Colunistas - Heródoto Barbeiro

Parece, mas não é! Embate no Congresso

8 de Abril de 2025
Foto: DIEGO GRANDI/SHUTTERSTOCK

A oposição tenta bloquear a votação dos projetos do governo no Congresso Nacional. Ela acusa o governo de estar infiltrado de esquerdistas que querem implantar o socialismo no Brasil. Nada escapa a um duro debate no plenário, nem mesmo as relações internacionais do país ficam de fora. A esquerda rotula a política norte-americana para a América Latina de imperialista e por isso faz forte resistência contra a instalação de novas empresas estrangeiras no Brasil e o envio dos lucros obtidos aqui para as suas matrizes na Europa ou nos Estados Unidos. O tema reforma agrária é uma constante nos discursos e a oposição diz que o agronegócio é  responsável pela balança comercial favorável. Repudia com veemência movimentos agrários rurais que são turbinados com dinheiro externo, dizem os líderes da direita. A mídia está fortemente envolvida no debate político e fica clara sua narrativa. Ora à direita, ora à esquerda.

Os partidos de esquerda apoiam o governo e querem transformações sociais mais profundas, entre elas a reforma agrária. Com isso, grandes proprietários de terras que praticam o agronegócio rejeitam o que chamam de expropriação de propriedade privada e burla da Constituição do Brasil. Querem que as terras para fins de reforma agrária sejam pagas em dinheiro. Os governistas apoiam a tese da presidência de que a remuneração deve ser por meio de um papel conhecido como Títulos da Reforma Agrária. Estas duas posições antagônicas acirram os embates entre as bancadas partidárias no Congresso Nacional – e o embate chega a um ponto sem retorno. Afinal de que lado está o presidente da República? Dos latifundiários ou dos camponeses que almejam a posse de terra para plantar e melhorar a vida de suas famílias?

Manifestações públicas são marcadas pela esquerda e pela direita, principalmente no Rio  de Janeiro e em São Paulo. O presidente faz um comício e anuncia o começo da reforma agrária nas terras próximas às estradas federais. Isso repercute imediatamente no Congresso Nacional e as bancadas do agronegócio partem para o tudo ou nada. O clima político do Brasil é de animosidade e de radicalismo. A direita incentiva os militares a derrubarem o governo sob o argumento que o presidente está associado aos comunistas e é corrupto. As tropas saem dos quartéis e marcham de Minas Gerais para o Rio de Janeiro. O presidente João Goulart viaja para Brasília e de lá vai para Porto Alegre. Na madrugada de primeiro para dois de abril o Congresso Nacional se reúne e declara vaga a presidência da República sob o argumento de que Jango fugiu. O presidente do Congresso, Auro  de Moura Andrade, declara vaga a presidência da República e empossa o presidente da Câmara, o deputado Ranieri Mazzilli. A direita vence a esquerda e se apossa do governo. Ela se prepara para governar até a próxima eleição presidencial direta, agendada para 1965. Isso nunca ocorreu.

*Prof. Heródoto Barbeiro âncora do Jornal Nova Brasil, colunista do R7, apresentou o Roda Viva na TV Cultura, Jornal da CBN e Podcast NEH. Tem livros nas áreas de Jornalismo, História. Midia Training e Budismo. Grande prêmio Ayrton Senna, Líbero Badaró, Unesco, APCA, Comunique-se. Mestre em História pela USP e inscrito na OAB. Palestras e mídia training. Canal no Youtube “Por Dentro da Máquina”, www.herodoto.com.br

 

Heródoto Barbeiro – Professor e Jornalista

Palestras e Midia Training

www.herodoto.com.br

Comentários
Assista ao vídeo