A inédita é a maresia que antecipa o disco "Pelos olhos do mar" que une vozes históricas em um encontro entre consciência e contemporaneidade
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O mar é travessia e memória. É também o lugar de encontro entre duas artistas que, vindas de margens distintas, se reconheceram na força que une tradição e invenção. Assim nasce Pelos olhos do mar, novo álbum de Lia de Itamaracá e Daúde, lançado pelo Selo Sesc, um disco que mergulha nas ancestralidades da música brasileira e revela a potência de dois nomes fundamentais da cultura popular.
O primeiro capítulo do encontro chega com “Florestania”, single que é lançado em 31 de outubro, em plena véspera da COP30, como um manifesto pela preservação da vida.
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“‘Florestania’ é uma canção que ecoa uma luta pela vida e pela natureza. Desde a primeira audição, ela nos atravessou de um jeito muito profundo. Há algo de ancestral, de espiritual e, ao mesmo tempo, extremamente atual na composição”, compartilha Lia de Itamaracá.
Composta por Céu e Russo Passapusso, a canção costura São Paulo e Bahia em um mesmo sopro de resistência. A faixa une percussões de Pupillo e vozes de Lia de Itamaracá e Daúde em uma espécie de oração moderna pela terra, floresta e pelos povos que nelas habitam. Nas palavras de Daúde: “É como se o inconsciente coletivo estivesse agindo em parceria aos versos da canção, em uma sensível urgência em proteger a fauna, a flora, a terra, a água e o precioso bioma que, com generosidade ancestral, nos permite a vida”.
“Cantar essa faixa dentro do projeto ‘Pelos olhos do mar’ é também reafirmar um compromisso com o que é essencial: o equilíbrio entre o humano e o natural, o afeto, o cuidado e a preservação. ‘Florestania’ nos lembra que viver é um ato político e poético, e que a arte tem potência de reacender em nós o desejo de proteger o que ainda pulsa”, completa Lia.
Gravado no estúdio Da Pá Virada, em São Paulo, o álbum é resultado de uma rede criativa que envolve nomes como Emicida, Chico César, Karina Buhr, entre outros. O repertório navega entre inéditas e releituras, em um movimento que atravessa a ciranda ao bolero e à canção urbana.
O trabalho nasceu do olhar cuidadoso do produtor e empresário Beto Hees, que acompanha Lia de Itamaracá há quase três décadas e foi o primeiro a imaginar ambas as artistas dividindo o mesmo palco. Daúde e Lia, já parceiras de estrada em apresentações, transformaram agora essa afinidade em registro sonoro, revisitando clássicos e estreando criações inéditas que exploram suas diferenças e semelhanças.
O resultado é um disco em que o mar aparece como metáfora para o tempo, o feminino, o amor e a luta.
A faixa “Florestania” chega como a última música composta para o projeto, aos 45 segundos do último tempo, e a escolha do single como primeiro lançamento reforça o caráter urgente e simbólico do disco. Dividir o mesmo espaço de escuta com a COP30, em Belém, transforma o lançamento em um gesto político e poético.
Como descreve Lia: “Levar esse primeiro single às ruas é como abrir as janelas do álbum e deixar que o vento traga de volta o som das árvores, das águas e das vozes que insistem em resistir”.
“Quero acreditar que a sociedade civil, os líderes e os cientistas que tenham compromisso e responsabilidade para tornar real o combate ao aquecimento global à perda da biodiversidade. Eu, artista, acredito em sonhos e na esperança”, resume Daúde, sintetizando o espírito que move o projeto.
Lia e Daúde reafirmam a potência de suas trajetórias com o lançamento, que une a experiência de Lia, ícone da cultura popular pernambucana e referência na preservação da ciranda, à estética e à força interpretativa de Daúde, pioneira na fusão entre elementos da cultura, arte nacional e raízes da negritude afro-brasileira.
O álbum completo amplia o mergulho proposto pelo encontro entre Lia de Itamaracá e Daúde, enquanto “Florestania” se apresenta como o primeiro passo da travessia das artistas, como uma canção que convida a enxergar, escutar e sentir o mundo com mais sensibilidade e consciência.
Ficha técnica:
Lia de Itamaracá e Daúde: vozes
Pupillo: Beat eletrônico e percussão
Fábio Sá: baixo
Zé Ruivo: teclados
Pedro Baby: guitarra
Céu: backings
Céu e Russo Passapusso: autores
Produzido por Marcus Preto e Pupillo
Direção artística: Marcus Preto
Direção musical: Pupillo
Técnico de gravação: Thiago “Big” Rabello
Assistente de gravação: Victor Nery
Mixagem: Guigo Berger
Masterização: Fili Filizzola
Produção executiva: Beto Hees (Centro Cultural Estrela de Lia) e Pamela Gopi (Jequitibá Cultural)
Assistente de produção: Giovanna Fiocco
Pinturas: Manuela Navas
Projeto gráfico: Alexandre Calderero