BCAA é a abreviação em inglês para Aminoácidos de Cadeia Ramificada (Branched Chain Amino Acids), sendo eles leucina, valina e isoleucina. Esses aminoácidos fundamentais formam grande parte das proteínas musculares e são essenciais para a manutenção e o desenvolvimento muscular. Além disso, também são capazes de fornecer energia, principalmente quando há escassez de carboidrato, mantendo assim o funcionamento metabólico.
Nessa situação de geração de energia, porém, há uma liberação de amônia, componente tóxico para o metabolismo cerebral e muscular e que pode induzir a um enorme estado de fadiga. Essa situação não apenas atrapalha a corrida de forma aguda, mas também o processo de recuperação, deixando-o mais lento e dolorido.
Embasada em estudos científicos e na prática diária, entendo que a melhor hora para utilizar a suplementação de BCAA é após o término da corrida e SEMPRE associado a um alimento fonte de carboidrato de rápida digestão e absorção (mel, caldo de cana, dextrose, doce de fruta etc). Essa medida estimula um processo de recuperação rápido e eficiente, diminuindo, assim, os danos musculares resultantes do treino. Permite, também, ao corpo aproveitar de forma eficiente o estímulo metabólico de síntese de proteínas, reduzindo possíveis processos de fadiga muscular.
Estando disponível no meio celular no momento do treino, o BCAA, por instinto de sobrevivência, é priorizado como fonte de energia, poupando, assim, os estoques de glicogênio. Isso porque o nosso corpo irá sempre trabalhar na preservação dos estoques de glicogênio, pois sem ele fatalmente não conseguiríamos correr nem 1 km.
Mesmo que seu treino de corrida seja curto e de baixa intensidade, seu corpo vai optar pela preservação dos estoques de glicogênio. Portanto, a melhor estratégia é fornecer carboidrato como suplementos para melhor desempenho ao longo da corrida e usar, apenas após o término, o BCAA (e com o cuidado de associá-lo a carboidratos para potencializar a recuperação).
Caso o carboidrato não seja ingerido com o BCAA no pós-treino, teremos novamente o problema detalhado acima. Como a prioridade do nosso corpo é repor glicose sanguínea e estoques de glicogênio muscular e hepático, o BCAA será originado para isso — e não para renovação do tecido muscular.
(Matéria publicada na Revista O2 – edição 157, julho de 2016).