País recebe medicações com resultados mais amplos, específicos para cada paciente e com poucos efeitos colaterais
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Foto: Divulgação |
A enxaqueca é uma comorbidade mais comum do que se imagina. Caracterizada por crises de dor de cabeça intensa, além de pulsante e latejante, e que podem acometer unilateralmente ou bilateralmente essa região do corpo humano, tal distúrbio está presente na rotina de aproximadamente 40% da população em todo o planeta, conforme dados da Organização Mundial da Saúde.
Até o final da década passada, o tratamento contra a enxaqueca era bem mais difícil. Usava-se medicações, digamos assim, “emprestadas de outras doenças”. Era comum receitar ao paciente alguns antidepressivos, anticonvulsivantes e os betabloqueadores (aqueles que tratam os problemas de coração e pressão arterial). É fato que todos agem diminuindo as enxaquecas, porém, foram criados para sanar outras comorbidades.
Em 2019 entraram no mercado medicações denominadas anticorpos monoclonais, eventualmente chamados de biológicos. São medicações que agem principalmente numa proteína (peptídeo) denominada CGRP (Peptídeo Relacionado ao Gene da Calcitonina). “Esses remédios, os anti-CGRP, atualmente há dois deles no Brasil, que é o Fremanezumabe e o Galcanezumabe. São duas medicações injetáveis e aplicadas mensalmente, com um tempo de tratamento de doze meses. No caso do Fremanezumabe, pode ser trimestral. São medicações modernas, específicas para enxaqueca e com pouquíssimos efeitos colaterais, sem interações com outros medicamentos”, explica o neurologista Dr. Fabrício Borba, da clínica Sonne, de Campinas, interior de São Paulo.
Os Gepants e Ditanos, outras drogas empregadas no combate à enxaqueca, seguem disponíveis em outras partes do mundo. Entretanto, ainda não chegaram ao mercado brasileiro, mas devem desembarcar por aqui em breve. Isso tende a ser muito importante para aqueles pacientes que sofrem com dor de cabeça há anos e sem a oferta de tratamentos mais modernos. Além disso, há a toxina botulínica. Apesar de ser uma medicação antiga, nos últimos anos foi comprovada a sua eficácia no tratamento da enxaqueca crônica, aquela com duração acima de 15 dias, e que avança por mais de 3 meses. “É um protocolo específico denominado Preempt que, quando realizado por um neurologista treinado, tem ótimo efeito para esse tipo de comorbidade. Por isso é importante estar com um médico especializado em habilidades atualizadas no tratamento da enxaqueca, para que seja específico, eficaz e com poucos efeitos colaterais”, acrescenta o neurologista.
Tratamentos não farmacológicos
As medidas de hábitos de vida ou técnicas que não utilizam remédio são muito importantes no tratamento da enxaqueca. Embora o peso clínico não esteja 100% respaldados nesses métodos, são essas medidas que irão fazer com que o paciente tenha a remissão de longo prazo. Há casos em que é possível ficar por muitos anos sem o uso de medicações.
Os estudos científicos mostram que, os exercícios físicos realizados pelo menos 3 vezes por semana, durante 40 minutos por vez, diminuem bastante as intensidades de dores na cabeça. Embora muitas pessoas não estejam preparadas para as atividades físicas com mais de 30 minutos, é possível iniciar com pelo menos 10 minutos e ir aumentando a frequência aos poucos. “Vale lembrar que é preciso a liberação de um médico para que o exercício seja realizado de forma segura, principalmente no caso de idosos ou com outros problemas de saúde”, aponta o Dr. Fabrício Borba.
Outra abordagem não farmacológica eficaz é o ajuste alimentar, evitando quantidades maiores de produtos ultraprocessados, bebidas alcoólicas e alimentos com glutamato. Um paciente com controle eventualmente pode ingerir tais alimentos sem grandes riscos. Porém, sempre é bom evitar.
Tecnologias que vão além dos medicamentos
Hoje em dia é possível aliar tecnologias que irão auxiliar de forma adjunta ao tratamento da enxaqueca. Aplicativos de celular, por exemplo servem como diários de enxaquecas. Ao serem acionados todas as vezes em que o paciente tiver a dor e denominá-la com maior especificidade, isso ajudará ao médico a avaliar a real frequência da dor de cabeça, entender o melhor remédio e pautar como o paciente responde ao medicamento.
Existem ainda alguns mecanismos auxiliares que podem ser utilizados para prevenir e auxiliar durante as crises. Trata-se dos estimuladores externos que podem impulsionar o nervo vago. São fáceis de encontrar no mercado e servem principalmente aos casos que não responderam ao tratamento padrão. As tecnologias se tornam diversas nos dias de hoje, porém, dever ser utilizadas de maneira individualizada.
Medicações ao alcance da população
Quem sofre de enxaqueca deve saber que essas medicações existem e podem ser prescritas. Por isso que se faz necessária uma conversa do paciente com seu médico, até porque as diferenças entre elas com as medicações mais habituais tendem a reverter em certa hesitação por parte do profissional.
“São medicações aprovadas pela Anvisa e muito bem aceitas nas diretrizes internacionais de dores de cabeça, academia americana de neurologia, sociedade internacional de dores de cabeça. Todas elas, nas suas instruções, já incluem tais medicamentos como primeira escolha”, avalia o neurologista de Campinas.
Apesar de serem um pouco mais caros, o paciente pode estabelecer o quanto custa e avaliar a perda da qualidade de vida que a enxaqueca vem tirando de sua rotina. “É importante a pessoa ir ao médico, conhecer as opções de tratamento e entender que tais medicações atualizadas podem devolver seu bem-estar de forma mais eficaz e rápida”, finaliza o Dr. Fabrício Borba.
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