Muitas vezes, nos pegamos sentindo uma tristeza, que aparentemente não há motivo.
Mas por que nos sentimos tristes? E como o nosso corpo reage à tristeza?
O mundo em que vivemos hoje nos cobra muitas coisas. Temos que ser fortes, corajosos, ativos, desbravadores. Temos ser bonitos, comunicativos, bem sucedidos. Sim, a sociedade nos cobra, nós nos cobramos, e quando sentimos que não somos capazes de cumprir todos esses papéis, somos tomados por uma angústia e uma tristeza, que aparentemente não tem uma razão de ser, mas que nosso inconsciente transmite para o nosso corpo. Não estou tratando nesse momento da tristeza causada por perdas, mas sim a tristeza causada por frustasções que as vezes não percebemos, mas que ficam no nosso subconsciente.
Mas, como o nosso cérebro percebe a tristeza?
A tristeza e a depressão são vistas com dois extremos de um mesmo processo emocional. A primeira é considerada “fisiológica” e a segunda “patológica”. Os sintomas principais da tristeza são: perda de apetite, fadiga global (não melhora por repouso), insônia, tendência a melancolia, desejo de retiro e isolamento, diminuição das faculdades intelectuais, infecções de evolução rápida, severas e recidivantes, com falta de resposta ao tratamento, envelhecimento global, câncer e outros tipos de doença degenerativa. Essas alterações, chamadas de alterações da reatividade emocional, estão ligadas a lesões ou estimulações do núcleo dorso-medial e dos núcleos anteriores do tálamo. Tais núcleos promovem a regulação do comportamento emocional, decorrente de uma atividade não própria destes locais, mas de conexões com outras estruturas do sistema límbico.
O tálamo é conhecido por ter várias funções. Acredita-se que geralmente age como um tradutor para que vários “inputs” pré-talâmicos são transformados em uma forma legível pelo córtex cerebral. Vale ressaltar que “Input” é tudo aquilo que recebemos, tudo o que lemos e escutamos. O tálamo é uma região de substância cinzenta do encéfalo. Quase todos os sinais nervosos ascendentes que vão para o córtex cerebral fazem sinapse nos núcleos do tálamo onde são reorganizados e/ou controlados, com exceção do sentido do olfato. Assim todas as vias provenientes dos órgãos sensoriais para o córtex passam pelo tálamo. Ele também desempenha um importante papel na regulação estados de sono e vigília, e isso explica o fato de pessoas entristecidas terem explicando os quadros de insônia ou sonolência.
Estudos realizados com o uso de tomografia por emissão de pósitons das áreas cerebrais envolvidas no processo de tristeza foram realizados em pessoas normais, submetidas a estados de tristeza e mostraram à ativação de regiões límbicas, destivação de áreas do córtex cerebral e diminuição do metabolísmo da glicose no córtex pré-frontal. Desse modo, podemos entender que a tristeza provoca alterações fisiológicas no
funcionamento do nosso cérebro, desencadeando reações físicas significativas, que nos deixa suscetíveis ao desenvolvimento de diversas doenças.
O que temos que fazer então para revertermos esse quadro de tristeza? Falarei isso com vocês no próximo post.
Paola Alexandria P. Magalhães |
Texto escrito por Paola Alexandria P. Magalhães
Nurse Especialist in Intensive Care - HC/FMUSP
Research in Oncology and Public Health - EERP/USP
PhD candidate of USP - EERP/USP
Research visitor in Autonomus University of São Paulo
Scholarship FAPESP - Direct PhD mode
Referências: Esperidião-Antonio, V et al Neurobiologia das emoções. Reve Psiq Clin 35(2):55-65,2008. Machado ABM Neuroanatomia funcional. 2ª ed. São Paulo; Atheneu 2006. http://www.medicinageriatrica.com.br/2012/11/04/reacoes-emocionais-tristeza-locais-cerebrais-afetados/