Por Dr. Renato Reis
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O desenvolvimento fetal depende de uma série de fatores nutricionais, mas dois deles são considerados pilares essenciais para um crescimento saudável: ferro e proteínas. Durante a gestação, essas substâncias influenciam diretamente o peso do bebê, seu percentil nas curvas de crescimento e até o risco de complicações como restrição de crescimento intrauterino (RCIU).
O ferro tem papel decisivo porque participa da produção de hemoglobina, responsável por transportar oxigênio para os tecidos maternos e fetais. Quando a gestante apresenta deficiência desse mineral, a oxigenação placentária diminui, prejudicando a formação da placenta, a expansão do volume sanguíneo e o metabolismo celular do feto. Estudos recentes mostram que a anemia materna aumenta a probabilidade de bebês abaixo do percentil 10, com maior chance de baixo peso ao nascer e repercussões neonatais.
As proteínas, por sua vez, garantem a construção estrutural do bebê. São fundamentais para o desenvolvimento dos músculos, tecidos, placenta, hormônios e enzimas. A ingestão insuficiente desse macronutriente está associada a bebês small for gestational age (SGA), redução da massa magra e maior fragilidade metabólica ao nascer. Enquanto o ferro garante o transporte de oxigênio, a proteína fornece os blocos de construção do organismo fetal — juntos, formam a base do crescimento intrauterino saudável.
O acompanhamento laboratorial trimestral, com avaliação de hemograma e ferritina, é recomendado para detectar precocemente quedas nas reservas, ajustar a suplementação e relacionar o estado nutricional ao percentil fetal nos exames de ultrassom. As diretrizes do Ministério da Saúde e da OMS indicam suplementação diária de 30 a 60 mg de ferro elementar e 0,4 mg de ácido fólico. Muitos especialistas, no entanto, têm optado pelo metilfolato por sua maior biodisponibilidade.
A alimentação também exerce papel decisivo. Carnes, leguminosas e vegetais verde-escuros são fontes importantes de ferro, cuja absorção é potencializada pela vitamina C. O consumo de proteínas deve ser garantido por carnes magras, ovos, laticínios e leguminosas.
A deficiência desses nutrientes não afeta apenas o peso ao nascer: influencia cognição, imunidade, desenvolvimento neurológico e risco de doenças crônicas ao longo da vida. Por isso, cuidar das reservas de ferro e da ingestão proteica é uma das medidas mais eficazes para promover um futuro mais saudável para a criança — começando ainda dentro do útero.
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Dr. Renato Reis – Ginecologista
Médico ginecologista e obstetra, com especializações em histeroscopia, estética íntima feminina, menopausa e terapia de reposição hormonal. Atua em cirurgia ginecológica e procedimentos minimamente invasivos, oferecendo cuidado integral à saúde da mulher em todas as fases, com foco em bem-estar, equilíbrio hormonal e qualidade de vida.
Contatos: @dr.renatoreis