Por Dr. Marco Lipay
É importante conhecermos os fatores de risco para o câncer de bexiga, pois podemos mudar hábitos e instituir boas práticas ao cotidiano e assim diminuir a chance de desenvolver essa neoplasia ao longo da vida.
Atualmente, o tumor de bexiga também conhecido como urotelioma vesical ou carcinoma de células transicionais de bexiga, constitui-se a quarta doença neoplásica (câncer) em incidência no homem nos Estados Unidos e a oitava causa mais comum de mortes por câncer. Na grande maioria das vezes, desenvolve-se de modo assintomático e muitas vezes é identificado pelo paciente ao urinar sangue e não apresentar dor, motivo este que o leva a consultar um Urologista, médico especializado em doenças do aparelho urinário.
Estima-se que 81190 novos casos de câncer de bexiga (cerca de 62.380 em homens e 18.810 em mulheres) e 17240 óbitos ocorreram nos Estados Unidos em 2018 (cerca de 12.520 em homens e 4.720 em mulheres). A incidência aumenta com a idade, sendo que geralmente o diagnóstico é realizado entre a sexta e a oitava décadas de vida, com predomínio da incidência para pacientes do sexo masculino, na razão de 4:1. Nos Estados Unidos, a incidência do urotelioma vesical é duas vezes maior em pacientes brancos do que em negros, sendo mais comum nas cidades industrializadas.
No Brasil, estimam-se 6.690 casos novos de câncer de bexiga em homens e 2.790 em mulheres para cada ano no biênio 2018-2019. Esses valores correspondem a um risco estimado de 6,43 casos novos a cada 100 mil homens, ocupando a sétima posição; e de 2,63 para cada 100 mil mulheres, ocupando a 14ª posição em incidência, segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer).
Sabe-se que a manifestação do tumor vesical relaciona-se ao tempo prolongado de exposição do urotélio (tecido que reveste o interior da bexiga e que fica em contato com a urina)aos agentes carcinogênicos, que estão associados, principalmente, ao hábito de fumar, atividades profissionais, além do uso crônico de drogas quimioterápicas como a ciclofosfamida eradioterapia na região pélvica. Outras causas menos frequentes lembradas, são: cálculos urinários ou cateteres de urina deixados na bexiga por muito tempo, defeitos congênitos (anomalias da anatomia ao nascimento) e fatores genéticos.
Destacamos que o hábito de fumar é o fator de risco mais importante para o câncer de bexiga. Fumantes têm pelo menos 3 vezes mais chances de ter câncer de bexiga do que os não-fumantes. Este hábito é responsável por aproximadamente metade de todos os cânceres de bexiga em homens e mulheres.Nesta questão inclui-se também pessoas que não fumam e estão em íntimo contato com tabagista, ou seja: respiram a mesma fumaça do cigarro e são conhecidos como “fumantes passivos”.
Os trabalhadores de indústrias química também podem ter um maior risco, principalmente os das indústrias que são fabricantes de borracha, couro, derivados de petróleo, solventes, têxteis e produtos de pintura.
Outros trabalhadores com um risco aumentado de desenvolver câncer de bexiga incluem pintores, maquinistas, impressores, cabeleireiros (provavelmente devido à grande exposição a tinturas de cabelo) e motoristas de caminhão (provavelmente devido à exposição a fumaça de diesel).
O tabagismo e exposições no local de trabalho podem agir em conjunto para uma maior probabilidade de desenvolver o câncer de bexiga.
A grande pergunta é : O câncer de bexiga pode ser prevenido?
Alguns fatores de risco, como idade, sexo, raça e histórico familiar não podem ser controlados, mas podemos diminuir o risco não fumando, limitando o tempo de exposição à determinados produtos químicos no local de trabalho, além de seguir as boas práticas de segurança no trabalho.
Dica:
- Não Fume,
- Beba muita água e quando você sentir vontade de urinar, não segure por muito tempo, urine!
- Coma muitas frutas e legumes, alguns estudos sugerem que uma dieta rica fibras pode ajudar a proteger contra o câncer de bexiga entre outros.
Sobre o Autor
Dr Marco Lipay
Doutor em Cirurgia (Urologia) pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo)
Titular em Urologia pela Sociedade Brasileira de Urologia
Membro Correspondente da Associação Americana de Urologia
Autor do Livro Genética Oncológica Aplicada a Urologia