Por: Dra. Elisa Pereira
| Foto: Divulgação |
Na era em que a vida acontece diante das telas, a hiperexposição nas redes sociais tem moldado a forma como as pessoas enxergam a si mesmas. Segundo a Dra. Elisa Pereira, a experiência digital funciona como um “espelho distorcido”: a identidade passa a ser construída pela aparência e pela performance, e não pela essência. Curtidas, comentários e views tornam-se indicadores de valor pessoal, enquanto a comparação constante com vidas editadas alimenta a sensação de inadequação. O resultado é uma autoestima fragmentada, baseada mais no desejo de parecer do que na realidade de ser.
Esse cenário intensifica comportamentos preocupantes que servem de alerta para o impacto do uso excessivo das redes na saúde mental. Entre os sinais mais comuns estão ansiedade ao postar, irritação quando o conteúdo não engaja, queda de humor ao acompanhar a vida dos outros, insônia causada pelo uso prolongado, dificuldade de foco e dependência emocional do celular como fonte de alívio. Para a especialista, a regra é clara: se a pessoa se sente pior emocionalmente depois de usar as redes, é porque algo está fora do eixo.
Diferenciar o uso saudável da internet de um padrão de dependência é essencial. Enquanto a relação equilibrada tem limites, não interfere no sono, não prejudica relações e permite ficar offline sem sofrimento, a dependência se revela pelo controle emocional exercido pelas redes — a compulsão por notificações, o medo de “ficar de fora”, a dificuldade de pausa e uma vida offline cada vez mais empobrecida. “A grande pergunta é: quem controla quem?”, destaca a Dra. Elisa.
Para reduzir o impacto da comparação e da pressão por performance, existem estratégias práticas e acessíveis. Entre elas: limpar o feed e silenciar conteúdos que adoecem, estabelecer horários para uso das redes, realizar atividades sem celular, postar com propósito e não por ansiedade, consumir menos idealizações editadas, criar rituais de pausa e proteger vulnerabilidades para evitar exposição excessiva. Lembrar que “o Instagram é marketing pessoal, não vida real” é um passo decisivo para reconstruir o senso de realidade.
O papel da família e dos profissionais de saúde também é fundamental. No ambiente familiar, atitudes como estabelecer rotinas equilibradas, conversar sobre o que é real ou performado, criar espaços livres de telas e dar o exemplo fazem diferença — especialmente com crianças e adolescentes. Já os profissionais de saúde ajudam a identificar sinais de dependência digital, orientar limites, educar sobre os efeitos da dopamina e apoiar a construção de uma relação mais consciente com o mundo online. Quando família, escola e especialistas atuam juntos, a prevenção e o cuidado tornam-se muito mais eficazes.
![]() |
| Foto: Divulgação |
Elisa Maria Scognamiglio Pereira - Psicóloga Clínica
Com mais de 20 anos de experiência no atendimento de adultos, adolescentes e grupos. Especialista em Psicoterapia Corporal e Análise do Caráter, também atua com mentoria de casais, unindo técnica e sensibilidade na prática terapêutica. Palestrante ativa, promove fortalecimento emocional, autoconhecimento e qualidade de vida
Contato: @psicologa.elisapereira