Cultura - Teatro

SPACIAL no mês do circo: O doce amargo da itinerância

18 de Março de 2015

No próximo dia 27 de março comemora-se o Dia do Circo, mãe de todas as artes. Para um circense, nada substitui a emoção de ver a lona tomando forma num terreno vazio, a chegada e a movimentação de trailers e carretas, a alegria frenética das crianças, que curiosas, vêem o sonho se transformar na magia do maior espetáculo da Terra. 

 

Mas, nem tudo é festa nesse universo de brilho e cores. Debaixo da lona, as dificuldades e a falta de mecanismos de políticas públicas complicam a vida daqueles que ganham a vida levando alegria ao respeitável público. O dia a dia - Quem assiste a um espetáculo circense nem imagina “o antes, o durante e o depois”. A atividade no circo nunca para. A qualquer momento – durante o dia – artistas ensaiam incansavelmente seus números objetivando a superação que torna cada espetáculo único. São equilibristas, malabaristas, trapezistas, contorcionistas, acrobatas, mágicos, ilusionistas e os eternos palhaços, buscando a perfeição. O camarim é sempre muito arrumado com os kits de cosméticos individuais e figurinos organizados por ordem de entrada. E todo o ritual começa com muita antecedência. Para a sessão das 20h30, por exemplo, a maquiagem - que dura em média 20 minutos – começa às 19h. Simultaneamente, num outro setor do circo, as barraquinhas com quitutes e guloseimas já estão funcionando. Enquanto técnicos repassam a luz e som, outra equipe cuida da limpeza. A disciplina é fundamental e faz tudo funcionar como uma engrenagem. É comum que um mesmo artista apresente mais de um número, e, quando imprevistos acontecem (e eles acontecem), o companheirismo entra em ação e todos os problemas são resolvidos nos bastidores. Desde pequenos e improvisados reparos nas roupas até uma eventual substituição no picadeiro. Durante as apresentações, tudo é cronometrado e o pessoal de apoio continua com o corre-corre atrás das cortinas, longe dos olhos do público. 

 

A burocracia - A empresária circense Marlene Querubin, diretora fundadora do Circo Spacial, Academia Brasileira de Circo e da UBCI, dedica grande parte de seu tempo para defender políticas públicas de incentivo a atividade circense, representando a classe em várias comissões importantes pelo país afora como, por exemplo, a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Cultura e Associação dos Amigos do Centro de Memória, como sócia fundadora do Instituto João Donato. Marlene acredita que é preciso um trabalho de conscientização dos prefeitos sobre a importância do circo. 

 

“É preciso mais apoio e menos burocracia para concessão do alvará de funcionamento e cessão de terrenos públicos. 

Também é preciso isenção do IPTU para os terrenos particulares que são cedidos para montagem de circos.” (Marlene Querubin)“Com relação aos financiamentos, ainda que tímidos, eles sinalizam uma reforma da mentalidade que temos pelo direito de modernizar nossos circos. Quem sabe um dia a gente possa concorrer de igual para igual com os recursos e aportes milionários dos circos estrangeiros, que aqui se apresentam, bancados pela Lei Rouanet e outros financiamentos estatais. Já temos qualidade artística e exportamos artistas para os quatro cantos do mundo. Só nos falta igualdade nos recursos que são destinados.”, acrescenta Marlene.

 

Sobre o Dia do Circo - O Dia do Circo é comemorado numa homenagem ao palhaço brasileiro Piolin, que nasceu em 27 de março de 1897, na cidade de Ribeirão Preto, São Paulo.

 

Além de cômico, Piolin - que tinha habilidades de ginasta e equilibrista - foi muito importante para a cultura brasileira e conquistou reconhecimento no movimento modernista de 1922 tendo como amigos e admiradores Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Tarsila do Amaral, dentre outros. Piolin, considerado o “Rei dos Palhaços” no Brasil, morreu em 1973, aos 76 anos, sem concretizar seu grande sonho: montar uma escola circense, para manter as tradições artísticas e culturais do circo.

 

"O circo não tem futuro, mas nós, ligados a ele, temos que batalhar para essa instituição não perecer" (Piolin)Sobre o Circo Spacial - O Circo Spacial foi fundado em agosto de 1985 com uma proposta inovadora para sua  época: não usar animais em suas apresentações. Foi o primeiro circo, inteiramente nacional, de grande porte, criado e dirigido por uma mulher - Marlene Olímpia Querubin - profissional que ingressou no mundo do circo em 1978 e que teve uma formação bem diversificada: foi atriz e diretora de teatro, cursou matemática e engenharia, é poetisa e autora de vários livros de sucesso. O circo abriu suas cortinas pela primeira vez com uma equipe composta por artistas,  parentes, amigos e outros profissionais que acreditaram e se uniram formando assim a grande família Spacial. Além da concepção futurista do espetáculo, é o precursor do chamado circo moderno brasileiro, pioneiro em unir o teatro, dança música e atividade circense.

 

A estrutura - Hoje, o Spacial é uma grande empresa com números que impressionam. A pequena cidade é composta por 35 famílias e mais de 200 pessoas que lutam para que o sucesso seja alcançado diariamente. Artistas e funcionários moram em trailers, com mobílias e divisões que compõe uma casa como qualquer outra, com cozinha completa, banheiro, quartos, além de TV a cabo, rede para internet, etc. São 100 toneladas de ferro, alumínio e lona (3 jogos), 22 carretas e caminhões, 3.500 figurinos com centenas de trocas por sessão. Também possui um espaço multiuso composto por hall de entrada e praça de alimentação e mais uma lona especial onde acontecem os espetáculos, exposições, eventos, treinamentos corporativos e lançamentos de produtos. O grand stand - com capacidade para abrigar até 3 mil espectadores em cadeiras confortáveis - possibilita uma visão privilegiada do espetáculo, em todos os ângulos. 

 

O sucesso - Ao longo dos anos, o Circo Spacial, recebeu o reconhecimento nacional viajando por quase todos os estados do Brasil e foi considerado pela imprensa o “Soleil brasileiro”.  O sucesso veio através da conquista de vários troféus e participações em festivais. Muitos de seus artistas ingressaram em circos internacionais (Ringling, Soleil, circos europeus, Arábia Saudita, etc). 

 

Pelo seu picadeiro já desfilaram os melhores artistas do mundo e muitos astros e estrelas da TV brasileira. O Spacial é 

reconhecido nacional e internacionalmente por promover e fomentar a cultura circense tradicional e pedagógica. Comemorou seu jubileu de prata em agosto 2010 com uma grande festa, reunindo várias gerações de artistas, e, em agosto de 2015 vai comemorar 30 anos com outro mega evento.

 

Serviço - Circo Spacial 

Temporada na Praia Grande: Até domingo, 5 de abril de 2015

Avenida Presidente Kennedy, 2960 | Vila Caiçara - Praia Grande – SP | CEP 11702-200 

Temporada no Guarujá – De 10 de abril (sexta) a 24 de maio de 2015 

Ao lado do Ginásio de Esportes Parque Guaibe – Av. Santos Dumont, 420 – Vicente de Carvalho - Guarujá, SP | CEP 11460-000

Informações (13) 98200-5388 | (11) 98234-3381  | www.spacial.com.br / Twitter @circo_spacial

Quintas e sextas às 20h30 / sábados, domingos e feriados, às 18h e 20h30 | Acesso universal e banheiros adaptados / Faixa 

etária: Livre | Aceita cartão de débito, dinheiro e Vale-Cultura | Estacionamento no local (terceirizado) – R$ 10,00 

Ingressos - Popular inteira R$ 30,00 / Popular Meia R$ 15,00 |Central Inteira R$ 40,00 / Central Meia R$ 20,00 | Frontal Inteira 

R$ 60,00 / Frontal Meia R$ 30,00 | Camarote R$ 250,00 (quatro lugares) | Crianças abaixo de 02 anos não pagam

Vendas de ingressos: Antecipado na bilheteria do Circo Spacial – todos os dias das 10h às 12h e das 14h às 20h

www.bilheteria.com  |   http://www.compreingressos.com/   |  http://www.sampaingressos.com.br/

Comentários
Assista ao vídeo