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Investimentos em Máquinas e Equipamentos recuam em agosto

6 de Outubro de 2025

Os dados de desempenho do setor de máquinas e equipamentos em agosto de 2025 apontam para uma retração da demanda doméstica. O consumo aparente do setor totalizou R$ 34,3 bilhões no mês, representando uma queda de 10,7% em relação a agosto de 2024. Essa retração refletiu-se tanto na aquisição de máquinas de produção nacional (-13,2%) quanto naquelas de origem externa (-7,2%), evidenciando a fragilidade da demanda interna.

A receita líquida total da indústria também recuou (-5,6% na comparação interanual) mesmo diante da expansão das exportações que no mês de agosto exerceu papel relevante como amortecedor da desaceleração doméstica.

O setor operou com 78,8% de utilização da capacidade instalada (NUCI) em agosto, índice estável em relação ao mês anterior (julho/25), mas acima do patamar de agosto de 2024. Já a carteira de pedidos apresentou queda de 2,5%, sinalizando continuidade da retração nos investimentos em máquinas e equipamentos e maior cautela por parte da indústria, da agricultura e da infraestrutura na renovação e ampliação de seus parques produtivos.

Esse conjunto de indicadores reforça o quadro de desaceleração dos investimentos produtivos no país, num momento em que a economia brasileira enfrenta juros elevados, custos de financiamento crescentes e aumento da competição internacional.

Comércio Exterior

O desempenho negativo no mercado doméstico contrastou com os resultados externos. As exportações totalizaram US$ 1,26 bilhão, crescimento de 33,6% em relação a agosto de 2024. Já as importações somaram US$ 2,57 bilhões, praticamente estáveis frente ao ano anterior, mas ainda em patamar elevado, representando cerca de 45% do consumo doméstico.

O crescimento das exportações foi impulsionado, em grande parte, pelo segmento de petróleo e gás. Destacam-se a exportação de compressores de gases e aparelhos para filtragem, destinados a Singapura, que sozinhos responderam por 64% da alta no mês. Houve também aumento relevante nas vendas para os Estados Unidos em máquinas rodoviárias (+67%) e motores/geradores (+54%), que compensaram quedas em máquinas agrícolas (-36%) e máquinas-ferramenta (-87%).

Do lado das importações, a China manteve-se como principal fornecedora, com 30,6% de participação em agosto e crescimento de 12,9% em relação a julho/25. No acumulado do ano (jan-ago/25), a China respondeu por 31,8% das compras brasileiras de máquinas, praticamente o dobro da participação de dez anos atrás (16,6% em 2015).

Esse movimento reforça a tendência de substituição da produção local por máquinas importadas, num ambiente de câmbio relativamente estável, mas com forte competitividade dos fornecedores asiáticos.

Capacidade Instalada, Carteira de pedidos e quadro de pessoal

O nível de utilização da capacidade instalada do setor de máquinas e equipamentos registrou estabilidade em relação ao mês de julho, mas superou em 2,9% o resultado de agosto de 2024. Em agosto o setor atuou com 78,8% da sua capacidade.

A carteira de pedidos, após ter crescido 2,1% em julho de 2025, recuou 2,5% no mês de agosto. Houve piora na carteira da maioria dos setores, mas as maiores ocorreram nos setores de máquinas agrícolas e de máquinas para a indústria de transformação.

Em média o setor está com carteira de pedidos igual ao do final (dez) de 2024, mas inferior em 2,3% à observada em agosto de 2024.

Em agosto de 2025, o setor de máquinas e equipamentos registrou expansão no número de pessoas empregadas. No período o setor empregou 427 mil colaboradores — um avanço de 0,5% em relação ao mês de julho25.

Na comparação com agosto de 2024, houve aumento de pouco mais de 33 mil postos de trabalho no setor. Esse movimento na ponta reflete o aumento do número de pessoas empregadas na maioria dos subgrupos setoriais. Em agosto houve redução na mão de obra dos setores fabricantes de máquinas para a indústria de transformação e de máquinas para agricultura

Perspectivas para o Setor

A indústria de máquinas e equipamentos enfrenta um cenário desafiador para os próximos meses:

  • Política monetária restritiva: os juros altos continuam limitando os investimentos privados.
  • Pressões externas: as tarifas adicionais de até 50% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros devem reduzir as exportações em até 15% em 2025, recuando de US$ 13,2 bilhões (2024) para US$ 11,2 bilhões.
  • Concorrência chinesa: a participação crescente da China ameaça a competitividade doméstica.
  • Infraestrutura e agro: permanecem como setores de maior potencial de demanda, mas com ritmo mais lento diante do encarecimento do crédito.

Mantido esse cenário, a ABIMAQ projeta uma receita total de R$ 290 bilhões em 2025, crescimento de 5% em relação a 2024, sustentado sobretudo pelo mercado interno (+12%). Contudo, a perda do mercado norte-americano e a pressão das importações trazem riscos relevantes para 2026.

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