilizam pela primeira vez este trabalho centrado na tradução e registro da linguagem da nossa MPB para o violão"., conclui o músico.
Shows- São Paulo – UNIBES Cultural
Data: 19/10
Horário: 20h
Ingresso gratuitos. Retirar uma hora antes do evento.
Araraquara – SESC Araraquara
Data: 26/10
Horário: 20h
Ingresso gratuitos. Retirar uma hora antes do evento.
