Viver - Saúde

Por que nos sentimos tristes?

29 de Abril de 2016

Muitas vezes, nos pegamos sentindo uma tristeza, que aparentemente não há motivo.

Mas por que nos sentimos tristes? E como o nosso corpo reage à tristeza?

 

O mundo em que vivemos hoje nos cobra muitas coisas. Temos que ser fortes, corajosos, ativos, desbravadores. Temos ser bonitos, comunicativos, bem sucedidos. Sim, a sociedade nos cobra, nós nos cobramos, e quando sentimos que não somos capazes de cumprir todos esses papéis, somos tomados por uma angústia e uma tristeza, que aparentemente não tem uma razão de ser, mas que nosso inconsciente transmite para o nosso corpo. Não estou tratando nesse momento da tristeza causada por perdas, mas sim a tristeza causada por frustasções que as vezes não percebemos, mas que ficam no nosso subconsciente.

Mas, como o nosso cérebro percebe a tristeza?

A tristeza e a depressão são vistas com dois extremos de um mesmo processo emocional. A primeira é considerada “fisiológica” e a segunda “patológica”. Os sintomas principais da tristeza são: perda de apetite, fadiga global (não melhora por repouso), insônia, tendência a melancolia, desejo de retiro e isolamento, diminuição das faculdades intelectuais, infecções de evolução rápida, severas e recidivantes, com falta de resposta ao tratamento, envelhecimento global, câncer e outros tipos de doença degenerativa. Essas alterações, chamadas de alterações da reatividade emocional, estão ligadas a lesões ou estimulações do núcleo dorso-medial e dos núcleos anteriores do tálamo. Tais núcleos promovem a regulação do comportamento emocional, decorrente de uma atividade não própria destes locais, mas de conexões com outras estruturas do sistema límbico.

O tálamo é conhecido por ter várias funções. Acredita-se que geralmente age como um tradutor para que vários “inputs” pré-talâmicos são transformados em uma forma legível pelo córtex cerebral. Vale ressaltar que “Input” é tudo aquilo que recebemos, tudo o que lemos e escutamos. O tálamo é uma região de substância cinzenta do encéfalo. Quase todos os sinais nervosos ascendentes que vão para o córtex cerebral fazem sinapse nos núcleos do tálamo onde são reorganizados e/ou controlados, com exceção do sentido do olfato. Assim todas as vias provenientes dos órgãos sensoriais para o córtex passam pelo tálamo. Ele também desempenha um importante papel na regulação estados de sono e vigília, e isso explica o fato de pessoas entristecidas terem explicando os quadros de insônia ou sonolência.
Estudos realizados com o uso de tomografia por emissão de pósitons das áreas cerebrais envolvidas no processo de tristeza foram realizados em pessoas normais, submetidas a estados de tristeza e mostraram à ativação de regiões límbicas, destivação de áreas do córtex cerebral e diminuição do metabolísmo da glicose no córtex pré-frontal. Desse modo, podemos entender que a tristeza provoca alterações fisiológicas no 
funcionamento do nosso cérebro, desencadeando reações físicas significativas, que nos deixa suscetíveis ao desenvolvimento de diversas doenças.

O que temos que fazer então para revertermos esse quadro de tristeza? Falarei isso com vocês no próximo post.

Paola Alexandria P. Magalhães

 

Texto escrito por Paola Alexandria P. Magalhães

Nurse Especialist  in Intensive Care - HC/FMUSP

Research in Oncology and Public Health - EERP/USP

PhD candidate of USP - EERP/USP
 

Research visitor in Autonomus University of São Paulo

Scholarship FAPESP - Direct PhD mode

Referências: Esperidião-Antonio, V et al Neurobiologia das emoções. Reve Psiq Clin 35(2):55-65,2008. Machado ABM Neuroanatomia funcional. 2ª ed. São Paulo; Atheneu 2006. http://www.medicinageriatrica.com.br/2012/11/04/reacoes-emocionais-tristeza-locais-cerebrais-afetados/

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