Com adaptações para o cinema, teatro e linguagem gráfica, o texto de Plínio Marcos, NAVALHA NA CARNE é considerado um clássico do teatro brasileiro. Agora, os conflitos da prostituta Neusa Sueli, do cafetão Vado e do homossexual Veludo inauguram o galpão do Teatro Garagem. A partir do dia 30 de maio, sexta-feira, às 21h30, o diretor Marcos Loureiro mostra sua visão do texto do dramaturgo santista ao lado dos atores Anette Naiman, Fransérgio Araújo e Wilson Loria. O novo espaço, localizado em um imóvel ao lado do Teatro Garagem, conta com duas salas de apresentação e pequenas salas de ensaio.
A trama começa quando Vado (Fransérgio Araújo) se dá conta de que o dinheiro do programa de Neusa Sueli (Anette Naiman) não foi repassado a ele. A suspeita do roubo cai sobre Veludo (Wilson Loria), homossexual que faz a faxina da pensão. A partir daí o público assiste de perto ao embate entre a prostituta, o cafetão e o homossexual, que tem muito pouco a perder.
A ideia de trazer à cena a obra de Plínio Marcos partiu do ator Wilson Loria, que procurou a atriz Anette Naiman com a proposta. A atriz fez contato com Kiko Barros, filho de Plínio Marcos, para tratar dos direitos autorais, que lembrou que em 2014 completaria 15 anos da morte do dramaturgo e propôs para Anette a realização de uma exposição. “Decidi então inaugurar o espaço com a estreia de NAVALHA NA CARNE, que é um texto que eu já imaginava montar há algum tempo, e a exposição”, conta a atriz, que convidou Marcos Loureiro para dirigir.
Foco no ator e a relação com o público
Para o diretor Marcos Loureiro, dirigir a montagem é a chance de se aproximar do universo de Plínio Marcos. “Eu adoro os textos do Plínio e essa será a primeira vez que terei a oportunidade de encenar a obra desse autor fantástico”, diz ele.
Em NAVALHA NA CARNE Loureiro optou por um espetáculo mais limpo, sem excessos, onde o foco é o ator e sua relação com a plateia. “Queremos dividir as emoções dos personagens com o público, sem clichês ou artifícios”, completa o diretor. A montagem pretende envolver o público no confinamento do pequeno quarto em que se passa a história. “Quero evitar o caminho comum de distanciar os personagens e de isolar a situação. Para isso, optamos somente por 25 pessoas por sessão, para que o público fique bem perto da cena.”
Visual Rua Augusta
O espaço cenográfico será pequeno com uma cama, penteadeira e uma arara cheia de roupas. “O público estará dentro da cena. Não quero que os espectadores se sintam de fora, como se estivessem olhando pelo buraco da fechadura”, adianta Loureiro.
O diretor adianta que o visual dos figurinos será estilo Rua Augusta, mais contemporâneo e sem os velhos clichês da prostituta e do cafetão. Assinado por Caetano Vilela, o desenho de luz contará com apenas três pontos de iluminação na cena. Como a montagem utiliza a varanda do Teatro Garagem como fundo do cenário haverá uma iluminação especial de fora para dentro. “As janelas estarão abertas e a ideia é dar à cena um clima de um dia amanhecendo”, explica o diretor.