Bonita, ágil, confortável, econômica...vai dar trabalho para a concorrência. Fotos: BMW Divulgação |
A primeira BMW de baixa cilindrada
A convite da BMW participamos do lançamento da tão aguardada G 310R no Haras Tuiuti, interior de São Paulo.
A primeira grata surpresa foi com o porte e beleza da moto, ela é muito mais bonita in loco do que nas fotos e seu porte aparenta ser de maior cilindrada, o que já não é surpresa, vindo de uma BMW, é o acabamento e detalhes: indicador de direção escurecido, lanterna traseira em LED, garfo dianteiro invertido de 41 mm dourado, belas rodas de liga leve.
Durante a apresentação, o engenheiro Marco Truzzi esmiuçou toda parte técnica do produto e especialmente a concepção do motor que tem a inclinação do cilindro para trás, desenvolvido “open-deck” e o cabeçote rotacionado em ângulo de 180º reduzindo o centro de gravidade e que o afasta em relação à roda dianteira. Esta configuração do motor, favorece uma distância curta de entre-eixos que se traduz em maior agilidade e estabilidade. Com o motor nessa posição, ele fica praticamente escondido entre as carenagens e o escape sai por trás do cilindro, reduz o peso, pois tem menos escapamento ou tubo e afasta o calor do radiador. Gostaria de mostrar fotos e detalhar mais a concepção do motor, que tecnicamente leva a crer ter uma manutenção fácil, descomplicada, dentro do praticado, em valores, pelo concorrência no segmento, todavia, tal material não foi disponibilizado pela BMW.
Pilotando
Ao montar você se sentirá vestido na moto, não tem aquela coisa de apertadinho, ela é realmente avantajada no porte. Pernas, com pés nas recuadas pedaleiras, abraçam o pequeno grande tanque, pequeno em capacidade, só 11 litros, grande fisicamente para dar harmonia a todo conjunto. Braços bem relaxados em um guidão largo, punhos com bom acabamento e botões todos em seus devidos lugares que propicia uma pilotagem intuitiva, algo importante no trânsito. Único senão, é para o botão de luz alta fixo, que com a existência do lampejador no dedo indicador esquerdo, poderia ser trocado para acionar as informações do completo painel em LCD que mostra: velocidade, hodômetros total e parciais 1 e 2, marcha engatada, barra de rotações do motor ou conta-giros, relógio, nível de gasolina e outras funções que agora não lembro e, não vi no press release e fica para a avaliação mais completa. Gostei muito da ergonomia e conforto do conjunto, especialmente do banco com altura de 785mm e que será oferecido com 760mm e 815 mm, como opcionais.
Uma moto que vai contentar experientes e novatos, homens ou mulhers de estatura alta ou baixa |
Zerei o hodômetro, liguei a G 310R e o som é agradável, logo ao sair, você nota a leveza e maciez da embreagem (multidisco banhada a óleo) um câmbio preciso, cujas 1ª e 2ª marchas são bem curtas. Demos uma volta no circuito com duas chicanes para simular o trânsito, sendo necessário manobrar a 90º como se fosse ziguezaguear entre carros e já pude notar que o ângulo de esterçamento é pouco, fizemos exercícios em baixa velocidade para ser mostrado a maneabilidade da moto que realmente é um primor e seu baixo peso, apenas 158,5 Kg em ordem de marcha.
Aqui ao lado da novidade. |
Depois dos exercícios, fomos liberados a andar como quiséssemos no circuito e aí, pudemos notar as qualidades superlativas da G 310R em termos de estabilidade, maneabilidade em baixa, média e alta velocidade e principalmente freios. “Rapaiz” ela freia muito. Equipada na dianteira com um disco de 300mm de diâmetro, pinça fixa de quatro pistões e na traseira com disco de 240, com pinça flutuante de dois pistões, ambos usando flexível do tipo “aeroquip”, os freios mostraram boa progressividade e potência, o ABS não é intrusivo, e o mais importante não demonstrou fadiga, ou seja, não perdeu eficiência mesmo com o excesso ou abuso na utilização, MAS, não podemos esquecer que estávamos em circuito onde o asfalto é bem melhor que nas ruas e com os excelentes pneus Pirelli Diablo Rosso II a aderência estava perfeita.
Quanto a suspensão a dianteira conta com 140mm e a traseira com 131 mm de curso com ajuste de pré-carga do amortecedor e acreditamos que vai dar conta do recado nas esburacadas e onduladas ruas de São Paulo e do Brasil afora. A questão é que mesmo levada ao limite em um circuito, com ajuste “default” se mostrou bem ajustada, não afunda em demasia nas fortes freadas e acelerações, vamos averiguar como se sai com garupa.
Ergonomia nota 10. Nada de botão de buzina invertido com seta. |
Dado existência do lampejador. Botão de luz alta podia acionar computador de bordo |
O motor de 313 cc, monocilíndrico, 4 válvulas, com 34 cv a 9.200RPM e 28Nm ou exatos 2,85 Kgfm de torque a 7.500RPM com injeção eletrônica, refrigeração líquida, transmissão final por corrente, realmente surpreendeu.
Como já dissemos, as duas primeiras marchas são bem curtas, o circuito é bem travado e não conseguimos engatar uma 5ª marcha que vai ficar para a avaliação completa no ambiente urbano e rodoviário, mas além da boa distribuição de peso, maneabilidade, freios, a G 310R surpreendeu pelo menos até a 4ª marcha, pela baixa vibração, mesmo levada aos extremos, a pouco mais de 10.000RPM, quando acendia uma discreta luz branca no painel, que não é shift-light, pela boa linearidade de aceleração, explico: por vezes, na subida em curva, deixava a velocidade cair para 25, 30km/h e bastava meter a mão no acelerador para ver subir o giro gradualmente, sem qualquer engasgo ou pedido de redução de marcha, a rotação subir, quase todas monocilíndricas fazem isso, mas, isso justifica porque o tanque tem apenas 11 litros, a BMW que afirmou ter desenvolvido a G 310R e rodado muito no Brasil com nosso peculiar combustível, trabalhou para a moto ser econômica e certamente, dependendo da mão do condutor sua autonomia deve ficar entre o mínimo de 250, a média de 280 e o máximo de 300 km com um tanque de combustível. É uma excelente marca, que vamos confirmar.
Após pouco mais de 30km rodados no circuito de Tuiuti, afirmo que a G 310R causou excelente surpresa.
Federico Alvarez orgulhoso pela G 310R. |
Além de piloto, com boa tocada, entusiamado, estava Federico Alvarez, diretor da BMW Motorrad do Brasil: "estamos empolgados com a chegada da nova G 310R às ruas brasileiras. Mais do que marcar o início de uma nova história da BMW Motorrad no Brasil, o modelo reflete o espírito da marca em inovar e quebrar paradigmas. Tecnologia, desing, perfomance e ABS de série, além de manutenções programadas com maior tempo de revisão foram prensados no cliente do Brasil".
A BMW aposta todas suas fichas no primeiro produto de baixa cilindrada, trazendo todo seu “Know-how” de marca Premium e não temos dúvida de que vai conquistar novos clientes que sempre desejaram a marca e fidelizar os clientes de alta cilindrada que almejavam algo menor para rodar durante a semana sem sair das três letras, todavia, a marca precisa mudar alguns conceitos para ter sucesso nesse segmento, por exemplo: por que não divulgar as marcas das suspensões? Perguntando a assessoria de imprensa se a suspensão dianteira era Kayaba, algo detectado mas não certo, tivemos como resposta que “a BMW por questões estratégicas, não revela a nome de fornecedores específicos”. Qual o problema nisso, se seus concorrentes como Yamaha utiliza Kayaba na MT-03, Kawasaki utliza Showa na Z300 e a KTM utiliza WP na 390!?!?!. BMW o perfil de consumidor não vai fazer todas as revisões no concessionário, salvo se o valor for muito, mas muito convidativo e vale lembrar que em caso de sinistro é necessário tal informação seja para a seguradora, seja para o consumidor comprar onde quiser e for melhor o preço, além das necessárias especificações. Note que este perfil de consumidor que querem conquistar, não chegam na concessionária e simplesmente passam o cartão de crédito como ocorre nas motos de alta cilindrada.
O produto é excelente, tem tudo para ser sucesso, mas na prática, será necessário informar o que usa e quanto custa a manutenção, como já faz a concorrência com valores fixos.
O canal está aberto.