O Câncer de mama é o mais frequente entre as mulheres no Brasil. Estima-se que para mulheres que morem na Grande São Paulo e Grande Porto Alegre, locais de maior prevalência da doença no Brasil, em cada 9 mulheres uma desenvolverá câncer de mama ao longo de sua vida.
Essa variação do risco do câncer de acordo com o local de moradia faz pensar que existem fatores ambientais no surgimento desse tipo de câncer. É de fato há: alimentação rica em gordura saturada e proteínas de origem animal, uso de terapia hormonal, poluição, obesidade e sedentarismo aumentam o risco.
Não ter filhos ou tê-los em idade avançada também são fatores de risco. A amamentação prolongada, por sua vez, oferece uma relativa proteção.
O fator hereditário importa bastante, e sempre é pesquisado pelo médico na consulta.
Sabe-se que a mutação de dois genes (BRCA-1 e BRCA-2) aumentam a predisposição para câncer de mama e também câncer de ovário.
Na mulher que possui casos destes tipos de câncer de família, principalmente em parentes de primeiro grau (mãe, irmã ou filha) deve-se pensar em fazer o estudo genético, que infelizmente ainda é caro e pouco oferecido pela rede pública de saúde.
O diagnóstico envolve principalmente o auto-exame mensal (que deve ser feito logo após a menstruação, ou simplesmente uma vez por mês nas mulheres menopausadas), exame clínico anual pelo médico ginecologista ou mastologista, e mamografia anual a partir dos 40 anos. Exames como ultrassonografia de mamas e ressonância magnética mamária podem ser úteis em casos selecionados.
Nem todo nódulo de mama é câncer. Nódulos podem ser acompanhados periodicamente, biopsiados, ou retirados cirurgicamente, de acordo com suas características e tamanho.
Microcalcificações são sinais mamográficos que podem ter características benignas ou malignas. No segundo caso devem ser biopsiados.
Retrações de pele, dor, líquido saindo pelo mamilos e áreas densas localizas na mamografia exigem avaliação médica especializada.
O tratamento do câncer de mama em regra é feito de início pela cirurgia. Apenas em casos de tumores muito grandes, e portanto inoperáveis, inicia-se com a quimioterapia, objetivando diminuir o tamanho do tumor, operando-se em seguida.
Os tratamentos complementares à cirurgia, além da quimioterapia, são o radioterapia e medicamentos anti-hormônio.
Ultimamente o prognóstico das pacientes com câncer de mama tem melhorado bastante, por conta do diagnóstico mais precoce e dos grandes avanços nos métodos de tratamento.
Importante destacar que hoje o tratamento visa não só a cura, mas também à preservação da qualidade de vida destas pacientes, uma vez que a mama é referencial primordial para a auto-imagem da mulher. Nesse sentido, a abordagem cirúrgica estética e reconstrução da mamária imediata devem ser sempre planejadas com conjunto com as cirurgias curativas.
Dr. Sílvio Eduardo Valente, mastologista e ginecologista
CRM Nº 52999