Intercâmbio cultural leva alunos da rede pública de quatro estados a Portugal em uma jornada de aprendizado, arte e cidadania
![]() |
O sonho já começou para parte dos estudantes brasileiros selecionados pelo projeto “Era uma Vez... Brasil”. A jornada internacional teve início em 5 de novembro, com a primeira turma já em Portugal. Agora, é a vez da segunda turma – com participantes do interior Paulista (Ribeirão Preto, Serrana, Brodowski Lençóis Paulista, Macatuba, Areiópolis) e da Bahia (Jacobina e Várzea do Poço) – preparar as malas para embarcar na próxima sexta-feira (14/11), com retorno previsto para o dia 24. A experiência de intercâmbio e vivência cultural está transformando a trajetória de jovens da rede pública e abrindo novas perspectivas de futuro.
Ao todo, estudantes e professores de 16 cidades de quatro estados brasileiros – São Paulo, Bahia, Pernambuco e Paraná – participam, de 5 a 24 de novembro, dessa experiência internacional, que une educação, arte e história em território europeu. O intercâmbio encerra um ciclo formativo intenso, dedicado à valorização das identidades brasileiras, à produção artística e à reflexão sobre o passado e o presente do país.
Educação que transforma e atravessa fronteiras
Nas semanas que antecederam as viagens, as equipes locais promoveram oficinas, produções autorais e encontros de integração com estudantes e familiares. Essa etapa, segundo o coordenador geral do projeto, Guilherme Parreira, representa a síntese de um processo que ultrapassa os limites da sala de aula. “Chegamos a mais um capítulo de uma história que vem sendo escrita por milhares de mãos em todo o Brasil”, afirma. “Cada estudante e cada professor que embarca para Portugal leva consigo não apenas o resultado de um processo de formação, mas o símbolo de que a educação é capaz de abrir caminhos reais.”
Para Parreira, ver jovens de diferentes origens atravessando o oceano é a materialização do propósito que move o projeto desde sua criação. “O Era uma Vez... Brasil nasceu para provocar reflexão e orgulho das nossas origens — e ver esses jovens contando a própria história é a maior prova de que estamos no caminho certo.”
Expectativa e orgulho nos embarques
Para muitos, o intercâmbio marca o primeiro voo internacional e o primeiro contato com outro continente. Em meio à correria das malas e à emoção de pais e alunos, a sensação é de conquista e reconhecimento.
O professor Antônio Carlos dos Santos, da Escola Estadual Professor Francisco Balduíno de Souza, em Quatá (SP), descreve o momento como histórico para sua comunidade. Segundo ele, o projeto impactou profundamente a vida dos estudantes de sua cidade pequena, de cerca de 15 mil habitantes. “Nunca tivemos um projeto que levasse alunos para fora do país. Ver nossos estudantes vivendo isso é um orgulho enorme. Os pais acompanharam os filhos até a van que os trouxe ao Aeroporto de Campinas. Esse projeto veio suprir muitas necessidades e abriu horizontes”, contou. Antônio acrescenta que o maior legado é o conhecimento construído ao longo da jornada. “Os alunos estão descobrindo um novo olhar sobre a história do Brasil e se reconhecendo nela.”
De Paraguaçu Paulista (SP), o professor de História João Paulo Aparecido Leme, que representa três escolas públicas — EMEF Coronel Antônio Nogueira, EMEF Osório Lemaire de Morais e E.E. Isidoro Baptista —, compartilha da mesma emoção. De acordo com ele, “a ficha ainda não caiu”. “Eu e meus alunos seremos os primeiros das nossas famílias a andar de avião e a viajar para o exterior. Isso já é uma conquista imensa”, observa.
O educador destaca que o valor do projeto vai muito além da viagem: “O mais bonito é o processo. Os quadrinhos criados pelos estudantes [que formaram o livro desta edição], as oficinas, o convívio no campus — tudo isso gerou aprendizados humanos e sociais.” Para ele, o projeto também estimula um olhar crítico sobre o passado. “Nos dá a oportunidade de revisitar a história do Brasil com novas lentes e enxergar Portugal não como idealização, mas como parte de um diálogo cultural que precisa ser questionado. É um mergulho no passado e no presente.”
A formação que ecoa na sala de aula
O professor Rafael Henrique Costa, da Escola Origens Lessa, em Lençóis Paulista (SP), vê no projeto uma poderosa ferramenta de transformação. Segundo ele, a oportunidade do intercâmbio internacional transforma, enriquece e inspira. “É um espaço de trocas e de crescimento pessoal e coletivo”, afirma. Para o docente, o impacto se estende a toda a comunidade escolar. “O projeto amplia o poder pedagógico do professor e gera frutos que já estão germinando. É uma semente que fica.”
De Ribeirão Preto (SP), o professor Alan Nardi de Souza, da EMEF Professor Doutor Waldemar Roberto, compartilha o mesmo entusiasmo. Para ele, o Era uma vez...Brasil estabelece um longo processo de aprendizado e amadurecimento. “Cada etapa — as formações, o campus, a convivência — ampliou a nossa percepção de mundo e o papel que temos como agentes históricos”, explica.
Alan acredita que a vivência internacional vai permitir novas reflexões sobre o próprio cotidiano. “Essa viagem é um convite a enxergar nossa realidade com novos olhos, repensar o que queremos transformar e o que podemos aprender com outras culturas.”
Vozes da nova geração
Entre os estudantes embarcando para Lisboa, a empolgação é visível. Manuella Moreira da Silva, 14 anos, da Escola “Chiquinho” - E.E. Prof. Francisco Balduíno de Souza, Quatá (SP), resume em uma frase o sentimento do grupo: “Minha expectativa está muito alta. Espero fazer novos amigos, aprender sobre a cultura e a culinária do país e viver uma experiência que vai valer a pena.”
O colega Arthur Odorizzi Barbosa, 13 anos, da EMEF Coronel Antônio Nogueira, de Paraguaçu Paulista, também carrega entusiasmo e gratidão: “O campus já me trouxe vários ensinamentos e me ajudou a crescer como pessoa. Ser escolhido foi um choque. Agora, em Portugal, o aprendizado é ainda maior. É uma oportunidade única que vai me ajudar muito na minha jornada como estudante.”
De Paranaguá (PR), o estudante Leydson Yuri Feitoza de Souza compartilhou sua expectativa antes do embarque. “Sou um dos selecionados do Era uma Vez... Brasil e estou muito feliz, não só com a viagem, mas com todo o projeto. Todas as etapas foram muito legais e divertidas. No campus, gostei muito de passar sete dias vivendo novas experiências e aprendendo. E eu acho que essa viagem vai ser como o campus, só que melhor: vou aprender ainda mais e ter a oportunidade de viajar para lugares que eu nem imaginava que conheceria agora.”
A mãe de Leydson, Celeste de Carvalho Feitoza de Souza, acompanhou cada fase do processo e expressou o orgulho da família: “Estou muito feliz por ele ter conquistado. No início, achei o sonho tão distante da realidade, mas as etapas foram acontecendo e, quando chegou o resultado, foi muita emoção”. Celeste diz que seu filho sempre foi esforçado na escola e sonhava em conhecer outros países. Ela vê no projeto a realização desse sonho: “Nossa família está muito feliz e ansiosa pela chegada, com todas as novidades.”
De Ribeirão Preto (SP), a estudante Glenda dos Santos Costa, 14 anos, da EMEF Alcina dos Santos Heck, também vive a expectativa do embarque. Ainda no 6º ano, ela já sonhava em fazer uma viagem internacional — e o projeto reacendeu esse desejo. “Quero cursar Cinema e acredito que o intercâmbio vai abrir portas para novos conhecimentos”, comenta. Para ela, participar do projeto é uma experiência única: “Vou ser a primeira pessoa da minha família a viajar para outro país e a única aluna da escola contemplada neste ano — é um privilégio e tanto.”
Segundo Glenda, o grupo brasileiro tem muito a compartilhar com os europeus. “Acho que vamos levar uma visão diferente sobre o nosso país e, ao mesmo tempo, mergulhar no mundo deles. Tenho certeza de que voltaremos com o nosso barquinho cheio de aprendizados”, conclui.
Sobre o projeto
Criado em 2016, o “Era uma Vez... Brasil” proporciona a estudantes da rede pública uma jornada de aprendizado transformadora, unindo o estudo da história do Brasil à valorização de identidades e trajetórias pessoais e coletivas. Ao longo de oficinas, produções artísticas, imersões e intercâmbios, os jovens são convidados a refletir sobre o passado, compreender o presente e imaginar o futuro.
Realização e patrocínio
O projeto é uma iniciativa da Origem Produções, realizada por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, Ministério da Cultura, Governo Federal, e conta com o patrocínio da Rodonaves Transportes, Grupo Moura, Jacobina Mineração Pan American Silver, Rocha Terminais Portuários e Logística, Zilor, Energia e Alimentos, Lwart Soluções Ambientais, e apoio da Brasil Salomão e Matthes Advocacia e Instituto Brasil Salomão, Civil, Tivoli Praia do forte, além do apoio das Prefeituras das Cidades participantes e respectivas Secretarias Estaduais de Educação. Mais informações: https://site.eraumavezbrasil.
Sobre a Origem Produções
A Origem Produções é uma empresa de consultoria e gestão de projetos criativos com atuação nas áreas de cultura, educação, sustentabilidade, esporte e responsabilidade social. Fundada em 2007, realiza projetos em todo o Brasil e no exterior, sempre alinhada às exigências legais e às tendências contemporâneas. Seu trabalho conecta marcas, artistas, comunidades e políticas públicas por meio de projetos que promovem acesso à cultura, desenvolvimento humano e transformação social.
SERVIÇO
Viagens do Projeto “Era uma Vez... Brasil” – Intercâmbio Cultural em Portugal (2025)
Primeiro grupo – 5 a 15 de novembro (Em Intercâmbio nesta semana)
Quatá (SP)
Paraguaçu Paulista (SP)
Paranaguá (PR)
Recife (PE)
Belo Jardim (PE)
Salvador (BA)
Mata de São João (BA)
Camaçari (BA)
Segundo grupo – 14 a 24 de novembro
Ribeirão Preto (SP)
Serrana (SP)
Brodowski (SP)
Lençóis Paulista (SP)
Macatuba (SP)
Areiópolis (SP)
Jacobina (BA)
Várzea do Poço (BA)