Você não passa desapercebido nas ruas
Texto e fotos: André Garcia e divulgação
Avaliar uma Harley Davidson é um grande privilégio e demanda muita responsabilidade, especialmente pelo que vou falar.
A marca é imensurável, mesmo quem não curte motocicleta, olha para você com simpatia, você tem a sensação que o admirador gostaria de estar no seu lugar, sentado na máquina.
Se em 1905 a Harley Davidson complicou a vida da Indian, hoje isso se inverte e o renascimento da concorrente deve estar gerando muito trabalho em Milwaukee.
Recomendo a leitura da história da marca no livro do meu amigo e jornalista Fausto Macieira na obra “Motocicleta – A evolução das máquinas que conquistaram o mundo” (editora Alaúde).
A Forty-Eight mudou para 2016 e mudou para melhor: começando pelas suspensões, o garfo dianteiro conta com sistema de cartuchos internos para absorver mais progressivamente as imperfeições do solo brasileiro e na traseira o sistema bi choque recebeu amortecedores mais robustos que os anteriores podendo ser ajustados na pré-carga da mola.
As rodas agora em liga-leve com os gorduchos pneus de raio 16 com 130/90 no dianteiro e 150/80 no traseiro ajudam a completar a boa ciclística.
O restante mudou pouco e vou falando...
Pilotando
Ao sentar na Forty-Eight senti falta de algo que pudesse melhorar a ergonomia de quem tem apenas 1,65 de altura, explico: apesar do banco estar a 66,6 cm do chão o que facilita colocar ambos pés ao mesmo tempo, fiquei com as pernas muito esticadas para as pedaleiras que estão posicionadas a frente, bem no estilo custom, sendo necessário, ainda, ficar mais arqueado e com isso o piloto fica em uma posição de “C”. Todo impacto, por mais que seja absorvido pela boa ciclística, vai para coluna. Quando vi o banco e o espaço existente para o tanque de 7,9 litros, cheguei a pensar que havia alguma artimanha para aproximá-lo o que seria perfeito, mas, para minha infelicidade, é fixo.
A moto liga sem chave, basta o chaveiro estar no bolso e com um toque soa o alarme e a máquina liga compassadamente seu V2 de 1200cc Evolution refrigerado a ar com 8,97 kgfm de torque a míseros 3500RPM, potência não é divulgado.
Outro ponto que merece destaque e acredito que a Harley Davidson deva se mexer para melhorar, é a ergonomia dos punhos: pelo amor Deus. Um botão de seta para cada lado (até a BMW já mudou isso), botão de buzina fora do lugar, seta de alerta idem, lampejador do farol alto que é necessário acionar com o polegar...é para o piloto ficar completamente perdido!!!! Me pergunto: será que os engenheiros da marca andam de moto? Já tentaram acelerar e acionar a seta da direita ao mesmo tempo?
Fiquei uma semana com a moto, andei bastante dentro da cidade e dei uma esticada até Santos para saborear minha bebida predileta na Bolsa do Café.
Dinamicamente a Forty-Eight passa fácil pelos corredores, esbanja torque, é bem maleável, tem boa manobrabilidade, você consegue ziguezaguear no trânsito. Não gostei do posicionamento dos retrovisores...ok...tem o lance do estilo...todo aquele papo...mas...não gostei...entendo que o fabricante tem que oferecer o tradicional e seguro e fique a mudança para o consumidor que quer daquele jeito.
Tanto no uso urbano quanto no uso em rodovia, a moto vibra pouco, nada que incomode, o que acontece é um pulsar do V2 e o piloto notar que o escalonamento da marcha atrelado a rotação pode ou não tornar a vibração incomoda, quanto mais cheio o motor, menor a vibração que faz as mãos e pés ficarem dormentes. Algo que me chamou atenção positivamente, vou para o calor do motor que pouco incomodou.
O acionamento da embreagem é macio, pesado na medida, câmbio de 5 marchas bem escalonado, não senti falta da 6ª marcha em rodovia, mas a Harley Davidson precisa pensar nessa caixa de câmbio para dentro do motor, tornando-a mais esquia.
A moto é bonita, lhe torna visível e amável em qualquer lugar parado ou andando. Na parada para fotos na Bolsa de Santos, muita gente quis ver a moto de perto e tirar fotos. É como se você se tornasse um estereótipo que vende rebeldia.
A Forty-Eight é um produto que está para aquele público que procura pelo vintage e “LifeSytle”, tem poder aquisitivo e não aguenta mais ficar parado no trânsito.
Além da ciclística melhorada, suspensões que em conjunto com pneus absorvem bem o péssimo asfalto, vem com o importante sistema ABS de série, que está bem calibrado, não achei o retorno assustador e só entra em ação no tempo correto.
Apesar do tanque com pequena capacidade, consegui rodar 135km com média de 19,67km/l, uma marca fantástica para uma moto de 1200cc.
Preço? O dólar matou o brasileiro e todos os fabricantes. Todavia, se você quer exclusividade, ser notado com diferença, não vai reclamar em fazer um cheque de R$ 50.700,00.
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