Cultura - Música

Do LP ao Streammin

16 de Junho de 2015

Por Cau Marques 

Ao longe se vai a época em que as primeiras notas foram impressas numa “bolacha” de Goma-Laca, girando 78 vezes por minuto, com apenas uma música em cada face, ou mesmo dos românticos discos de Vinil, que entraram como novidade no final da década de 40, no século passado.... Caramba! Que loucura! Pela primeira vez em toda história da humanidade, foi possível registrar uma criação com todos os detalhes da obra sem que esta estivesse escrita numa partitura para ser reproduzida. Parece um tempo tão distante, mas pode-se dizer que foram apenas 3 gerações desde o Vinil até hoje!

 
 

Foi o Disco em seus diversos formatos (LP ,EP, Single)  o veículo que, juntamente com o rádio, tornou possível as pessoas conhecerem o trabalho de um determinado artista sem que ele estivesse presente. Além de ser também mais prático, pois possibilitava às pessoas ouvirem a gravação original em qualquer lugar onde houvesse um toca discos! Tudo era maravilhoso, mas apenas um restrito grupo tinha condições de poder transformar suas músicas e canções em gravações, pois o processo era dificultoso e muito caro, por conta do material e de todo o processo que envolvia a gravação de um disco. Mesmo assim, foi este formato que nos fez conhecer quase todos os grandes ídolos da música mundial, de Elvis a Roberto Carlos.

Vender disco era a grande forma de se construir um ídolo e de se fazer fortuna. Mesmo com a chegada das fitas K7, a grande e maior parte da renda de um artista não era obtida pela venda direta do show, mas pela compra desenfreada do material fonográfico disponível nas lojas. Algumas bandas e artistas nem mesmo faziam shows ao vivo, mas alguns chegaram a fazer tentativas de Turnês “Jurássicas”, que também tinham um custo altíssimo, o que diminuía a margem de lucro, além de não existir ainda um sistema de som de qualidade para que as apresentações acontecessem! Mas, assim mesmo, o mundo evoluiu e, no final dos anos 80, o CD chegou.

Com a promessa de oferecer um som limpo, cristalino e que poderia ser ouvido no carro sem pular nem enrolar como as fitas, o CD era o símbolo de uma nova era. Encartes menores, menor gasto de impressão e a tecnologia avançada garantiriam o comércio das músicas com bons lucros para gravadoras e artistas faziam do Compact Disc um sucesso. Com o processo de gravação barateado, mais artistas, com um pouco de dinheiro e disposição, poderiam entrar nos estúdios para gravarem seus CD´s... mas o sonho começou a se tornar um pesadelo. Juntamente com a facilidade veio uma grande safra de pessoas incapacitadas e a pirataria!

 
 

Hoje, a obra perdeu valor, os CD`s  são jogados no chão em portas de baladas, pois funcionam apenas como “flyers”! Cantores e bandas desconhecidas gravam seus trabalhos e não conseguem divulgá-los, enquanto os trabalhos dos mais famosos são  copiados e reproduzidos aos montes.

No horizonte surgiu uma esperança: álbuns disponibilizados pela internet através de Streammin ou aplicativos semelhantes. Existe agora a opção de ouvir discografias inteiras que estão disponíveis em aplicativos como o Deezer, e todos podem ouvir milhões de músicas por dia ou por minuto! A crise começa, agora, a se concentrar em como repassar os direitos das músicas baixadas para os artistas e profissionais que trabalharam para que a obra passasse a existir, primeiro no mundo físico e depois no digital. Artistas, como Taylor Swift, já não disponibilizam mais suas músicas, pois alegam que recebem apenas US$ 0,01 por download, isso sem contar a grande maioria do público que só baixa sem pagar!

Esta crise é mundial e exige uma tomada de consciência coletiva. Ninguém vai ficar mais pobre por pagar faixas de músicas, além de valorizar o trabalho do artista e ajudar na produção de novos trabalhos. Entretanto, se permanecer a cultura de desvalorização daqueles que trabalham com as artes como verdadeiros profissionais, que merecem receber direitos autorais por aquilo que criam, com a negação de pagar pela sua produção, o mundo da música e das artes caminhará para a destruição. A alternativa? Voltar à era dos chiados românticos e agulhas? Infelizmente, eles também estão na lista dos “pirateáveis”...

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