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Presentes de Natal e dependência digital: riscos da tecnologia e como proteger as crianças

19 de Dezembro de 2025

Por Dra. Joana d’Arc Sakai – Psicóloga

Foto: Divulgação

Com a chegada do Natal, tablets, celulares e videogames voltam ao topo da lista de presentes desejados por crianças e adolescentes. Mas apesar de encantarem pela interatividade e variedade de conteúdos, esses dispositivos podem favorecer o desenvolvimento de dependência digital. Segundo a psicóloga Dra. Joana d’Arc Sakai, isso ocorre porque as telas ativam áreas de recompensa do cérebro, estimulando prazer imediato e comportamentos impulsivos. Nas crianças — cujo córtex pré-frontal ainda está em formação — o risco é ainda maior, já que essa região é responsável pelo controle emocional, planejamento e organização.

Os sinais de alerta começam cedo: irritabilidade, explosões de raiva, choro excessivo quando o dispositivo é retirado, queda no rendimento escolar, dificuldade de foco e problemas de sono. Quando brincadeiras tradicionais deixam de ser atrativas e o famoso “só mais um pouquinho” vira rotina, a tela já ocupa um papel central na regulação emocional da criança — e isso exige atenção imediata dos pais.

Para evitar que o presente de Natal se transforme em gatilho para dependência, a psicóloga recomenda estabelecer regras claras desde o primeiro dia: horários definidos, locais de uso, limite de tempo, conteúdos autorizados e consequências para o descumprimento. A supervisão é essencial, assim como o bom exemplo: “A tela não pode ser usada como babá. A criança aprende mais pelo que vê do que pelo que ouve”, reforça.

A Sociedade Brasileira de Pediatria orienta zero telas até os 2 anos e uso limitado e supervisionado até os 12. A introdução de dispositivos pessoais deve respeitar a maturidade emocional e a rotina familiar, evitando o uso noturno e refeições com telas.

Para quem quer fugir dos eletrônicos, há inúmeras opções de presentes que estimulam criatividade, autonomia e vínculos afetivos: tintas, massinhas, blocos de montar, instrumentos musicais, jogos de tabuleiro, livros, bicicletas, patins e atividades culturais. Esses recursos favorecem habilidades cognitivas, emocionais e motoras que nenhuma tela consegue oferecer na mesma medida.

Se após o Natal surgirem sinais de desregulação — irritação intensa, dependência, isolamento ou mudanças bruscas de comportamento — os pais devem agir rápido: reduzir o tempo de uso, retirar o aparelho do quarto, aumentar atividades ao ar livre e reforçar a presença afetiva. Em casos de grande resistência, birras ou agressividade, é recomendada uma pausa total por alguns dias.

Como reforça Dra. Joana d’Arc Sakai, o risco não está na tecnologia em si, mas no uso que se faz dela. Com supervisão ativa, limites firmes e uma rotina equilibrada, é possível garantir que o presente de Natal seja fonte de alegria — e não de dependência.

Foto: Divulgação

Dra. Joana d’Arc Sakai – Psicóloga clínica e escolar

 Doutora e Mestra em Psicologia pela USP, possui especialização em Psicanálise de crianças e adolescentes. Atua com psicopedagogia, atendimentos clínicos e assessoria educacional, além de palestrar sobre Psicologia, Educação e desenvolvimento da mulher, com forte presença no meio corporativo.

Contatos: @sakaipsicologia

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