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Lollapalooza e inclusão: como o festival está evoluindo a experiência para pessoas neurodivergentes?

25 de Março de 2025

Festival investe em acessibilidade com kits sensoriais, suporte especializado e novas tecnologias para incluir pessoas com deficiência 

Os festivais de música experimentam uma curva de crescimento exponencial no Brasil. Segundo levantamento da plataforma Mapa dos Festivais, houve um aumento de 18% no número de eventos no primeiro semestre de 2024, quando comparado ao mesmo período do ano anterior. 

O mercado de eventos no Brasil segue em ritmo acelerado e deve alcançar um volume de R$ 141,1 bilhões em 2025, segundo projeções da Abrape (Associação Brasileira de Promotores de Eventos). Esse crescimento representa um aumento de 8,4% em relação a 2024 e reforça o papel dos grandes festivais como alavancas para o setor.

Com o aumento destes eventos, bem como de grandes shows em estádios, é necessário que eles sejam acolhedores para todas as pessoas. Essa discussão tem sido cada vez mais presente nos últimos anos, trazendo mudanças efetivas para o mercado do entretenimento.

Com a chegada do Lollapalooza 2025, um dos maiores festivais de música do Brasil, que acontece de 28 a 30 de março, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, cresce a discussão sobre acessibilidade e inclusão para pessoas neurodivergentes em grandes eventos. 

Historicamente, muitos eventos esqueceram da necessidade de espaços sensoriais adaptados, comunicação acessível e suporte especializado para aqueles que enfrentam desafios em ambientes super estimulantes. Para pessoas autistas, por exemplo, a combinação de luzes intensas, sons altos e grandes multidões pode sobrecarregar a pessoa e dificultar viver a plena experiência do show.

No entanto, a crescente conscientização sobre a neurodiversidade e a inclusão de pessoas com deficiência na cultura têm impulsionado mudanças significativas. O Lollapalooza, seguindo o exemplo de festivais internacionais, tem investido em medidas de acessibilidade, como áreas de descanso sensorial, treinamentos para equipes de atendimento e implementação de tecnologias assistivas.

“A acessibilidade vai além das adaptações físicas. A disponibilização de informações claras e antecipadas sobre a programação, mapa do evento e pontos de apoio pode fazer toda a diferença. Outra iniciativa essencial é a presença de profissionais capacitados e espaços exclusivos que possam oferecer suporte durante todo o evento”, destaca a psicóloga e Vice Presidente Clínica da Genial Care, Thalita Possmoser.

A relação da música com pessoas autistas

A música desempenha um papel fundamental no desenvolvimento e bem-estar de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Estudos indicam que ela pode atuar como uma ferramenta para a comunicação, ajudando a expressar sentimentos, estimular a interação social e promover a expressão emocional.

No entanto, há uma carência de dados estatísticos sobre a participação de autistas em grandes eventos musicais. Iniciativas como o programa Soy Músico da Orquestra Filarmônica de Medellín, que integra jovens neurodivergentes em atividades musicais, demonstram o potencial transformador da música.

“Com medidas adequadas e maior conscientização, festivais de música podem ser espaços mais inclusivos, garantindo que todos aproveitem a experiência com conforto e segurança. O Lollapalooza e outros grandes eventos têm avançado na direção da acessibilidade, mas é fundamental que essa pauta continue sendo aprimorada para atender a todos os públicos de forma igualitária”, afirma Thalita.

Lolla inclusivo: quais serviços estarão disponíveis para autistas no festival?

O Lollapalooza Brasil 2025 reforça seu compromisso com a inclusão ao oferecer uma variedade de serviços de acessibilidade para pessoas com deficiência, incluindo aquelas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Essas iniciativas visam garantir uma experiência mais confortável e segura para todos os participantes.

Logo na entrada do festival, os visitantes encontrarão uma área exclusiva de atendimento para pessoas com deficiência, sendo oferecido suporte como  kit sensorial ou assistência para mobilidade. Neste espaço, é possível obter informações sobre os serviços disponíveis, como o empréstimo do kit sensorial e do cordão de girassol, além de realizar os cadastros necessários.

O kit sensorial e o cordão de girassol ajudam na identificação de deficiências não visíveis, como o TEA. O kit de autorregulação conta com abafadores de ruído, óculos escuros, cartilha de comunicação alternativa e objetos sensoriais.

Todos os pontos de atendimento ao público, restaurantes e lojas do festival possuem balcões rebaixados e rampas de acesso para facilitar a mobilidade de pessoas com deficiência. Além disso, o evento disponibiliza cadeiras de rodas para empréstimo, mas as pessoas que utilizam cadeira de rodas podem trazer as suas. Outro recurso disponível é o Kit Livre, um propulsor elétrico que pode ser acoplado à cadeira de rodas, facilitando a locomoção pelo festival.

Para aqueles que desejam uma vista panorâmica do evento, a tradicional roda-gigante do Lollapalooza conta com cabines acessíveis para cadeiras de rodas, garantindo que todos possam aproveitar essa experiência. 

“Essas iniciativas demonstram que é possível grandes eventos promoverem um ambiente inclusivo e acolhedor, garantindo que todos os participantes, independentemente de suas necessidades, possam desfrutar plenamente do festival”, finaliza a psicóloga e Vice Presidente Clínica da Genial Care. 

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