Com curadoria de Gilberto Mariotti, série Hóspede convida artistas contemporâneos a expor suas obras em diálogo com a Coleção Ema Klabin
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Casa Museu Ema Klabin |
Créditos: Nelson Kon |
De 27 de setembro a 2 de novembro, a Casa Museu Ema Klabin, no Jardim Europa, em São Paulo, recebe uma nova edição da série de arte contemporânea Hóspede, sob curadoria de Gilberto Mariotti. A obra que participa dessa edição é Natureza Torta, do artista Link Museu, instalada na sala de jantar da casa, em diálogo com a pintura Natureza Morta com Limões e Xícara, de Pierre-Auguste Renoir, que pertence à Coleção Ema Klabin.
O curador Gilberto Mariotti assina um texto que contextualiza e destaca as conexões entre a produção contemporânea e a tradição do Impressionismo francês, oferecendo ao público uma leitura aprofundada sobre esse diálogo entre diferentes tempos da arte.
Criada em 2015, a série Hóspede convida artistas contemporâneos a instalarem suas obras na Casa Museu Ema Klabin, estabelecendo diálogos entre a arte contemporânea e obras do acervo. A residência, onde Ema Klabin viveu entre 1961 e 1994, é hoje uma das raras casas museus de colecionador no Brasil com ambientes preservados, abrigando uma coleção que abrange 35 séculos de arte e cultura.
Natureza Torta, de Link Museu
A obra de Link Museu propõe um olhar sobre a vida nas margens da cidade, explorando temas como convivência, sociabilidade e resistência. Inspirada no Corote, bebida popular de garrafinhas coloridas e acessíveis, a criação vai além do objeto, tornando-se símbolo das experiências e desafios cotidianos das periferias.
“É uma bebida muito usada nas periferias e remete tanto à convivência em rodas de amigos, festas de rua e encontros coletivos, quanto aos desafios impostos pela desigualdade”, explica o artista.
O diálogo entre as duas obras evidencia como o mesmo gênero artístico pode atravessar séculos, contextos e culturas, reinventando sentidos e significados.
Sobre Link Museu
Nascido em Guaianazes, São Paulo, Link Museu, hoje com 39 anos, grafita desde 2003. Autodidata, começou a usar a cidade como tela aos 12 anos, inspirado pelos muros pichados que encontrava no caminho da escola. ”Aquelas cores me fascinavam e, quando aprendi a ler, as letras ganharam ainda mais minha atenção”, conta
Antes de se dedicar às artes plásticas, trabalhou como pintor de parede e ajudante letrista. Sua trajetória ganhou novo impulso na pandemia, com incentivo do artista Rodrigo Andrade, que o encorajou a levar a estética das pichações para as telas e a conhecer outros artistas.
“Até então, só conhecia algumas obras pelos livros da escola. A primeira vez que vi um quadro de Vincent van Gogh no MASP, chorei de emoção. É muito importante difundir o conhecimento dos grandes centros para a periferia e, ao mesmo tempo, mostrar a criatividade e a voz desses territórios para o mundo. Tento fazer isso com a minha arte”, conta Link Museu.
O artista já integrou mostras como SOMA (Galeria Milan, 2021), Um lugar, lugar nenhum (Marília Razuk, 2021), Arte é bom (MIS-SP, 2022), Ar Livre: paisagem contemporânea em Cidade Tiradentes (Centro Maria Antônia/USP, 2024), São Paulo é um gibi (Ateliê 397, 2025) e Do que a terra dá (Galeria Izabel Pinheiro, 2025). Suas obras também ultrapassaram fronteiras, sendo adquiridas por colecionadores na França, Colômbia e Suíça.
Bate-papo entre artista, curador e público
Para marcar a abertura da mostra, será realizado um Arte-papo gratuito, das 10h às 11h, com o curador Gilberto Mariotti e o artista Link Museu. A atividade convida o público a um diálogo aberto sobre o processo criativo do artista e as conexões entre suas obras. O encontro acontece na área de eventos da casa museu, com 100 vagas disponíveis por ordem de chegada. A mostra poderá ser visitada até 2 de novembro.
Serviço:
Série Hóspede
De 27 de setembro a 2 de novembro de 2025
Inauguração da série Hóspede e Arte-Papo com Link Museu e Gilberto Mariotti, 27 de setembro, das 10h às 11h, entrada franca
Visitação
quarta a domingo, das 11h às 17h, com permanência até às 18h
visitas mediadas quarta a sexta, às 11h, 14h, 15h e 16h. sábado, domingo e feriado, às 14h.
R$ 20 (inteira)
R$ 10 (meia) para estudantes, idosos, PCD e jovens de baixa renda
gratuidade para crianças de até 7 anos, professores e estudantes da rede pública
Rua Portugal, 43, Jardim Europa, São Paulo
Sobre a Casa Museu Ema Klabin:
A residência onde viveu Ema Klabin de 1961 a 1994 é uma das poucas casas museus de colecionador no Brasil com ambientes preservados. A Coleção Ema Klabin inclui pinturas do russo Marc Chagall e do holandês Frans Post, obras do modernismo brasileiro, como de Tarsila do Amaral e Candido Portinari, além de artes decorativas, peças arqueológicas e livros raros, reunindo variadas culturas em um arco temporal de 35 séculos.
A Casa Museu Ema Klabin é uma fundação cultural sem fins lucrativos, de utilidade pública, criada para salvaguardar, estudar e divulgar a coleção, a residência e as memórias de Ema Klabin, visando à promoção de atividades de caráter cultural, educacional e social, inspiradas pela sua atuação em vida como colecionadora, empresária e filantropa, de forma a construir, em conjunto com o público mais amplo possível, um ambiente de fruição, diálogo e reflexão.
A programação cultural da casa museu decorre da coleção e da personalidade da empresária Ema Klabin, que teve uma significativa atuação nas manifestações e instituições culturais da cidade de São Paulo, especialmente nas áreas de música e arte. Além de receber a visitação do público, a Casa Museu Ema Klabin realiza exposições temporárias, séries de arte contemporânea, cursos, palestras e oficinas, bem como apresentações de música, dança e teatro.
O jardim da casa museu foi projetado por Roberto Burle Marx e a decoração foi criada por Terri Della Stufa.