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Varejo recua 1,4% em agosto, segundo o ICVA

10 de Setembro de 2025

É o terceiro mês consecutivo de queda; cenário indica maior cautela do consumidor

O faturamento do Varejo em agosto de 2025 caiu 1,4% em termos reais (descontada a inflação), em comparação com o mesmo mês de 2024, segundo o Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA). Apesar da deflação registrada no mês, a alta geral de preços acumulada nos últimos 12 meses, de 4,95%, impacta os dados deflacionados. Em termos nominais, que refletem o faturamento dos varejistas, houve crescimento de 3,5% em agosto em relação ao mesmo mês do ano passado.

Os dados mostram que, apesar do aumento dos valores transacionados, o volume real de vendas segue pressionado pela inflação e pelo comportamento mais cauteloso do consumidor. O varejo brasileiro manteve a tendência de crescimento nominal, mas com queda real. Isso reflete o ambiente macroeconômico ainda desafiador para o consumo. Esse resultado se mantém consistente com outros indicadores econômicos, como a desaceleração do PIB no segundo trimestre.

Os três macrossetores do Varejo registraram queda. Serviços apresentou retração de -1,8% em agosto apesar dos resultados positivos do setor de Turismo e Transporte. No entanto, o recuo do desempenho de Bares e Restaurantes influenciou no resultado. O segmento ainda demonstra enfrentar dificuldades. Mesmo com o efeito positivo do Dia dos Pais, a alta de preços influenciou os resultados do setor.

Bens não duráveis também apresentou recuo de -0,4% com o desempenho do setor de Supermercados e Hipermercados. A alimentação dentro do domicílio tem tendência de deflação, o que pode ser um sinal de desaceleração nas compras e ajuste de demanda, exatamente o tipo de resposta que a política de controle da inflação com juros altos que o Banco Central busca: menor pressão de preços via consumo mais contido. 

Esse movimento pode indicar que o consumidor está mais sensível a preços e menos disposto a repassar esses aumentos para o carrinho. E que decide focar no que é essencial na hora das compras. Esse comportamento é o efeito esperado da política de juros: menor demanda leva à estabilização ou queda dos preços em itens essenciais.

No entanto, entre os bens duráveis, houve destaque positivo no segmento de Turismo e Transporte, principalmente, em Postos de Combustíveis. Isso sugere uma demanda resiliente e maior mobilidade e retomada de viagens, além do impacto dos preços dos combustíveis, que apesar de apresentar inflação no acumulado de 12 meses, na comparação mensal agosto mostrou maior queda que julho.

Bens duráveis e semiduráveis apresentou recuo de -4,1%, com resultados negativos de no setor de Móveis, Eletro e Depto e Materiais para construção.

Para Carlos Alves, vice-presidente de Tecnologia e Negócios da Cielo, o brasileiro manteve o comportamento cauteloso frente ao cenário econômico. “Agosto reforça a tendência de crescimento nominal com queda real no varejo brasileiro, evidenciando o impacto da inflação sobre o consumo e a cautela do consumidor. Setores como Turismo e Transporte seguem em destaque positivo, enquanto Supermercados e Hipermercados parecem começar a sentir uma desaceleração no consumo”, afirma.

E-commerce e vendas presenciais

Em agosto, o e-commerce cresceu 3,9% em termos nominais. As vendas presenciais subiram 3,4% em termos nominais em relação ao mesmo mês de 2024. 

Inflação

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), prévia do IPCA divulgada pelo IBGE, registrou deflação de -0,14% em agosto: a primeira queda do índice em mais de dois anos. No acumulado de 12 meses, o indicador atingiu alta de 4,95%. 

O grupo Habitação foi o principal responsável pelo comportamento no mês passado, com queda de -1,13%, puxada pelo recuo de 4,93% na energia elétrica residencial. Alimentação e Bebidas apresentaram retração de -0,53%, com destaque para a alimentação no domicílio, que caiu -1,02%. Por outro lado, alimentação fora do domicílio mostrou avanço de 0,71%, mas com desaceleração em relação a julho, quanto a alta foi de 0,84%.

Transportes também contribuíram para a deflação, com recuo de 0,47%, revertendo a alta de julho. Combustíveis para veículos apresentaram recuo de -1,18% e passagens aéreas de -2,59%.

Ponderando o IPCA e o IPCA-15 pelos setores e pesos do ICVA, a inflação do varejo ampliado acumulada em 12 meses em agosto foi de 5,0%, abaixo dos 5,3% de julho.

Regiões

De acordo com o ICVA deflacionado e com ajuste de calendário, os resultados de cada região em relação a agosto de 2024 foram: Sudeste (-1,0%), Sul (-2,3%), Centro-Oeste (-2,7%), Nordeste (-1,1%) e Norte (-4,0%).

Pelo ICVA nominal – que não considera o desconto da inflação – e com ajuste de calendário, os resultados de cada região foram: Sudeste (+4,0%), Sul (+3,4%), Norte (+1,3%), Centro Oeste (+2,3%) e Nordeste (+2,8%).

SOBRE O ICVA  

O Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA) acompanha mensalmente a evolução do varejo brasileiro, de acordo com as vendas realizadas em 18 setores mapeados pela Cielo, desde pequenos lojistas a grandes varejistas. O peso de cada setor no resultado geral do indicador é definido pelo seu desempenho no mês.

O ICVA foi desenvolvido pela área de Business Analytics da Cielo com o objetivo de oferecer mensalmente uma fotografia do comércio varejista do país a partir de informações reais.

COMO É CALCULADO

A unidade de Business Analytics da Cielo desenvolveu modelos matemáticos e estatísticos que foram aplicados à base da companhia com o objetivo de isolar os efeitos do comportamento competitivo do mercado de credenciamento - como a variação de marketshare, substituição de cheque e dinheiro no consumo, bem como o surgimento do Pix. Dessa forma, o indicador não reflete somente a atividade do comércio pelo movimento com cartões, mas, sim, a real dinâmica de consumo no ponto de venda.

Esse índice não é de forma alguma a prévia dos resultados da Cielo, que é impactado por uma série de outras alavancas, tanto de receitas quanto de custos e despesas.

ENTENDA O ÍNDICE

ICVA Nominal – Indica o crescimento da receita nominal de vendas no varejo ampliado do período, comparando com o mesmo período do ano anterior. Reflete o que o varejista de fato observa nas suas vendas.

ICVA Deflacionado – ICVA Nominal descontado da inflação. Para isso, é utilizado um deflator que é calculado a partir do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado pelo IBGE, ajustado ao mix e pesos dos setores contidos no ICVA. Reflete o crescimento real do varejo, sem a contribuição do aumento de preços.

ICVA Nominal/Deflacionado com ajuste calendário – ICVA sem os efeitos de calendário que impactam determinado mês/período, quando comparado com o mesmo mês/período do ano anterior. Reflete como está o ritmo do crescimento, permitindo observar acelerações e desacelerações do índice.

ICVA E-commerce - Indicador do crescimento da receita nominal no canal de vendas online do varejo do período em comparação com o período equivalente do ano anterior.

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