Colunistas - Bem Estar e Saúde

O que outras culturas podem ensinar sobre limpeza

14 de Novembro de 2016
 

É uma quarta-feira. O despertador toca e você demora um pouco mais a sair da cama. E quando consegue, é naquele mau humor. Afinal de contas, depois de preparar o café e levar as crianças na escola, você precisa fazer uma tarefa que dá dor de cabeça só de pensar: limpar a casa.

Você já sentiu isso? Se a resposta for sim, você não é o único. Muitas pessoas consideram a limpeza da casa uma atividade, no mínimo, penosa. Porém, nem todas pensam assim sobre esse hábito que, apesar de sofrido pra muita gente, é muito importante para a saúde física e emocional.

Limpar, rezar e organizar

Se você apostou todas as fichas que esse subtítulo remete ao filme “Comer, Rezar e Amar”, está absolutamente correto. Nesse drama, a protagonista Liz (Julia Roberts) decide passar um tempo viajando por três países para descobrir quem realmente é e o que fará dali por diante.

Depois de comer muita pizza na Itália, sua próxima parada foi a Índia para fazer um retiro espiritual (ou ashram, em híndi) e meditar, trabalhar no templo e rezar. Se você viu o filme, talvez se lembre de que, uma das atividades previstas para acalmar a mente e se conectar, era a limpeza.

É notável a evolução da Liz em seu período na Índia: aprendeu a ficar em silêncio e ouvir sua alma, seus sentimentos mais profundos; deixou o passado para trás e passou a focar no presente com a prática da meditação; e conseguiu perceber a beleza por trás das pequenas coisas.

Agora, muitos devem estar se perguntando: mas não foi só a limpeza que fez isso, certo? Sim, porém, o filme mostra que essa atividade fez parte de um contexto para que todas essas mudanças pudessem, de fato, acontecer.

Remover a sujeira do espírito

Essa é a finalidade da faxina para os budistas, que costumam começar o dia limpando os ambientes. Para eles, a limpeza traz uma sensação de plenitude e ajuda a viver melhor. É o que afirma o monge Keisuke Matsumoto, em seu livro “Manual de Limpeza de um Monge Budista”, onde apresenta os métodos de limpeza cotidiana nos templos.

Para a organizadora profissional e designer de interiores, Helô Costa, os métodos do monge são a parte menos importante do livro: “O fundamental foi perceber o respeito com que essas pessoas tratam o ambiente em que vivem, por meio da organização, disciplina e limpeza, e respeito aos outros indivíduos que fazem parte da vida deles. Para os monges, limpar os ambientes é uma maneira de expressar as boas-vindas aos visitantes”.

E a parte chata da limpeza? Para os japoneses, essa prática vai além do simples e repetitivo trabalho braçal. “É algo tão cultural, que é comum estudantes fazerem faxina nas escolas, algo impensável no ocidente. Eles também acreditam que, para ter um sono tranquilo, é fundamental que o quarto esteja limpo e organizado antes de dormir”, explica Helô.

Por isso, a importância de cultivar um hábito muito importante para a manutenção da organização: ao terminar de usar um objeto, guarde-o imediatamente no lugar. Isso evita acúmulo de bagunça e estresses futuros.

Alguns tópicos interessantes sobre limpeza tratados na obra

- Abra as janelas antes de começar a limpeza para trocar o ar do ambiente e purifica-lo;

- Além da limpeza, faça reparos periódicos na casa para preservar seu equilíbrio natural e proporcionar um ambiente mais confortável;

- Suar enquanto limpa, sentindo a natureza na pele, ajuda a manter corpo e mente sãos;

- A faxina deve ser um trabalho em equipe para despertar a consciência individual e integral. É uma oportunidade para aprender que não cabe a apenas uma pessoa essa tarefa, sendo responsabilidade de todos que moram na casa.

Um a dica é dividir a faxina entre os membros da família, inclusive as crianças, e aplicar um sistema de rotatividade para que todos executem todas as funções. Assim, desenvolve-se a consciência do todo e passa-se a respeitar o trabalho alheio.

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