Colunistas - Heródoto Barbeiro

Parece, mas não é! Escuta no Salão Oval

21 de Julho de 2025
Foto: Freepik
 

É inimaginável que possa ter uma escuta eletrônica no Salão Oval da Casa Branca. Há mais de uma entidade capaz de rastrear qualquer tentativa de grampo. São treinadas e podem também fazer escutas de inimigos políticos. Entre eles, o Partido Democrata, afinal o presidente é republicano. A oposição está destroçada e suas chances de chegar à presidência da República são mínimas. Quem contribuiu muito para isso foi a má gestão do último presidente democrata, considerado débil e incapaz de tirar os Estados Unidos de alguns buracos, como os conflitos internacionais. Há um marasmo na política externa e isso serviu de plataforma para a vitória do candidato do Partido Republicano. O perfil dele não é bom na mídia. É acusado de fazer falcatruas e qualquer tipo de desonestidade para chegar ao poder. Afinal, é a presidência da maior potência econômica e militar, de influência universal.

O cidadão médio americano está temeroso com as ameaças internacionais, como as da China, que cresce geopoliticamente e busca seu próprio caminho no comunismo. Há suspeitas de que as universidades estejam contaminadas por ideologia de esquerda e que precisam ser depuradas. A mídia acompanha o mandato presidencial com acurácia e as críticas pululam em jornais e cadeias nacionais de televisão. O candidato republicano promete desarmar os inimigos e reafirmar a hegemonia dos Estados Unidos no mundo. É o que o eleitorado quer, ainda que as pesquisas indiquem pequena margem de vantagem para o republicano. Na medida em que as eleições se aproximam, aumentam as críticas sobre o seu comportamento moral. O republicano é, no mínimo, considerado desonesto. Sua performance nos debates na televisão tiveram resultado medíocre e ninguém sabe exatamente o que vai dar.

A vitória do Partido Republicano, para surpresa dos analistas, se dá com a eleição e reeleição de Dick, ou melhor Richard Nixon. Ele contabiliza vitórias no desarmamento nuclear, estabilidade no Oriente Médio e aprofunda o fosso que separa o gigante comunista chinês do soviético. Para chegar ao fim do mandato precisa desconstruir as críticas do Partido Democrata, que ganham cada vez mais espaço na mídia. O escândalo se dá com a publicação pelo Washington Post do encontro de escutas clandestinas na sede dos democratas em Washington, no edifício Watergate. Nixon foge das investigações do Congresso como o vampiro de uma réstia de alho. A crise chega ao auge com a denúncia de que o próprio Nixon mandou instalar uma escuta no Salão Oval da Casa Branca. Convoca uma rede nacional de rádio e televisão quando se fala abertamente que ele vai ter o mandato cassado por quebra de decoro. Nos Estados Unidos, a lei é igual para todos. Muitos eleitores acham que ele é um criminoso. Sem saída, Nixon renuncia à presidência da República e vários de seus assessores vão para a cadeia. Assume o vice-presidente Gerald Ford que, depois de um mês na presidência, perdoa Nixon.

*Prof. Heródoto Barbeiro âncora do Jornal Nova Brasil, colunista do R7, apresentou o Roda Viva na TV Cultura, Jornal da CBN e Podcast NEH. Tem livros nas áreas de Jornalismo, História. Midia Training e Budismo. Grande prêmio Ayrton Senna, Líbero Badaró, Unesco, APCA, Comunique-se. Mestre em História pela USP e inscrito na OAB. Palestras e mídia training. Canal no Youtube “Por Dentro da Máquina”, www.herodoto.com.br

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