Cultura - Teatro

Dar Corda para se Enforcar, do projeto Baú da Arethuzza, volta em cartaz

27 de Outubro de 2014

 

Dar corda para se enforcar - que estreou no Espaço dos Fofos em 17 de agosto de 2013 – volta em cartaz na sede do grupo dia 1º de novembro, sábado, às 21 horas. A peça integra projeto ciclo de cinco espetáculos inéditos da Cia, Baú da Arethuzza. Temporada vai até 14 de dezembro. Sábado 21h, Domingo 19h. Pesquisa investiga a evolução da teatralidade circense na primeira metade do século 20. Trata-se da recuperação de um capítulo da história do teatro. A peça navega pelo mundo da chanchada, gênero que fez sucesso no cinema entre as décadas de 1930 e 1960, e com ícones como Oscarito e Grande Otelo.Trata-se de uma comédia portuguesa escrita em 1937 por José Joaquim da Silva. Elaborado em ato único, o espetáculo se desenrola à beira de uma história de amor: negociante rico e ganancioso incentiva seu sobrinho pobre a enriquecer com o dote proveniente do casamento com a amada. Sem saber que a pretendente do sobrinho é a própria filha, o negociante dá conselhos de como proceder no golpe, dando corda para se enforcar.

Seguindo a tradição de outras obras de Circo-Teatro, o texto também é conhecido por nomes diversos: Rapto de Fernanda, A cara do burro do pai e A fuga da milindrosa. A peça integra o repertório da companhia circense Circo Teatro Arethuzza (que surgiu no século 19 e existiu até meados dos anos 1960). Por conta da simplicidade do roteiro, Neves optou por apresentar a comédia em tom de chanchada. O gênero instaurou-se no período de declínio no Circo-Teatro, durante a década de 1960, fase em que as lonas e pavilhões de circo disputavam seus espectadores com as salas de cinema. “A chanchada enfatiza a criatividade do ator, cria ferramentas para improviso e exige um domínio da linguagem para não sair das particularidades. Era um recurso imprescindível para qualquer artista circense”, fala Fernando Neves.

Segundo o pesquisador da estética circense Zécarlos de Andrade, “a chanchada notabilizou-se por fazer uso de qualquer recurso para obter o riso do público mais ingênuo e menos informado. Muitas vezes, tendia ao absurdo e, em algumas situações, encaminhava-se para o terreno perigoso da vulgaridade. A chanchada foi o veículo adotado pela maioria das companhias circenses que, sem nenhuma preocupação com a qualidade do espetáculo, pareciam dizer no palco aquilo que o público de gosto menos apurado queria ouvir.” O figurino e o cenário também mantêm as características do gênero e fogem da lógica ao misturar vestimentas de diferentes épocas. A trilha sonora é toda inspirada na norte-americana Florence Foster, cantora conhecida nos anos 40 pelas apresentações desafinadas e que não conseguia acertar nenhuma nota.

SOBRE O PROJETO BAÚ DA ARETHUZZA

Retomando a pesquisa acerca do universo do Circo-Teatro, iniciada em 2003 com a montagem do espetáculo A Mulher do Trem, Baú da Arethuzza teve apoio do Programa Municipal de Fomento ao Teatro. Neste projeto, Os Fofos se propuseram a investigar a evolução da teatralidade circense (cenografia, dramaturgia e interpretação) durante o período de 1910 a 1950, a partir da realização de cinco montagens que aconteceram ao longo de 2013 – 4 textos do repertório do Circo Teatro Arethuzza e 1 pantomima criada pelos Fofos. O projeto previu ainda oficina aberta ao público, que compartilhou com os participantes os 10 anos de experiência do grupo sobre o universo do circo.O título do projeto faz alusão ao acervo teatral do diretor Fernando Neves. Descendente de família circense – O Circo Teatro Arethuzza – Neves herdou diversos textos teatrais.

De acordo com ator e produtor Eduardo Reyes, aulas de circo também estavam dentre as atividades realizadas no projeto: “Era preciso vivenciarmos o modus operandi dos artistas circenses. Eram artistas que apresentavam números de variedades na primeira parte do espetáculo e depois partiam para cena. Levantar os espetáculos deste projeto é uma experiência inspirada nos moldes de produção do Circo Teatro Arethuzza, que ainda não havíamos experimentado.”

SOBRE OS FOFOS ENCENAM

Os Fofos Encenam têm sua trajetória iniciada em São Paulo no ano de 2001 com o espetáculo Deus Sabia de Tudo..., escrito e dirigido por Newton Moreno. Em 2003 estrearam A Mulher do Trem, comédia de Circo-Teatro dirigida por Fernando Neves e vencedora do prêmio Shell de melhor figurino. Com o incentivo da Lei de Fomento ao Teatro da Cidade de São Paulo montaram, em 2005, Assombrações do Recife Velho, texto e direção de Newton Moreno a partir da obra homônima de Gilberto Freyre. Assombrações recebeu 3 indicações ao prêmio Shell (melhor iluminação, melhor figurino e melhor direção). Em 2006, partiram, sob a direção de Fernando Neves, para o drama circense Ferro em Brasa, com subsídio do Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz. Ferro em Brasa foi indicado ao prêmio Shell nas categorias melhor atriz e prêmio especial pela pesquisa do grupo sobre o universo do Circo-Teatro. A partir desta montagem iniciou-se uma outra fase: a busca por um espaço que abrigasse a evolução das investigações cênicas e que possibilitasse de forma continuada a apresentação do repertório dos Fofos. Em 2007, a cia. é contemplada com a Lei de Fomento ao Teatro da cidade de São Paulo pelo projeto O Ninho. Com esse subsídio, é inaugurado no bairro da Bela Vista o Espaço dos Fofos, sede para atividades teatrais que tem contribuído para o aperfeiçoamento das peças de seu repertório e das suas novas investidas estéticas, além de abrigar temporadas de espetáculos de outras companhias convidadas.Em 2009, estreia no Espaço dos Fofos o quinto espetáculo da cia., Memória da Cana. Com dramaturgia e direção de Newton Moreno, Memória da Cana é uma adaptação do textoÁlbum de Família, de Nelson Rodrigues, alimentada pela leitura das obras de Gilberto Freyre e pela interlocução memorial dos atores-criadores. O espetáculo conquistou visibilidade e reconhecimento ao percorrer os mais importantes festivais de teatro do país e ao receber os seguintes prêmios: Shell (melhor direção e melhor cenário); APCA 2009 (melhor espetáculo) e Cooperativa Paulista de Teatro (melhor direção e melhor projeto visual). Em 2012, patrocinados pela Petrobras, montaram Terra de Santo. O espetáculo elegeu a cana-de-açúcar como um pretexto para estabelecer um olhar sobre o país, sua identidade e sua volátil questão socioeconômica nos seus quinhentos anos de existência. Terra de Santoganhou o prêmio APCA 2012 de melhor autor (Newton Moreno) além da indicação ao prêmio Cooperativa Paulista de Teatro (melhor projeto visual). Em 2013, com recursos da Lei de Fomento de São Paulo, apresentaram o projeto Baú da Arethuzza. Com coordenação e direção de Fernando Neves, o projeto levou à cena 5 espetáculos diversos de Circo-Teatro. O projeto foi vencedor do Prêmio APCA 2014 (categoria especial) além de ser indicado ao prêmio Shell na categoria inovação.

Sinopse

Negociante rico e ganancioso incentiva seu sobrinho pobre a enriquecer com o dote proveniente do casamento com a amada. Sem saber que a pretendente do sobrinho é a própria filha, o negociante dá conselhos de como proceder no golpe, dando corda para se enforcar.

 

SERVIÇO

Temporada Dar Corda para Se enforcar. Espaço dos Fofos: Rua Adoniran Barbosa, 151, Bela Vista. De 1º de novembro a 14 de dezembro. Sábado 21h, Domingo 19h. Bilheteria abre 2h antes do espetáculo. Ingressos: R$ 30,00. Classificação etária: 14 anos.Duração: 50 minutos

 

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