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Assim como as mulheres passam pela experiência da menopausa, o homem de meia idade passa por um processo similar conhecido como Andropausa ou DAEM, sigla que significa distúrbio androgênico do envelhecimento masculino. Ele decorre da diminuição da produção de testosterona, hormônio masculino produzido nos testículos.
Este tipo de problema é pouco conhecido pelo público leigo, e com o envelhecimento da população, o assunto passou a ter importância crescente. Os próprios homens passaram a cuidar mais da saúde, e a buscar qualidade de vida, justamente quando atingem a maturidade e uma estabilidade econômica.
Nem todos os homens terão sintomas de Andropausa ao longo da vida. Sabidamente, após 40 anos de idade, existe um descréscimo dos níveis de testosterona de cerca de 1 % ao ano. Aproximadamente 20 a 25% dos homens acima dos 50 anos de idade sofrerão de DAEM e necessitarão de alguma forma de tratamento (Fonte: Sociedade Brasileira de Urologia).
Os sintomas mais comuns são: diminuição de libido (desejo sexual), do desempenho sexual e da freqüência sexual, cansaço físico e mental, irritabilidade e mau humor, perda de massa muscular, aumento da gordura da região abdominal, perda de pêlos, e alteração da textura da pele que fica mais fina e, em alguns casos, até osteoporose que aumenta o risco de fraturas.
Muitos homens acabam por não procurar os médicos por desconhecimento ou por atribuir os sintomas a estresse ou a dificuldades do cotidiano. O quadro clínico evolui de forma lenta e progressiva, e isto também contribui para retardar o diagnóstico.
Estudos revelam que os níveis de testosterona interferem no risco cardiovascular e na síndrome metabólica. O mecanismo desta associação é que o aumento de gordura abdominal da DAEM desencadeia a produção de fatores inflamatórios, entre os quais a proteína C reativa. Os processos inflamatórios agudos desempenham papel fundamental no desenvolvimento de aterosclerose e no envelhecimento em geral. A diminuição dos níveis de testosterona está interligada com males crônicos como diabetes tipo 2, obesidade, hipertensão e dislipidemia (colesterol alto). Este conhecimento é recente, e comprova a importância do diagnóstico e tratamento da DAEM.
O tratamento moderno da DAEM consiste na combinação de dieta balanceada, prática regular de atividade física, e terapia hormonal, a base de medicamentos orais, injetáveis intramusculares, adesivos e gel transdérmicos, ou implantes subcutâneos. Nem todos os pacientes com DAEM podem receber terapia hormonal e ela é contraindicada nos casos de portadores de câncer de próstata, câncer de mama, e portadores de sintomas prostáticos por HPB (hiperplasia benigna de próstata). O acompanhamento com urologista é necessário, sendo obrigatórios a dosagem de PSA e toque retal antes do início de qualquer tratamento hormonal.
Flávio Iizuka é Doutor em Urologia, membro titular da Sociedade Brasileira de Urologia (TISBU) e membro correspondente da American Urological Association (AUA);