Ontem à noite de autógrafos e lançamento do CD Martinha: Minha História trouxe a presença de velhos amigos da cantora.
Gravado ao vivo no Teatro Itália em 15 de abril, o show tributo à cantora e compositora Martinha foi lançado na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo. O encarte inclui depoimentos de Roberto Carlos e de Erasmo Carlos. Um luxo.
Marta Vieira Figueiredo Cunha, a Martinha, nasceu em Belo Horizonte. Desde cedo a arte fez parte de sua trajetória, quando, ainda na infância, frequentava aulas de balé e estudava piano clássico. Na adolescência, veio o interesse pela Jovem Guarda, então em franca ascensão.
A pedido da filha, Dona Ruth, mãe de Martinha, com a ajuda de um amigo, que era divulgador da CBS em Belo Horizonte, conseguiu organizar um encontro entre a filha e Roberto Carlos na capital mineira, no dia 06 de julho de 1966. Nesse encontro, Martinha pode cantar e mostrar a Roberto Carlos seu talento vocal. O cantor decidiu que iria ajudá-la, dizendo à artista e à sua mãe para irem para São Paulo. Meses depois, mãe e filha rumam de ônibus para a capital paulista, onde suas vidas iriam mudar.
Depois de uma conversa com Roberto Carlos, ficou decidido que Martinha estrearia no programa Jovem Guarda. Não era usual acontecer isso; geralmente os artistas convidados para o programa já tinham suas carreiras em andamento, o que não era naquele momento o caso de Martinha. Depois de tudo decidido, mãe e filha voltaram para Belo Horizonte, e foi nessa volta que Martinha compôs “Barra Limpa”, uma música que fazia uma pequena descrição do líder da Jovem Guarda, que tanto a ajudara naquele momento. Inicialmente a cantora participava do programa Jovem Guarda a cada duas semanas. O tempo passou, a carreira da artista foi decolando e ela foi contratada pela TV Record para fazer parte do elenco fixo do programa.
A projeção da artista cresceu e ela tornou-se nome conhecido nacionalmente, fez carreira internacional, gravou diversos discos, participou de inúmeros programas de TV etc, mas o que muitos não sabem é que muitos dos sucessos da artista e até de outros cantores foram compostos pela própria Martinha.
Em um período em que eram raras as mulheres compositoras, Martinha tinha um repertório autoral. Suas canções foram gravadas por Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Hebe Camargo, Paulo Sérgio, Angela Maria, Nelson Ned, Ronnie Von, Fafá de Belém, Chitãozinho e Xororó.
Este disco, "Martinha: Minha História", gravado no Teatro Itália no dia 16 de abril de 2019, traz esse lado da artista, a compositora. A homenagem, produzida por Thiago Marques Luiz, lança luz sobre as composições de uma artista que até então não tinha recebido as devidas homenagens. No show, temos canções românticas, choro, samba, mostrando de forma eclética o cancioneiro da artista. São muitos os convidados.
Há os amigos de longa data como Claudette Soares, Sérgio Reis, Sílvio Brito, Maria Alcina, Luiz Ayrão; artistas da nova geração, que trouxeram um frescor às composições de Martinha, como Ayrton Montarroyos, Érika Martins, Rha issa Bittar, Helio Flanders e Flavia Bittencourt; artistas que a cantora já admirava e que aceitaram fazer parte do show, como Cida Moreira, Adryana Ribeiro, Celia e Celma, Altemar Dutra JR, Vera Lúcia e Wanessa Camargo; dois amigos que já haviam gravado as canções da artista em seus discos e as cantam no show, Gilliard e Agnaldo Timóteo; e, encerrando o disco, a colega de Jovem Guarda, Wanderléa.
O show ao vivo, agora em disco, preenche uma lacuna na história da música brasileira que, muitas vezes, deixou de valorizar as mulheres compositoras e os artistas ligados à Jovem Guarda. As canções aqui gravadas nos permitem fazer uma viagem pelo cancioneiro de Martinha e nos mostra a sua importância como compositora na música brasileira.
Mais uma obra do meu amigo talentoso Thiago Marques Luiz, responsável pelo retorno de muitos grandes nomes esquecidos pela midia e que fazem parte da história e curriculo da Música Brasileira. Um resgate das grandes vozes. Thiago é um dos melhores produtores musicais do planeta e eu conheço sua batalha e luta para se tornar o profissional reconhecido que é hoje. Aplausos e gratidão.
Na ordem do disco, as 20 faixas do CD Martinha – Minha história:
1. Confissões (1986) – Ayrton Montarroyos
2. Tudo (2000) – Claudette Soares
3. Eu daria a minha vida (1967) – Wanderléa
4. Aqui (1969) – Sérgio Reis
5. Barra limpa (1969) – Érika Martins
6. Batuque na minha janela (1970) – Maria Alcina
7. Presente de Deus (Martinha e César Augusto, 1986) – Agnaldo Timóteo
8. Pouco a pouco (Martinha e César Augusto, 1982) – Gilliard
9. Eu te amo mesmo assim (1967) – Cida Moreira
10. Vestido branco (1970) – Rhaíssa Bittar
11. Deixei (1969) – Helio Flanders
12. Ele (1980) – Célia & Celma
13. Como é que vai ficar? (1975) – Luiz Ayrão
14. Somos apaixonados (1969) – Flávia Bittencourt
15. Eu quero a América do Sul (1983) – Altemar Dutra Jr.
16. Que homem é esse? (Martinha e César Augusto, 1986) – Adryana Ribeiro
17. Estou apaixonada por um velho amigo (Martinha e Iranfe, 1988) – Vera Lúcia
18. Queixas (Martinha e César Augusto, 1985) – Wanessa Camargo
19. Não está sozinho quem tem Deus do lado (Martinha e César Augusto, 1981) – Silvio Britto
20. Sendo filha de quem sou – Poema declamado por Martinha