Cultura - Música

Ney Matogrosso - Homem com H faz temporada no Teatro Porto

14 de Agosto de 2025

Com texto de Emilio Boechat e Marília Toledo, produção da Paris Cultural homenageia a trajetória de um dos artistas mais autênticos da cultura brasileira 

Créditos: Adriano Doria

Sucesso de público e crítica, o musical Ney Matogrosso – Homem com H, produção da Paris Cultural, retorna a São Paulo para mais uma temporada. Após passar por cinco cidades (Rio de Janeiro, Natal, Recife, Fortaleza e Curitiba) e reunir mais de 70 mil espectadores, o espetáculo reestreia no Teatro Porto no dia 19 de setembro, sexta-feira, às 20h. As sessões seguem de sextas e sábados, às 20h, e domingos, às 17h, até 7 de dezembro.

O espetáculo tem texto de Emílio Boechat Marilia Toledo, vencedores do Prêmio Bibi Ferreira por este trabalho. Marilia também divide a direção da peça com Fernanda Chamma, enquanto a direção musical é assinada por Daniel Rocha. No palco, o camaleônico Ney Matogrosso — grande homenageado do musical — é interpretado por Renan Mattos (que venceu os prêmios Bibi Ferreira e DID 2022, além de ter sido indicado ao APCA) - que é acompanhado por mais 16 atores e banda ao vivo composta por 6 músicos.

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A ideia de montar o espetáculo, de acordo com a diretora e autora Marília Toledo, surgiu depois que ela soube que seus sócios Marcio Fraccaroli e Sandi Adamiu tinham adquirido os direitos para realizar um longa-metragem sobre a vida de Ney Matogrosso – que acaba de estrear nos cinemas. “Eu logo pedi para que eles também adquirissem os direitos para levar a história para o teatro. Tivemos um almoço com o Ney, quando pudemos compartilhar com ele nossa visão sobre esse musical”, revela.

“Ney é um artista único, com uma visão cênica impressionante. Ele cuida de todas as etapas de sua performance. Além da escolha de repertório e banda, pensa no figurino, na iluminação, na direção geral.  E, quando está em cena, transforma-se em diferentes personagens. Ele nunca estudou dança e, quando o assistimos, parece que nasceu sabendo dançar. Mas ele jamais se coreografa. É sempre um movimento livre”, admira-se. 

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Já para Renan Mattos é extremamente desafiador interpretar uma figura tão importante para a nossa cultura. “O Ney é um ser camaleônico, tem um lado íntimo reservado, mas ao mesmo tempo é catártico no palco e apresenta um leque de personas a cada música. Cada uma dessas personas tem algo de místico, de misterioso, de selvagem, um ser ‘híbrido’ como definido por muitos, indecifrável. Então eu não me sinto interpretando o Ney e sim pedindo licença e pegando emprestado tudo aquilo que ele transformou na música e na vida das pessoas, todos os caminhos que ele abriu para pessoas e artistas como eu e isso é muito significativo”.

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O musical chega para apresentar ao público essa figura tão importante para a nossa cultura, “algo obrigatório para qualquer brasileiro”, como considera Toledo. “A discografia de Ney Matogrosso passeia pelos compositores mais importantes do nosso país, o que reflete a nossa história. E sua história de vida é extremamente interessante. Ele sempre foi um homem absolutamente autêntico. Experimentou e ousou como nenhum outro artista, enfrentando os militares de peito aberto e nu, literalmente”.

A montagem

Ney Matogrosso – Homem com H explora momentos e canções marcantes na trajetória do cantor sem seguir uma ordem cronológica. A história começa em um show do Secos & Molhados, em plena ditadura militar, quando uma pessoa da plateia o xinga de “viado”. Essa cena se funde com momentos da infância e adolescência do artista. E, dessa forma, outros episódios vão se encadeando na cena.

Para contar essa história, Marilia Toledo e Emilio Boechat mergulharam nas três biografias já publicadas sobre Ney Matogrosso, além de matérias jornalísticas, vídeos e o próprio artista. “Com a ajuda do próprio Ney, tentamos ser fiéis aos fatos mais importantes de sua vida privada e profissional, mas com a liberdade lúdica que o teatro pede”, revela a diretora.

Em relação às canções do homenageado, o musical também não segue uma cronologia – exceto naqueles momentos em que a dramaturgia precisa ser mais fiel à realidade. As músicas vão sendo encaixadas no contexto de cada cena e as letras acabam estabelecendo um diálogo interessante com a vida de Ney Matogrosso.  

Quanto à encenação, as diretoras apostam em um ensemble potente, que irá apoiar o protagonista do começo ao fim – e praticamente sem sair de cena. As trocas de figurinos e até maquiagens, inclusive, são feitas na frente do público, brincando com as ideias de oculto e explícito o tempo todo. 

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Além da própria trajetória do homenageado, o musical discute um tema cada vez mais relevante para a realidade brasileira: a liberdade. “Principalmente, a liberdade de ser quem se é, a qualquer custo. Ney combateu a ditadura não com palavras, mas com sua atitude cênica, entrando maquiado e praticamente nu no palco e na televisão, na época de maior censura que o país já viveu. As ambiguidades que ele sempre trouxe para o público foram pauta na década de 70 e permanecem em pauta até os dias de hoje. Ele também sempre foi adepto do amor livre e deixou clara a sua bissexualidade desde o início”, destaca Toledo.

Outro aspecto que tem bastante importância na montagem são os icônicos e provocantes figurinos de Ney Matogrosso. A diretora conta que a figurinista Michelly X fez uma intensa pesquisa dos trajes originais usados pelo artista-camaleão para poder reproduzi-los com bastante fidelidade.

“Para a direção musical, demos total liberdade a Daniel Rocha na concepção musical e sonora. Ele tem uma inteligência profunda na arte de contar histórias por meio de seus arranjos e escolhas de instrumentos e vozes para cada momento da trama”. 

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Sinopse

A peça mostra momentos marcantes da vida e carreira de Ney Matogrosso, costurando episódios da infância, juventude e explosão artística. Sem seguir uma ordem cronológica, a narrativa mistura fatos reais, imagens poéticas, que dialogam com sua trajetória.

Ficha Técnica

Texto: Marilia Toledo e Emílio Boechat

Direção: Fernanda Chamma e Marilia Toledo

Coreografia: Fernanda Chamma

Direção Musical: Daniel Rocha

Cenografia: Carmem Guerra

Figurinos: Michelly X

Visagismo: Edgar Cardoso

Desenho de som: Eduardo Pinheiro

Desenho de luz: Fran Barros & Tulio Pezzoni

Preparação vocal: Andréia Vitfer

Realização: Paris Cultural

Patrocínio: Porto Seguro

Produção Geral: Paris Cultural

Elenco por ordem alfabética:

Renan Mattos - Ney

Bruno Boer - Ney Cover

Vinícius Loyola e Pedro Arrais - Cazuza, Tonho, Cláudio Tovar e Romildo

Giselle Lima - Beíta, Renate Beija-Flor e Sandra Pera

Hellen de Castro - Rita Lee, Sylvia Orthof, Gilda e Yara Neiva

Enrico Verta - Gerson Conrad, Eugênio, André Midani e Frejat

Abner Debret - Vicente Pereira e Vitor Martins

Matheus Paiva - João Ricardo, Nilton Travesso e Marco de Maria 

Dante Paccola - Ney Jovem, Mazzola e Paulnho Mendonça

Maria Clara Manesco - Luli, Lidoka e Fã

Tatiana Toyota - Elvira, Rosinha de Valença

Léo Rommano - Titinho, Moracy do Val, Luiz Fernando Guimarães e Arthur Moreira Lima

Ju Romano - Lena, Regina Chaves

Maurício Reducino – Ensemble

Valffred Souza - Ensemble

Vitor Vieira – Matogrosso e Guilherme Araújo

Oscar Fabião – Dódi e Grey

Banda

Teclado 1 e Regência - Rodrigo Bartsch 

Teclado 2 e sub de Regência - Renan Achar 

Bateria e percussão - Kiko Andrioli 

Trombone, Trompete, Flugel - Renato Farias 

Baixo Elétrico, acústico e violão - Eduardo Brasil 

Reed (Sax Tenor, Clarinete, Clarone, Flauta) - Tico Marcio

Serviço

NEY MATOGROSSO – HOMEM COM H

Temporada: 19 de setembro a 7 de dezembro de 2025 

Sessões: Sextas e sábados às 20h e domingos às 17h.

Duração do espetáculo: 3h (com 15 minutos de intervalo)

Ingressos 

Plateia R$ 250,00

Balcão e frisa R$ 200,00

Preço Popular*: 50,00  *Obs. O ingresso PREÇO POPULAR é válido para todos os clientes e segue o plano de democratização da Lei Rouanet e está sujeito à cota estabelecida por Lei para este valor. O comprovante para compras ao valor de meia entrada é obrigatório e deverá ser apresentado na entrada do espetáculo.

TEATRO PORTO 

Al. Barão de Piracicaba, 740 – Campos Elíseos – São Paulo.

Telefone (11) 3366.8700

Capacidade: 508 lugares.

Acessibilidade: 10 lugares para cadeirantes e 5 cadeiras para obesos.

Estacionamento no local: Gratuito para clientes do Teatro Porto.

O Teatro Porto oferece a seus clientes uma van gratuita partindo da Estação da Luz em direção ao prédio do teatro. O local de partida é na saída da estação, na Rua José Paulino/Praça da Luz. No trajeto de volta, a circulação é de até 30 minutos após o término da apresentação. E possui estacionamento gratuito para clientes do teatro.

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