Rose Abdallah dá voz à esposa silenciada do escritor russo e revela o lado sombrio de seu casamento
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| Créditos: Alberto Maurício |
Um dos escritores mais importantes da literatura ocidental, o russo Leon Tolstói teve uma relação extremamente tóxica com a esposa Sofia. Essa é a revelação do elogiado e premiado monólogo “Só vendo como dói ser mulher do Tolstói” que, atendendo a pedidos, volta a São Paulo para única apresentação no Teatro BDO Jaraguá, dia 12/12/2025, às 20 horas.
O espetáculo tem o texto de Ivan Jaf, direção de Johayne Hildefonso, música original de André Abujamra e interpretação visceral de Rose Abdallah, em uma obra que traz à tona a dimensão íntima e surpreendente da relação entre o ícone da literatura russa Leon Tolstói e sua esposa Sofia, revelando um casamento marcado por opressões, machismo e silenciamento.
Em um período extremamente machista e com a fama planetária de Tolstói, as constantes brigas entre o casal conferiram a Sofia o título de megera, a esposa de quem marido preferiu fugir para morrer ao relento, em um banco da estação Astapovo, numa noite congelante do inverno russo. No entanto, durante os 48 anos de casamento, os conflitos da relação, os pensamentos mais íntimos foram registrados em seus diários pessoais. A partir da leitura desses diários - que deixa clara uma relação tóxica e abusiva - o dramaturgo Ivan Jaf constrói seu monólogo, dando voz a Sofia.
Na peça, uma atriz prepara-se para entrar em cena no papel de Sofia. No camarim, a voz da atual e revoltada da atriz se mistura com a voz sufocada e indignada da esposa. Bem ali no palco, diante do espectador, misturam-se também as épocas (inícios dos séculos XX e XXI) e espaços (Rússia e Brasil). Em uma linguagem do nosso tempo, Sofia, enfim, fala. Nos bastidores da vida de um grande homem, havia mesmo uma grande mulher, mas ela foi massacrada e oprimida.
“Conhecia Sofia Tolstói apenas por foto e sempre ao lado do marido Leon Tolstói, o grande romancista russo. Quando li o monólogo, foi uma mistura de sentimentos: amor por ela e choque por conhecer o outro lado de Tolstói. Apesar de toda a sua genialidade, ele era um homem comum, um russo seguidor fiel dos ensinamentos do Domostroi, que, em russo, significa ‘ordem na casa’, ‘se o marido não domar a esposa, todo lar desmorona’. Conheço várias mulheres que ainda hoje vivenciam os mesmos conflitos que Sofia. Talvez leve mais alguns séculos para que uma mudança concreta ocorra e que, finalmente, as mulheres tenham seu protagonismo reconhecido, reflete Rose Abdallah.
O espetáculo, que arrebatou o público por onde passou, destaca-se também pelo figurino de época assinado por Giovanni Targa, indicado ao Prêmio Shell e vencedor do Prêmio Fita, uma construção visual que se torna parte essencial da dramaturgia.
FICHA TÉCNICA
Autor: Ivan Jaf
Direção: Johayne Hildefonso
Idealização e atuação: Rose Abdallah
Desenho de luz: Evelyn Silva
Visagismo e adereços: Ancelmo Salomão Saffi
Direção de arte: Giovanni Targa
Música original: André Abujamra
Cenários e figurinos: Giovanni Targa, Alessandra Miranda, Miguel Sasse e Ricardo Ferreira
Costureira: Edeneire Santos
Marcenaria: Alexandre Ramos
Fotografia: Vitor Kruter
Designer gráfico: Maurício Tavares / Inova Brand
Artes gráficas e redes sociais: Silvana Costa / Luciana Mesquita / Jr. Daldegan
Assessoria de imprensa: Rachel Almeida (Racca Comunicação)
Direção de produção: Rose Abdallah e Sandro Rabello
Produção executiva: Márcio Netto / Ganga Projetos Culturais
Realização: Rose Abdallah / Abdallah Produções e Sandro Rabello / Diga Sim Produções
SERVIÇO
Espetáculo: Só Vendo Como Dói Ser Mulher do Tolstói
Local: Teatro BDO Jaraguá — Hotel Nacional Inn Jaraguá
Endereço: Rua Martins Fontes, 71 – Consolação – São Paulo
Data: 12 de dezembro (sexta-feira)
Horário: 20h