Colunistas - Rodolfo Bonventti

A saga dos imigrantes que conquista audiência e prestígio para a Bandeirantes

1 de Abril de 2019

Um dos mais belos textos da nossa teledramaturgia foi criado por Benedito Ruy Barbosa, em 1981, para exibição na TV Bandeirantes e ficou no ar por mais de um ano. Era a novela “Os Imigrantes” uma proposta audaciosa e cara que na época emocionou o público, conquistou a crítica e roubou pontos importantes no horário das novelas das 18h e das 19h da TV Globo.

“Os Imigrantes” estreou em 27 de abril de 1981, no horário das 18h30, e se transformou na mais longa (333 capítulos) e no maior sucesso em termos de novelas da TV Bandeirantes. Teve em seguida uma continuação, “Os Imigrantes – Terceira Geração”, essa escrita não mais por Benedito, mas por Renata Pallottini e Wilson Aguiar Filho.

Com um texto brilhante, Benedito contou a saga dos imigrantes italianos, portugueses e espanhóis que ajudaram a construir o Brasil. Tendo três jovens de nacionalidades diferentes, mas que embarcam no mesmo navio em busca de uma vida melhor, como personagens centrais da história, o autor homenageou a colônia italiana por meio do personagem Antonio di Salvio (muito bem interpretado na primeira fase por Herson Capri e depois em uma criação inesquecível de Rubens de Falco na segunda fase da novela). A colônia portuguesa esteve representada pelo Antonio Pereira (na primeira fase com o bom David Arcanjo no papel e na segunda com um brilhante desempenho de Othon Bastos). Os espanhóis estavam presentes com Antonio Hernández, o mais briguento e azarado deles, o último a se realizar financeiramente, vivido na primeira fase pelo ator espanhol José Piñero e na segunda em boa caracterização do veterano Altair Lima.

A direção foi outro ponto forte da novela que teve Atílio Riccó, Henrique Martins e Antonio Abujamra à frente, com cenas visualmente muito bonitas e impactantes, cenários e figurinos de época perfeitos, afinal a história se passa inicialmente no final do século XIX e depois no final dos anos 1920.

A primeira parte da novela, composta de 24 capítulos, arrebatou o público, a crítica especializada e a audiência, e revelou os talentos de duas jovens atrizes: Lúcia Veríssimo e Solange Couto, a primeira como Isabel, a herdeira do fazendeiro que “compra” os imigrantes e que se apaixona pelo italiano Antonio de Sávio, e a segunda como a dama de companhia Bá, que se apaixona pelo Antonio português e tem um filho com ele, embora ele a abandone antes da criança nascer.

Na segunda parte, a novela se transforma em um retrato vivo do Brasil nos anos 1920 e 1930, com todas as dificuldades que o país passou com a queda da Bolsa americana e a crise do nosso café. É também nessa parte que entra mais uma colônia importante na história da imigração no Brasil: os sírios e libaneses, representados pelos personagens de Dionisio Azevedo (Tufik), Luis Carlos Arutim (Youssef) e Flora Geny (Rosita).

Um dos maiores elencos já reunidos em uma mesma produção marcou a novela. Na primeira fase o elenco era bem reduzido com Herson, David, Piñero, Lúcia, Solange e mais Rolando Boldrin em uma brilhante caracterização como o fazendeiro Décio, Norma Benguell, Luiz Armando Queiroz, Ênio Santos, Manfredo Colasanti, Sonia Samaia, Cilas Gregório, Elza Maria, Carlos Briani e Márcio de Lucca.

A seguir, quando 25 anos se passaram, um grande elenco se reúne em torno de Rubens de Falco, Altair Lima e Othon Bastos, com as presenças de Yoná Magalhães, extraordinária como a espanhola Mercedez; Maria Estela vivendo Isabel; Chica Xavier como a Bá e mais Sandra Barsotti, Valdir Fernandes, Fúlvio Stefanini, Cristina Mullins, Gésio Amadeu, Elizabeth Gásper, Ísis Koschdoski, Fausto Rocha Junior, Baby Garroux, Paulo Castelli, Riva Nimitz, Agnaldo Rayol, Nicole Puzzi, Arlindo Barreto, David Leroy, Lizette Negreiros, Arnaldo Weiss, Cláudia Alencar, Maria Aparecida Baxter, Hélio Cícero, Tacus, Solange Theodoro, Marcela Muniz, Matheus Carrieri, Cristiane Rando, Cláudio Corazza, Lília Cabral, Taumaturgo Ferreira, Leonardo Camilo, Lilian Vizzachero, Virginie Adéle, José Parisi Junior, Heloísa Machado, Patrícia Figueiredo, Paulo Novaes, Carmem Marinho, Yara Grey, Carlos Takeschi, Felipe Donovan e Midori Tange.

“Os Imigrantes” foi um marco na teledramaturgia brasileira, na carreira do autor Benedito Ruy Barbosa e na história da TV Bandeirantes, chegando a alcançar 20 pontos de audiência no Ibope.

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