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Foto: Freepik |
Ele é conhecido pela facilidade com que está sempre ao lado do poder. Tão fácil como tira um casaco e logo veste outro, muda de posição. É capaz de abandonar uma concepção que defendeu com unhas e dentes e logo se agarrar em outra. Acostumou-se a agir na sombra, sem o desejo de estar na primeira fileira do poder. No bastidor, é capaz de mu- dar o rumo das decisões dos partidos políticos e até mesmo do governo. Age sempre por debaixo dos panos. O ego está totalmente sob controle. O que importa é mandar. E ter quem obedeça. No bastidor, é chamado de cínico e imoral.
Trocar de ideologia, de programa político e de aliados exige in- teligência e também o preparo estratégico das mudanças. Virar a página do passado e começar a escrever uma nova em que defende seus novos aliados. Não importa o que falarão dele, se a história poderá ou não condená-lo. Acredita que boas propinas, cargos públicos e jantares com a elite nacional fazem milagres com os historiadores e cronistas. É neces- sário entender que eles precisam de condições materiais para continuar suas pesquisas e escrever os seus livros. Graças a sua bolsa e matreirice, sua biografia em nenhum momento é apresentada como a de um traidor da pátria.
Viver à sombra dos poderosos, estejam onde estiverem. É um fruto da revolução mais importante da história da humanidade que pro- mete igualdade, liberdade e fraternidade. Ocupou o cargo de ministro quatro vezes, servindo regimes antagônicos. Deveria ter seguido carreira militar, mas tem uma anomalia no pé, o que o impede de marchar no Exército nacional. Foi expulso do seminário, mas habilmente nomeado abade. Charles-Maurice, mais conhecido como Talleyrand, um passagei- ro pelo absolutismo, liberalismo, bonapartismo e de volta ao absolutismo. Representando a França derrotada no Congresso de Viena de 1815, tem presença marcante entre as potências vitoriosas. Não vacila em apoiar, contra os grandes proprietários de terras das colônias francesas na Amé- rica, o fim do tráfico de escravos negros africanos. E obtém o apoio de Portugal, o país com grande número de traficantes alojados no Brasil.
Heródoto Barbeiro, professor e jornalista, é âncora do Jornal Novabrasil, colunista do R7, do Podcast. Apresentou o Roda Viva na TV Cultura, Jornal da CBN e Podcast NEH. Tem livros nas áreas de Jornalismo, História, Midia Training e Budismo. Grande prêmio Ayrton Senna, Líbero Badaró, Unesco, APCA, Comunique-se. Mestre em História pela USP e inscrito na OAB. Palestras e midia training. Canal no Youtube “Por Dentro da Máquina”, www.herodoto.com.br.
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