Cultura - Teatro

Deborah Colker faz curta temporada no Teatro Sérgio Cardoso em maio

5 de Maio de 2015

Belle volta em versão nova para São Paulo e desenvolve a temática do erotismo, que marcou outras peças de Deborah Colker. Mix é um espetáculo baseado nas duas primeiras obras da companhia. Em São Paulo, os dois fazem temporada curtíssima no Teatro Sérgio Cardoso. Mix nos dias 19 e 20 de maio e Belle nos dias 22, 23 e 24 de maio. Os ingressos variam de R$ 50 a R$ 70

 

Dois espetáculos do repertório da Cia de Dança Deborah Colker passam pelo Teatro Sérgio Cardoso em maio. Mix, criado especialmente para a 6ª edição da Bienal de Dança de Lyon, sob proposta do curador francês Guy Darmet, traz elementos essenciais dos dois primeiros espetáculos da companhia, Vulcão e Velox.  As apresentações estão marcadas para os dias 19 e 20 de maio, terça e quarta-feira, às 21h. Belle, espetáculo mais recente da companhia que explora a temática do erotismo com base no romance franco-argentino Belle de Jour, volta remodelado para São Paulo, onde se apresentou no ano passado, e faz sessões nos dias 22 de maio, sexta-feira, às 21h; e dias 23 e 24 de maio, sábado e domingo, às 18h e 21h.

 

Sobre Belle

 
 
 

Belle, o mais recente espetáculo da Cia de Dança Deborah Colker, é livremente inspirado no romance Belle de Jour, lançado em 1928 pelo escritor franco?argentino Joseph Kessel (1898?1979) e transformado em um clássico do cinema surrealista quase quatro décadas depois, em 1967, por um de seus maiores mestres, o mexicano Luis Buñuel (1900?1983). A história de Séverine, a burguesa bem casada que, para suprir o profundo vazio existencial que a consome, se vê inapelavelmente compelida a transgredir as fronteiras de seu mundo de conto de fadas e ir passar as tardes em um randevu, onde atende pelo codinome Belle, seduziu Deborah Colker em 2011, pouco depois da estreia de Tatyana, também inspirado em uma obra literária.

 

A temática de Belle, no entanto, está mais associada a outros espetáculos da companhia: Nó, de 2005, e Cruel, de 2008, discorrem, ambos e de diferentes maneiras, sobre o que há de mais atávico nas pulsões humanas: o erotismo. Com uma diferença fundamental: Belle traz à tona, também e principalmente, o outro lado desta mesma moeda. Coloca em evidência o embate entre carne e espírito, amor e desejo, razão e instinto, real e imaginário – conflitos íntimos que assombram e atormentam todo e qualquer ser humano civilizado. E, para Deborah, o que faz da protagonista da obra de Kessel uma personagem singular e fascinante é o fato de ela atender ao chamado implacável do instinto, ao mesmo tempo em que não abre mão do casamento e do charme discreto do dia-a?dia burguês, que preza com sinceridade, revelando uma capacidade incomum de dividir-se, com suprema diligência, entre as duas servidões.

 

“O livro de Kessel foi meu timoneiro”, define Deborah Colker. “Mas o meu desafio era traduzir em movimentos a dicotomia brutal e tão profundamente humana que move a história desta mulher. E, pela própria natureza da linguagem coreográfica, meu espetáculo traduz uma leitura muito mais poética do que propriamente narrativa da trama. A grande assinatura da minha adaptação de Belle de Jour foi materializar no palco o duplo de Séverine. Tanto no romance original quanto no filme de Buñuel, Séverine e Belle são a mesma pessoa. E, como na dança tudo é transmitido através do corpo, para mim, foi necessário encarnar este duplo em duas bailarinas, que representassem o oposto perfeito uma da outra. Uma é controlada, fria, sistemática. A outra, vulcânica, intensa, animal”.

 

A esta opção soma?se outra que revive um dos ícones do balé clássico: as sapatilhas de ponta, usadas pelas bailarinas no início do espetáculo. “É um recurso do qual eu me aproprio com muito prazer. Quando Isadora Duncan tirou as sapatilhas no início do século XX foi uma grande ruptura. Mas a roda continua girando. Pina Bausch voltou às pontas e ao balé narrativo. A atitude contemporânea, para mim, está na saudável desobediência a fórmulas prontas”, defende Deborah.

 

Sobre uma trilha sonora que vai do gênio de Miles Davis a Lou Reed, passando pela música eletrônica, Belle se estrutura em dois movimentos. No primeiro, a ação se concentra na casa de Séverine e culmina em sua descoberta clandestina do randevu. No segundo, integralmente passado no habitat de Belle, seu duplo, o elenco feminino troca as sapatilhas por sapatos de salto alto, mas há poucas mudanças de cenário. Uma opção que reforça a leitura pessoal e intransferível do romance pela coreógrafa. – “Belle, o espetáculo que construí, deixa no ar, em aberto, uma questão, e delega ao espectador a escolha: afinal, esta é uma história que realmente se realiza ou que se passa apenas dentro da cabeça de Séverine?”, provoca.

 

 

Sobre Mix

 
 

De um olhar europeu sobre a dança contemporânea brasi­leira, nasceu Mix, espetáculo que promove a fusão deVulcão e Velox, as duas primeiras criações da Cia de Dança Deborah Colker. Na curadoria da 6ª edição da Bienal da Dança de Lyon, dedicada ao Brasil, o francês Guy Darmet, diretor do evento, foi conferir os dois balés, encantou-se com ambos, e propôs à Deborah Colker que preparasse, espe­cialmente para o festival, uma espécie demedley deles.Em São Paulo, o espetáculo fará duas apresentações em São Paulo nos dias 19 e 20 de maio, terça e quarta-feira, às 21h, no Teatro Sérgio Cardoso.

 

Mixados com maestria pela coreógrafa carioca e sua afiada trupe de bailarinos, os sentimentos em estado bruto e de ebulição de Paixão, a ironia e a elegância de Desfile, as re­flexões em torno da física do movimento, esbo­çadas emMáqui­nas e desenvolvidas em Mecânica e Sonar, a babel de gestos e movimentos instau­rada em Coti­diano, e o eletrizante balé verticalizado de Al­pinismo culminaram em um ter­ceiro espetáculo, que se tornaria um dos clássicos da companhia e alavancaria sua projeção no cenário internacional.

 

Com a estreia mundial consagradora de Mix no Thêatre National Populaire de Lyon em 16 de setembro de 1996, a Cia de Dança Deborah Colker inaugurou um calendário internacional que, em quatro anos, havia cruzado três continentes, percorrendo 12 cidades de oito países, entre Europa, América do Sul, América do Norte e Ásia.

 

Em 2001, cinco anos depois de subir à cena pela primeira vez em Lyon, Mix, que vinha de uma temporada londrina de grande repercussão no Barbican Theatre no ano anterior, tinha sua excelência reconhecida de forma definitiva, brindando sua criadora com uma honraria jamais concedida a um artista brasileiro: o prêmio Laurence Olivier, um dos mais prestigiosos das Artes Cênicas no continente europeu, na categoria Outstanding Achievement in Dance (realização mais notável em dança).

 

Companhia de Dança Deborah Colker conta com o patrocínio da Petrobras desde 1995.

 

Mix, quadro a quadro

 

Máquinas (espetáculo de origem: Vulcão) – O corpo humano, a mais bem ar­quitetada das criações da Natureza, explora seus limites físicos. Precisão e sin­cronia são as palavras de ordem. Um casal nu emoldura a cena, em ampliações assépticas e totêmicas. O som é techno, industrial, e se mistura a ruídos e mi­crodistorções. A luz sugere a penetração de raios solares pelo telhado de vidro de uma grande fábrica dos anos 30, recriando a atmosfera de clássicos do ci­nema comoMetrópolis e Tempos Modernos.

 

Desfile (espetáculo de origem: Vulcão) – Uma intrigante coleção de gestos e movimentos. Em ritmo de samba, maxixe, marcha-rancho, bossa-nova, mara­catu ou baião, bailarinos e bailarinas disputam, entre flashes e cotoveladas, a primazia na passarela. Ao fundo, três cadeiras hiperdimensionadas brincam com a ideia da (des)proporção e colocam por terra a noção da medida exata.

 

Paixão (espetáculo de origem: Vulcão) – O sublime e o patético de um corpo em pleno transe amoroso. Aquele momento único em que todos os limites são abolidos. Frequência cardíaca fora de controle. Temperatura alta e impulsividade abso­luta no ar, podendo ocorrer deslocamentos violentos, com eventuais instantes de ternura. Ao som de uma colagem frenética de megahits românticos, uma ciranda de 23 pas-de-deux golpeia a cena. Em filigranas de mo­vimentos, programadas em computador, a tarde cai, lenta e inapelavelmente sobre o palco.

 

Mecânica (espetáculo de origem: Velox) – Peso, equilíbrio, oposição, geometria. Traduzidas em linguagem coreográfica, as forças centrífuga e centrípeta, princípios básicos do movi­mento, se materializam no espaço cênico. Seis pás giratórias de 3m de diâmetro, po­si­cionadas na vertical, remetem à passagem do tempo e às engrenagens da me­cânica do movimento.

 

Cotidiano (espetáculo de origem: Velox) – Um turbilhão de gestos e movimentos, repentinos e repeti­tivos, se interpõe na cena. Ordinários, corriqueiros, cotidianos, carregados de inten­ção mas recortados de seus contextos, eles evocam o drama, a tragédia, a comédia, o lúdico, o patético, numa babel de diálogos mudos que parece dar vida e movimento a um quadro expressionista. As pás ainda giram, nervosas. Estridente e turbulento, o som mistura ruídos de rua, chiados de rádio, sirenes, diálogos desconexos.

 

Sonar (espetáculo de origem: Velox) – A lenta desaceleração dos gigantescos ventilado­res-moinhos dá o tom do singelo e breve quarteto que se segue: uma espécie de rito de passagem entre Cotidiano e Alpinismo. Têm início aqui as primeiras investi­gações em torno de um novo eixo. Enquanto as bailarinas se mantêm em estado de lenta flutuação, movimentos ágeis, viris e, por vezes, bruscos sublinham a alternância do elenco masculino entre suspensão e queda. Um som marinho e con­tínuo trespassa a cena.

 

Alpinismo (espetáculo de origem: Velox) – A busca do equilíbrio absoluto, obsessão de todo bailarino, é levada ao paroxismo no quadro final de Mix. O passé relevé, a pirueta arabesque com relevé, o fouetté dão lugar aqui a um impressionante balé aéreo que deixa a plateia com a respiração suspensa. O chão verticaliza-se e, num desafio à lei da gravidade, os bailarinos da companhia dançam com irretocável desenvoltura numa parede cenográfica de 6,60m de altura por 8,40m de largura.

 

Serviços dos espetáculos da Cia De Dança Deborah Colker

 

Mix – Cia de Dança Deborah Colker. Temporada: Dias 19 e 20 de maio, terça e quarta-feira, às 21h, no Teatro Sérgio Cardoso. Endereço: Rua Rui Barbosa, 153 – Bela Vista. São Paulo – SP. Ingressos: Plateia – R$ 70 (inteira) e R$ 35 (meia-entrada). Balcão: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia-entrada). Duração: 63 minutos. Capacidade: 856 lugares. Classificação: Livre. Descontos: Cartão Petrobras e Força de Trabalho: 50% na compra de até 2 ingressos por apresentação. Desconto não cumulativo. Pontos de venda: Venda na bilheteria do Teatro, www.ingressorapido.com.br, Televendas Ingresso Rápido Tel. 11 4003-1212 e lojas. Fnac. Bilheteria do teatro: Tel - 11 3288-0136. Atendimento de terça a domingo, das 14h até o início do espetáculo.

Estreou dia 16 de setembro de 1996, no Thêatre National Populaire, Lyon, França.

 

Criação, Coreografia e Direção: Deborah Colker. Direção Executiva: João Elias. Direção de Arte e Cenografia: Grinco Cardia. Direção Musical: Chico Neves e Sergio Mekler (Máquinas, Desfile, Paixão) / Berna Ceppas, Alexandre Kassin, Sergio Mekler, Leandro Leal | Dub Brasil (Mecânica, Cotidiano, Sonar, Alpinismo). Figurinos: Yamê Reis. Desenho de Luz: Jorginho de Carvalho.

 

Belle – Cia de Dança Deborah Colker Temporada: Dias 22 de maio, sexta-feira, às 21h; e dias 23 e 24 de maio, sábado e domingo, às 18h e 21h, noTeatro Sérgio Cardoso. Endereço: Rua Rui Barbosa, 153 – Bela Vista. São Paulo – SP. Ingressos: Plateia – R$ 70 (inteira) e R$ 35 (meia-entrada). Balcão: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia-entrada). Duração: 62 minutos. Capacidade: 856 lugares. Classificação: Recomendado para maiores de 14 anos. Descontos: Cartão Petrobras e Força de Trabalho: 50% na compra de até 2 ingressos por apresentação. Desconto não cumulativo. Pontos de venda: Venda na bilheteria do Teatro, www.ingressorapido.com.br, Televendas Ingresso Rápido Tel. 11 4003-1212 e lojas. Fnac. Bilheteria do teatro: Tel - 11 3288-0136. Atendimento de terça a domingo, das 14h até o início do espetáculo.

Estreou dia 13 de junho de 2014, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

 

Criação, Coreografia e Direção: Deborah Colker. Direção Executiva: João Elias. Direção de Arte e Cenografia: Grinco Cardia. Direção Musical: Berna Ceppas. Figurinos: Samuel Cirnansck. Desenho de Luz: Jorginho de Carvalho. Dramaturgia: Deborah Colker e João Elias.

 

 

 

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